Terão realmente os surfistas uma consciência ambiental e de preservação?
Um artigo que foca uma questão importante…
Um artigo interessante publicado pelo site Surfline levanta muitas questões e foca uma questão primordial: Terão realmente os surfistas uma consciência ambiental e de preservação?
A peça pega no exemplo da onda descoberta por Natxo Gonzalez, há mais de 4 anos, através de uma pesquisa no Google Maps. Durante muito tempo o charger basco esperou pelo swell e a oportunidade certa. Até que um dia chegou a hora!
Natxo meteu-se num avião, rumou até ao local, acabou por fazer uns vídeos (em anexo) e partilhou esse marcante momento de desbravamento pessoal, sem nunca revelar a localização do spot no planeta terrestre.
Ora, por vezes, pequenos pormenores nas imagens observadas e alguma pesquisa cirúrgica bastam para dar com a localização de uma nova onda. Foi o que acabou por se verificar.
Hoje em dia o spot goza de mais crowd e, embora a onda ainda guarde parte da sua vibe, seja muito extensa e na verdade haja ondas e várias secções para todos, a verdade é que a parafernália a que se assiste em terra é algo absolutamente novo e assustador.
Há câmaras a apontar para todos os ângulos e drones aos pares são colocados no ar, estacionamentos na praia que dantes não existiam… e fala-se até num empreendimento hoteleiro (de investimento estrangeiro) com mais de 4 mil camas para breve.
Yep, o spot deixou de ser segredo e vai seguramente conquistar mais crowd no futuro. Onde fica a preservação do lugar? Onde fica a responsabilidade enquanto surfistas?
Isto está diretamente relacionado com a atitude dos surfistas e a sua consciência ambiental. Por um lado, os surfistas protestam e irritam-se quando veem as ondas ameaçadas… mas ninguém para para pensar que todos os dias gastamos milhares de litros de combustível na sua procura (poluindo o ambiente).
Como viajantes que somos por essência, cada vez que decidimos rumar a um novo local, ir a um outro país, quiçá menos desenvolvido, estamos também a contribuir para a sua mudança - que nem sempre é positiva e que, com o tempo, pode até afetar o modo de vida dos habitantes locais.
Há, portanto, uma linha muito ténue entre o que defendemos e o que acabamos por fazer, nem que seja de forma inconsciente. Por um lado queremos proteger, mas, por outro, são os próprios surfistas quem acabam por divulgar e dar azo ao desenvolvimento, fazendo com que haja cada vez menos paraísos de surf neste mundo.
É por tudo isto e muito mais que a questão tem de ser feita: Onde fica a consciência ambiental dos surfistas?