A REALIDADE SOBRE AS MORTES SÚBITAS EM ATLETAS sexta-feira, 29 novembro 2019 17:20

A REALIDADE SOBRE AS MORTES SÚBITAS EM ATLETAS

Jovens e bem preparados...

A noticia da morte do surfista brasileiro Leonardo Neves, devido a uma paragem cardíaca súbita sofrida durante uma competição de surf no passado Domingo, chocou não só os fãs do surfista, mas pessoas por todo o mundo.

O atleta de 40 anos parecia estar em boa forma física, tendo momentos antes feito um vídeo na sua página de instagram, não se prevendo esse fatídico desfecho. Nesse mesmo dia, no Brasil, um atleta de 42 anos faleceu devido a uma paragem cardíaca sofrida durante uma prova de triatlo tornando o dia ainda mais sombrio, o que levanta a questão sobre o que leva a que atletas sofram paragens cardíacas durante provas.

 

O RISCO DE PARAGEM CARDIACA EM ATLETAS:

Segundo o cardiologista Nabil Ghorayeb num artigo do site brasileiro Viva Bem, o risco de morte relacionado a enfarte ou angina em pessoas acima dos 35 ou 40 anos é muito alto. Para além disso, o facto de se competir dentro de água torna o risco de morte por paragem cardíaca súbita mais elevado uma vez que pode passar despercebido a quem esteja a ver de terra.

O site mostra ainda um estudo realizado entre 1985 e 2016, que contou com a participação de mais de nove milhões de triatletas, onde um total de 135 mortes súbitas, paragens cardíacas ressuscitadas e mortes relacionadas a trauma foram compiladas, sendo a idade média das vítimas de 46 anos e 85% do sexo masculino. O estudo mostra ainda que a maioria das mortes súbitas ocorreu durante o segmento de natação, e que a doença cardiovascular clinicamente silenciosa estava presente numa proporção inesperada de falecidos.

Mas não são apenas os atletas com idade igual ou superior a 40 anos que sofrem mortes súbitas.

 

EM TODOS OS DESPORTOS HÁ UM PERIGO DE PARAGEM CARDIACA:

Se recuarmos no tempo, até 2004, podemos recordar a inesperada morte do futebolista Miklos Fehér quando o atleta de 24 anos sofreu uma paragem cardíaca em campo durante um um jogo de futebol.

No site de informações médicas, Manual Msd, um artigo sobre morte por paragem cardíaca súbita em atletas, por Robert S. McKelvie, refere que, em média, um a três em cada 100.000 atletas jovens considerados saudáveis desenvolvem uma anormalidade do ritmo cardíaco de início súbito e morrem repentinamente durante a prática de exercícios. Alguns atletas apresentam sinais de alerta como desmaio ou falta de ar. Com frequência, no entanto, os atletas não reconhecem ou relatam esses sintomas, e o primeiro sinal é que a pessoa subitamente para de respirar e desmaia.

Dados estatísticos do Comité Olímpico Internacional compilados num período de 40 anos mostram também que 10% de mortes de atletas com idades entre os 15 e os 30 anos foram provocadas por enfarte do miocárdio, tendo a maioria das vítimas níveis elevados de colesterol.

 

CHECK UP ANUAL É QUASE OBRIGATÓRIO:

A ausência de sintomas pode levar à falsa ideia de que o atleta não precisa de acompanhamento médico regular, pelo que fazer exames médicos no mínimo uma vez por ano, no inicio da época desportiva, para além de ter uma alimentação saudável e de não se levar a níveis de esforço físico sem preparação é fundamental como medida de precaução.

 

CINCO COISAS A SABER SOBRE A MORTE SÚBITA: (Segundo artigo da revista visão) *Em Portugal há cerca 12.000 mortes por paragem cardíaca:

*Por Luís Baquero, Coordenador do Heart Center do Hospital Cruz Vermelha

O que é a morte súbita?
Caracteriza-se por morte súbita o aparecimento repentino e inesperado de uma paragem cardíaca, sem causa aparente e em indivíduos aparentemente saudáveis.

É possível sobreviver?
Apenas 3% dos doentes conseguem sobreviver a estes episódios. Anualmente o número de falecimentos por morte súbita ultrapassa as mortes por HIV, cancro de mama e cancro do pulmão juntos.

Quais os sinais de alerta?
A maioria dos doentes não apresenta sinais nem sintomas prévios a um episódio de morte súbita. Ainda assim, alguma percentagem de doentes pode apresentar dor no peito ou tonturas ou eventualmente uma dor de cabeça muito intensa, mas esta relação nem sempre é óbvia. Se ocorrerem alguns destes sintomas, há três passos simples e cruciais que devem ser feitos: identificar se o doente está consciente, se respira e se tem pulso; ligar imediatamente ao 112 a reportar o acontecido, solicitando ajuda urgente; iniciar durante os primeiros 4-5 min manobras de reanimação cardíaca básica até a chegada de reforço médico.

Quem corre maior risco?
Ninguém está livre de sofer um episódio de morte súbita. Mas, explica Luís Baquero, sabe-se que em doentes com idades inferiores a 35 anos, as doenças do próprio músculo cardíaco, como por exemplo as inflamações do músculo cardíaco (denominadas miocardites ou as alterações do ritmo cardíaco), arritmias malignas como a fibrilhação ventricular, ou outras alterações do ritmo potencialmente graves como o síndrome de Brugada, o síndrome de Qt longo podem ser responsáveis de um episódio de morte súbita.
Na população com idade superior a 35 anos a maior causa de morte súbita é a doença coronária. A doença coronária é a doença cardiovascular que mais morte súbita provoca sendo responsável por 80% dos casos de morte súbita em Portugal e no mundo.
Os grupos considerados de risco para doença cardiovascular, entenda-se os doentes com obesidade, dislipidemia, hipertensão arterial, sedentarismo, história familiar, diabetes e hábitos tabágicos, vêm aumentada a possibilidade de ocorrência de um ataque cardíaco súbito.

Como avaliar o risco?
A prevenção da morte súbita passa pela realização de um rastreio cardiovascular adequado e personalizado para cada indivíduo, onde se deve confirmar a presença, ou não, da doença coronária e o grau da mesma, deve ser analisado o ritmo cardíaco em repouso e em atividade normal diária e o comportamento do coração em repouso e em atividade.

“É relevante também falar, como forma de prevenção, da prática de um estilo de vida saudável: não fumar, alimentação equilibrada, exercício físico moderado e regular”, sublinha o especialista.

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