O SURF E AS MARCAS QUE O REPRESENTAM
"Apesar de tudo conseguimos manter o nível de vendas, mas sem dúvida que o market share é maior do que em 2008". José Farinha, General Manager da Rip Curl Portugal.
A Surftotal esteve à conversa com as principais marcas patrocinadoras dos eventos de surf em Portugal, que nos últimos anos têm apostado na modalidade em todas as vertentes
Outubro é o mês do surf em Portugal e, consequentemente, o mundo tem os olhos postos neste canto da Europa. Começou com a etapa feminina Cascais Women’s Pro e só vai terminar com o mundial de juniores na Ericeira, o Allianz ASP World Junior. Pelo caminho, está a etapa prime do circuito mundial de qualificação, o Cascais Billabong Pro, e a prova do circuito mundial de surf, o Moche Rip Curl Pro Portugal. Mas não nos esqueçamos que setembro serviu para aquecer (e bem) os motores, com a prova prime SATA Azores Pro presented by Sumol, no local que o nome indica.
A aposta na modalidade tem sido grande e os próprios patrocinadores não escondem o investimento. “De certa forma estamos a investir no desporto, para que este ganhe os seus próprios alicerces para se conseguir desenvolver da melhor forma possível e claro que associado a isto vem a marca. É importante para nós estarmos associados ao evento como uma das marcas de topo que consegue patrocinar e ajudar a trazer este tipo de eventos a Portugal”, confessou à Surftotal Rodrigo Pimentão, diretor de marketing da Billabong em Portugal.
“Em 2009 tivemos uma oportunidade única. A prova foi um sucesso e mantivemos”
“Há 25 anos que organizamos [marca Rip Curl] campeonatos e desde 2009 tivemos uma oportunidade única com o Search. Fez tanto sucesso que quisemos manter a prova. Os campeonatos estão no nosso ADN”, explicou-nos José Farinha, General Manager da Rip Curl em Portugal.
E se até então a crise económica e financeira era um entrave, neste momento, os responsáveis pelas marcas de surf acreditam que o pior já passou. “Acho que todos sentimos um bocado o impacto da crise. Mas penso que esta veio de certa forma ajudar a equilibrar as coisas. Não digo que tenha sido bom, como é óbvio todas as crises são más, mas de certa forma temos de olhar para o lado bom e penso que o melhor foi ter havido uma reestruturação. O que sinto neste momento é que houve um impacto, não muito grande, mas houve um impacto para todas as marcas e para todo o comércio associado ao surf. Não tanto no turismo, porque foi uma das melhores fases do turismo para Portugal. Desde o ano passado que estamos a melhorar e isso também se está a reflectir nas vendas”, afirmou Rodrigo Pimentão. Uma opinião partilhada pelo responsável da Rip Curl. “Apesar de tudo conseguimos manter o nível de vendas, mas sem dúvida que o market share é maior do que em 2008.”
Embora não tenha noção do que isso significa em números, pois há muito em jogo a ser avaliado, Rodrigo acredita que o mais importante é a contribuição das marcas na modalidade e a visibilidade que daí advém. “Receitas diretas nunca temos noção. Criamos um evento em que acreditamos que a marca seja beneficiada, mas não há aquela compra direta nem investimento direto que consigamos medir. Não há nenhum indicador que nos diga que naqueles dias as pessoas foram às lojas e compraram a nossa marca. Dá sim para medir a nível indicativo e como foi o retorno a nível de saídas. Acreditamos que, através destas iniciativas que a Billabong está envolvida, a marca cresça a curto, médio e longo prazo.”
Mas as marcas de surf não são as únicas a apostar no mercado
Prova disso é o reforço e liderança da Moche como patrocinador principal do WCT, além de assumir as rédeas da Liga Moche. “A marca Moche associou-se a outra marca que o grupo PT já tinha ligado ao surf, que era a TMN e já nasceu com o propósito de ser quase como uma marca de surf. O ADN, imagem, logotipo é nesse sentido. E foi desde o ponto de partida, em 2012, que a marca foi criada. Foi precisamente para se associar aos desportos radicais, nomeadamente ao surf”, referiu Isabel Corte Real, diretora de eventos da Moche, frisando que o balanço dos últimos anos tem sido muito positivo, bem como o retorno económico.
“Tem a ver com associações de marca, ou seja, de querermos que esteja próxima das pessoas e daquilo que é importante para as mesmas. Como posicionamento, a Moche era um tarifário e sentimos a necessidade de evoluir para uma marca e obviamente se a marca precisa estar posicionada, precisa também estar integrada para as pessoas a perceberam e a receberem. Esse tem sido o nosso trabalho, a vários níveis, na música, em eventos universitários, mas essencialmente no surf, pois é a prioridade”, respondeu quando questionada sobre a razão que leva uma empresa de telecomunicações, líder de mercado, a marcar presença assídua na especialidade.
“Estamos a crescer quase como se estivéssemos a passar heats”
Por seu turno, a Allianz também se juntou à festa. Desde o ano passado, que a empresa de seguros invadiu as praias portuguesas. “O que é que faz uma marca de seguros tão tradicional e pesada no surf? É exactamente para tentarmos mudar um pouco essa imagem e trazer um pouco mais de jovialidade e dinamismo. Achámos que esta era a forma mais rápida de fazer isso. Além disso, acreditamos que é um desporto cada vez mais português, ou seja, é cada vez mais importante para Portugal lançar-se neste tipo de actividades ligadas ao mar. Embora sejamos uma companhia de seguros alemã, somos portugueses”, sublinhou José Francisco Duarte Neves, diretor market management da Allianz.
Perante isto, claro que a ideia é continuar a apostar, principalmente agora que assumiram a responsabilidade de um campeonato da ASP. “Começamos de uma forma um pouco tímida, junto da liga Moche, mas já no ano passado estivemos no prime e no WCT. Estamos a crescer quase como se estivéssemos a passar heats e agora estamos aqui com um pouco mais de presença e na Ericeira na prova do mundial juniores vamos ter o naming. Acho que é um processo crescente e está a correr bem”, concluiu o responsável.
Beatriz Silva