Devido à localização remota e abundância de gelo, mapear as características geológicas da Antártida pode ser uma tarefa complicada, mas o satélite “Gravity Field and Steady State Ocean Circulation Explorer” (GOCE) conseguiu ver o que outros satélites não conseguiram – mediu com precisão a força da gravidade da Terra para mapear o terreno oculto.

Na verdade este satélite circulou pelo nosso planeta durante mais de quatro anos, desde março de 2009 a novembro de 2013. Durante este tempo, ficou excecionalmente próximo da Terra, a uma altitude de 225 km com vista a maximizar a precisão das medições efetuadas.

De acordo com a investigação, publicada a 5 de novembro na Scientific Reports, o satélite ficou inativo depois de ficar sem combustível (em 2013), mas ainda hoje os dados recolhidos estão a ser estudados. Os investigadores dizem que os dados fornecem uma nova visão sobre como a Antártida foi formada e sobre a forma como as placas tectónicas funcionam.

Ao combinar as leituras do satélite com dados sismológicos, os cientistas conseguiram criar mapas em 3D da litosfera da Terra, que inclui cadeias montanhosas, costas oceânicas e zonas rochosas – os restos de antigos continentes perdidos.

A recolha destes dados tem uma utilidade que vai para além do mapeamento dos restos dos antigos continentes. As conclusões podem agora ser usadas, por exemplo, para descobrir como as camadas de gelo localizadas na superfície reagem às temperaturas mais elevadas.

Prever como o degelo se vai processar na Antártida, o continente mais incompreendido na Terra que é carregado de variáveis, é um verdadeiro desafio no futuro. No entanto, este novos dados poderão dar uma ajuda neste campo.