O Surf há 25 anos atrás
Vídeo fez-nos recuar no tempo…
Graças a um clipe resgatado da sempre prolífera internet (em rodapé), que nos mostra imagens de surfistas portugueses a competirem em eventos nacionais e europeus entre 1993 e 1994, demos por nós, inevitavelmente, a comparar o nível de surf dos anos 90 para o nível de surf que se produz atualmente.
Na altura, como se pode comprovar, o surf era preenchido em grande parte de manobras de rail e de transição, entre secções, mas algumas rotações e até movimentos aéreos já faziam da equação. É lógico que 25 anos separam estas imagens do surf de hoje em dia, sendo, por isso, de frisar que a nível de material a coisa também evoluiu substancialmente - os fatos são agora mais quentes e flexíveis; as pranchas mais leves, resistentes e com shapes mais apurados.
O top nacional da altura era constituído por Bruno Charneca “Bubas”, que foi o nosso primeiro campeão nacional de surf (1989), Hugo Zagalo, João Alexandre “Dapin”, Tiago Oliveira, Miguel Diniz “Frey Tuck”, Jorge Leote, José Gregório, Gonçalo Bonneville, Jó Bento, entre muitos outros. Também por Rodrigo Herédia e João Antunes que venceram, precisamente, os títulos nacionais nos anos de 93 e 94.
Foram estes nomes que, de certa forma, ajudaram a desbravar o caminho para uma nova geração do surf português que, graças à instalação do circuito nacional de surf esperanças, em 1993, impulsionou o futuro da modalidade e deu azo a que jovens talentos como Alexandre Ferreira, André Pedroso, David Luis, David Raimundo, Francisco Rodrigues, Nuno Telmo, Pedro Monteiro, Rúben Gonzalez e Tiago Pires começassem a explanar o seu surf e a brilhar.
Se tivéssemos mesmo que comparar estes dois períodos distintos da história do surf, talvez a principal diferença resida mesmo nos surfistas. Hoje eles são mais tecnicamente preenchidos, consistentes e focados nos seus objetivos. Isso leva, obviamente, a níveis de performance acima da média e a uma evolução que se verifica (praticamente) de dia para dia.
A principal diferença do surf nos dias que correm tem a ver com a velocidade apresentada e com a exploração do espaço aéreo. Hoje em dia o surf é definitivamente mais veloz, preenchido com mais manobras aéreas e possui algo muito importante - está vestido/rodeado de imprevisibilidade.
Aquele air reverse numa secção difícil e impensável da onda, o chutar o tail para fora da onda após um ataque vertical ao lip, o carve poderoso e bem desenhado com tamanha pressão e amplitude que chega a levar as mãos à cabeça. A verdade é que os surfistas de hoje exploram mais todos os cantos da onda e surfam mais no limite.
No entanto, não vamos rotular nem dizer besteiras. Os surfistas dos anos 90 não são piores ou melhores do que os de agora. Tratam-se de épocas bem diferentes separadas por mais de duas décadas. Todos eles deram (estão a dar) o seu valioso contributo ao Surf.
Da nossa parte, em nome de todos os surfistas, só nos resta agradecer toda a paixão.