6 coisas que aprendemos com a conversa entre Florence e Kelly Slater
Reflexões sobre o passado e presente do surf durante as gravações do filme “Proximity” de Taylor Steele.
A conversa aconteceu algures no Pacífico Sul. Kelly Slater e John John Florence encontravam-se em viagem enquanto personagens de "Proximity", o 25º filme de Tayler Steele. O argumento por trás da película passou por levar a viajar para destinos diversos um número de atletas internacionais que, de algum modo, marcaram o surf através do estilo e performance. Kelly Slater e John John Florence assentaram que nem uma luva entre as figuras que redefiniram a abordagem às competições e que sem dúvida alavancaram a progressão do desporto, pelo que acabaram por formar um dos pares que partiu à aventura.
Foi num desses dias de filmagens que ambos se sentaram à mesa a conversar sobre as suas ambições e o progresso do surf, o que nos permitiu olhar para dentro da suas cabeças e descortinar a sua forma de estar no mundo do surf.
A revista Surfer publicou o exclusivo na sua edição em papel do mês de Junho e entretanto a mesma surgiu há pouco tempo no site oficial de publicação. A Surftotal reuniu meia dúzia de pérolas do argumentário que espelham um outro lado de Kelly Slater e John John Florence.
FLORENCE DE OLHO NOS TROFÉUS
"Ainda não cheguei ao ponto de me sentir cansado da monotonia de viajar e ter de cumprir o calendário. Pelo contrário, sinto-me bastante entusiasmado. Mas apercebo-me agora que há responsabilidades acrescidas que vêm com a conquista do título mundial. Tive um episódio estranho depois de conquistar o tour em que senti que devia parar por uns tempos, tirar umas férias, mas ainda estava a competir no Triple Crown. Foi o primeiro ano em que realmente não fiz mais nada a não ser competir. Não fiz nenhuma freesurf surftrip ou filme. Mas também apreciei isso. Deu-me uma rotina."
SE PARA KELLY SLATER O SURF COMPETITIVO ESTÁ ONDE DEVERIA ESTAR...
"Com o modo como o pessoal está a surfar agora e as manobras que estão a ser executadas, o surf está onde há 20 anos imaginei que pudesse estar. Já quase atingiu o nível do skateboarding em que não podemos cometer qualquer erro num heat."
...PARA FLORENCE É A FORÇA DE ATRITO NA PROGRESSÃO
"Eu acho que a competição está a atrasar a progressão do surf porque não tens a liberdade para caíres e cometeres erros. E não tens tempo entre eventos para aprenderes algo novo. Podes ter sorte e aterrar [uma manobra nova] uma vez, mas para poderes voltar a repetir outra vez, tens mesmo de praticar. Nós apenas não temos esse tempo. Por isso é que acho que o surf competitivo está emperrado."
PARA KELLY SLATER, A IDADE É SÓ UM NÚMERO
"A ideia de que podes ser melhor nunca desaparece. Há 25 anos que ando no surf profissional e penso que o meu surf está melhor agora do que quando conquistei o primeiro título mundial. O surf evoluiu. As pranchas evoluíram. Aliás, estou mais forte agora e tenho maior controlo sobre a técnica. Mas também tenho mais lesões, é super frustrante, porque há dias em que não quero surfar por causa das dores. Mas ainda sinto, com esta idade, que o meu melhor surf ainda está por surgir."
SÊ ÚNICO, ACONSELHA KELLY SLATER
"Cresci a idolatrar o Tom Curren. Eu queria surfar como ele. Queria ter o jogo de braços dele. Eu fiz daqueles head snaps e coisas parecidas. Depois, a certa ponto, apercebi-me que não sou o Tom Curren. Eu tenho uma abordagem diferente. Penso diferente. E se estás a tentar ser outra pessoa, então não estás a oferecer ao mundo aquilo que tu tens."
FOCA-TE... PARA LÁ DOS HOLOFOTES
"Nas competições, sentes-te prisioneiro [da pressão de ser um trabalho e de não ser divertido]. Mas já tive momentos supra-espirituais em competição, o que é estranho porque há imenso público e câmaras e dinheiro. Mas se conseguires pular essa cerca, se conseguires experimentar o feeling daqui, então encontrarás algo mais."