O SURF INTELIGENTE E CAPITALIZADOR DE FREDERICO MORAIS
Kikas tem cada vez mais sido capaz de rentabilizar ao máximo o seu surf, com especial destaque para o Reef Hawaiian Pro.
Quando o tempo de uma bateria é limitado e disputado com mais um,dois ou três adversários, a escolha e o aproveitamento máximo das ondas tornam-se mais essenciais do que o número de ondas. É um facto que quanto maior o número de ondas, maior a possibilidade de obter uma pontuação elevada,(sabendo que nas provas WQS e WCT, em circunstâncias normais, apenas contarem para o resultado final de cada eliminatória ou heat, o somatório das duas melhores ondas), mas ao mesmo tempo, escolhas erradas podem ser fulcrais. Conciliando decisões infelizes com dispêndio desnecessário de energia no espaço de apenas alguns minutos, é fácil perceber a razão pela qual Frederico Morais se tem tornado um surfista eficiente e estratégico.
Analisando apenas o Reef Hawaiian Pro, última prova em que participou e a partir da qual conseguiu uma subida considerável no ranking (35º), fica bem patente que Frederico é dos surfistas que entra em menos ondas, mas escolhe-as bem e espreme-as ao máximo.
Na verdade, o primeiro round foi alto atípico para o português, pois não só teve 5 ondas quando a sua média é de 4 ondas por bateria, como também ficou com uma pontuação por onda aquém do que é normal. O vencedor desse grupo foi Koa Smith, com 16.83 pontos, mais 1.5 do que Frederico. Koa, no entanto, apenas surfou 3 ondas, e já o terceiro classificado Kaimana Jaquias também foi a 5 ondas, mas com menos eficácia do que Morais.
No segundo Round, Frederico ficou também em segundo lugar na sua bateria mas o seu aproveitamento foi bastante mais notório. Tal como o vencedor Patrick Gudauskas com mais 1.78 pontos, surfou quatro ondas, tantas como o último classificado e menos duas do que o terceiro, descartando uma onda de 5.90, pontuação superior a uma das melhores ondas de Hizunome Bettero, por si vencido.
Já no terceiro round do Reef Hawaiian Pro, Frederico venceu com mais uma vez apenas 4 ondas, menos duas do que o segundo lugar de Conner Coffin e o terceiro de Alejo Muniz. Quatro ondas foram também utilizadas pelo quarto lugar de Miguel Pupo mas com um aproveitamento vastamente inferior, pois a diferença pontual entre ambos foi de quase dois pontos, numa bateria bastante disputada e com muitas ondas.
Se no quarto round Frederico ficou novamente em segundo lugar, foi ainda assim o surfista que entrou em menos ondas (com a excepção do último Keanu Asing), mas nem por isso deixou mais uma vez de obter o rendimento que necessitava. O vencedor Torrey Meister surfou por sete vezes para conseguir uma diferença pontual de menos de 3 pontos, o que revela mais uma vez o bom senso de Kikas quando em provas.
Nos quartos de final a média de Frederico de quatro ondas por bateria manteve-se, mas aqui o terceiro classificado (com uma diferença de 0.23) necessitou de apenas duas ondas para fazer quase tanto como o atleta português, que não obstante descartou um 6.17. O vencedor Adam Melling precisou de cinco ondas para se destacar da concorrência, mas apenas com uma diferença de pouco mais de dois pontos.
Finalmente, na semi-final Frederico surfou o mesmo número de ondas do vencedor Adam Melling e do segundo lugar de Jeremy Flores, o que equivale a dizer que manteve a média e superou a pontuação do último classificado da bateria por 0,03 mas com menos duas ondas.
Além da evolução no surf de Frederico Morais, a inteligência estratégica e capacidade de aproveitamento de oportunidades que revelou não terão sido estranhas à subida acentuada no ranking, e a continuar assim, certamente que poderemos esperar mais e melhor muito em breve.