João Capucho dá-nos a sua visão sobre o futuro da Federação Portuguesa de Surf
Também a sua perspectiva pessoal do que foi feito pela direcção anterior...
Com as eleições para a nova direção da Federação Portuguesa de Surf marcadas para o primeiro trimestre de 2025, a comunidade do surf nacional está a discutir quem será a melhor pessoa para assumir esta posição de liderança. A Surftotal decidiu dar voz aos seus leitores, lançando um survey para descobrir quem, na opinião do público, deveria guiar os destinos do surf em Portugal nos próximos anos.
A resposta foi clara: Tiago Pires, uma das figuras mais icónicas e respeitadas do surf nacional, destacou-se como o favorito. No entanto, outros nomes de peso também foram apontados, refletindo a diversidade de opiniões e visões dentro da comunidade.
Para compreender melhor o que os leitores valorizam nesta escolha e quais são as prioridades para o futuro da Federação, questionámos Tiago Pires e as restantes personalidades nomeadas pelos leitores sobre dois pontos fundamentais:
como se sentiram pela preferência do público nas respectivas nomeações assim como sobre esta nova direção da FPS vindoura e o que poderá fazer pelo surf nacional e quais consideram ser os principais desafios e objetivos para esta nova direção.
Vamos publicar todas as opiniões uma a uma pois é um assunto que merece toda a nossa atenção e destaque, no final faremos um artigo, onde estarão reunidas todas as ideias e sugestões de todos os nomeados, que podem ajudar moldar o futuro do surf em Portugal.
João Capucho, figura conhecida no panorama do surf nacional, é uma voz ativa na análise e no debate sobre o desenvolvimento do desporto em Portugal. Com um conhecimento profundo das dinâmicas que envolvem a Federação Portuguesa de Surf (FPS) e as suas ações nos últimos anos, Capucho apresenta uma visão crítica e construtiva sobre o que foi feito e o que poderá ser alcançado no próximo mandato com a nova direcção.
Nesta contribuição, Capucho reflete sobre os avanços promovidos pela FPS nos dois mandatos anteriores, apontando as principais conquistas e desafios estruturais que permanecem por resolver. Além disso, partilha as suas ideias para o futuro, destacando as prioridades que considera fundamentais para continuar a impulsionar o surf e o parasurf em Portugal.
João Capucho responde:
Surftotal - Como te sentes ao ser nomeado pelos leitores da Surftotal para uma possível liderança da Direcção da FPS?
Obviamente que fico reconhecido e grato por ser uma dessas personalidades. É sinal que, no final do dia, o trabalho de quase uma década na ANS e dois mandatos na FPS (de que também fui sócio fundador com 18 anos) são reconhecidos.
"Atualmente, não existe nenhum incentivo para alguém ser dirigente de um clube,
e temos a legislação sobre o estatuto do dirigente parada ou morta
por total inaptidão de todos, do parlamento às federações..."
Sobre a próxima Direcção que será eleita este 1º trimestre de 2025?
Nos dois últimos mandatos, que agora terminam, foram feitas quatro importantes reformas:
- Uma total reorganização das provas de formação, com a regionalização dos circuitos e mais competições de proximidade;
- O advento da 2.ª divisão nacional para qualificação para a Liga, bem como uma importante alteração regulamentar para permitir, de forma justa e equilibrada, a participação de não-comunitários na Liga Meo;
- A consolidação do projeto das seleções nacionais, com duas presenças consecutivas nos Jogos Olímpicos, vários títulos europeus e mundiais, tanto no surfing como no parasurfing; e
- Tudo isto alcançado com alguma estabilidade e disciplina financeira.
A minha visão pessoal para os desafios das próximas direções é simples: seria desejável ter uma boa capacidade de aglutinação e de aproveitar a força centrífuga da explosão do surf "recreativo" pós-Covid para, com vários parceiros, aumentar o número de federados, principalmente na base (miúdos e miúdas a partir dos 6 anos), e, com estes, trabalharmos o futuro das seleções.
Mais: como as federações desportivas emanam do movimento associativo, é importante garantir a sustentabilidade e atratividade dos clubes, dando-lhes condições para tal (instalações junto às praias) e estatuto. Atualmente, não existe nenhum incentivo para alguém ser dirigente de um clube, e temos a legislação sobre o estatuto do dirigente parada ou morta por total inaptidão de todos, do parlamento às federações.
Tomando como exemplo o que é feito no ténis entre a federação, a ITF e a ATP/WTA, seria importante trabalhar em parceria com a federação europeia e com a WSL para aumentar o número de provas do WQS, que, nos últimos 8 anos, na Europa, caíram para menos de metade.