UMA ABORDAGEM CIENTÍFICA AO SURF ATRAVÉS DA INVESTIGAÇÃO BIOMECÂNICA
Aconteceu no Laboratório de Biomecânica da Universidade do Porto.
Uma equipa liderada por Márcio Borgonovo, no Laboratório de Biomecânica da Universidade do Porto, desenvolveu um projeto que visa "aprimorar e aplicar novas tecnologias ao surf". E para tal foram realizados testes dos mais diferentes âmbitos, em surfistas de todos os níveis, a fim de aferir diferentes tipos de resposta perante diversos desafios. Com estes dados é possível uma abordagem mais científica ao ensino e prática do surf. Edgar Pereira foi um dos nomes envolvidos neste projeto e ajudou-nos a perceber como tudo funcionou.
Este projeto, como se proporcionou? E qual a tua ligação com o mesmo?
Márcio Borgonovo, é o mentor deste projecto e quem desenvolve toda a dinâmica no âmbito do seu doutoramento onde pretende aprimorar e aplicar novas tecnologias para o surf. Seja nas avaliações de performance como também no desenvolvimento de dispositivos de medição. É um projecto que tem tido grande aceitação tanto no meio científico e académico como entre praticantes e entidades relacionadas. Escolas, equipas, atletas, etc. A ligação com este projecto estabeleceu-se a partir dos primeiros contatos de divulgação do projeto através dos quais nos permitiram desenvolver uma relação de parceria. Essa parceria consistia na partilha e recolha de potenciais sujeitos a envolver na amostra para investigação científica (eu, enquanto representante de uma escola de surf e grupo de interessados), onde o projeto participa divulgando as informações da avaliação de performance, técnica, e eventuais questões elaboradas por toda a equipa técnica. A minha colaboração neste projecto passou também, e enquanto "de"formação profissional, pelo registo vídeo, edição e partilha na comunidade.
Tipo de testes realizados, podes descrever?
Era importante recolher dados junto de uma comunidade surfista heterogénea, ou seja, desde o surfista de fim de semana, o formador, o surfista mais assíduo e o surfista de carácter mais competitivo. Na qualidade de formador, junto-me à equipa do Márcio, e com alguns formandos e formadores/professores da escola, iniciamos a “bateria” de exames.
Numa primeira fase, há cerca de um ano, os exames efetuados fora de água, passaram por uma avaliação de composição corporal, diagnóstico de obesidade (sim, os obesos também surfam!), relação músculo/gordura e respectivas impedâncias. Seguiram-se testes cinéticos, com gravação e visualização tridimensional, que nos permitiram avaliar o movimento de standup, a posição corporal e respectivas forças exercidas na prancha - simulada com sensores, e balanças -, e respectivos tempos de reação/sincronismo. Os valores obtidos permitiram uma melhor e complementar abordagem à questão do ensino/explicação aos formandos/alunos dos movimentos a executar, nomeadamente o standup.
Na segunda bateria de exames, realizados no final de setembro de 2014, a temática incidiu sobre a analise de remada de potência no surf - velocidade e força. Testes bastante mais exaustivos permitiram analisar valores tais como:
- Velocidade e aceleração da remada em pré e pós esforço
- Forças exercidas em pré e pós fadiga, bem como média geral
- Teste com limite de tempo, em frequência máxima
- frequência cardíaca e respiratória
- Analise do volume de oxigénio durante o protocolo de fadiga
- Analise da progressão do lactato durante o protocolo
Todos as referências de normalidade facultadas, estão de acordo com a Organização Mundial de Saúde, tendo sido todos os exames realizados no Laboratório de Biomecânica do Porto. Um agradecimento ao Márcio Borgonovo e a toda a equipa envolvida, que sempre se mostraram prestáveis durante e pós os exames, explicando a parte mais técnica, e que connosco partilharam os resultados obtidos em prol da comunidade surfista.