As mulheres que têm mostrado o seu poder no mundo do surf de ondas grandes
Uma força a ser reconhecida...
O surf feminino viu muitos desafios ao longo da sua história.
Durante anos as surfistas encontraram, dentro e fora dos lineups, desafios e hostilidade por parte dos homens que tinham a crença inabalável de que as mulheres não tinham o direito de estar na água nem tinham o poder ou a força para lidar com a natureza imprevisível do oceano.
No entanto, não só as mulheres mostraram que conseguem surfar tão bem ou melhor que muitos homens, como provaram que são uma força a ser reconhecida no mundo do surf de ondas grandes.
Hoje em dia a participação de atletas femininas em competições de ondas grandes é cada vez maior o que se tem traduzido em novos eventos onde podemos celebrar a magnitude das big riders femininas.
São várias as surfistas que se têm destacado num mundo que antes era dominado pelos homens. Estas são algumas das destemidas mulheres que têm quebrado barreiras e levado o surf feminino a novos patamares.
Keala Kennelly
Foto: WSL
Keala Kennelly foi uma das primeiras mulheres a surfar as mais perigosas ondas do mundo.
A surfista havaiana competiu ao mais alto nível durante uma década, acabando por se afastar em 2007 para explorar as suas paixões por atuação e música, tendo inclusive tido um papel recorrente como surfista na série John from Cincinnati nesse ano.
Embora nunca tenha vencido um título mundial, a surfista alcançou alguns feitos importantes na sua carreira. Keala foi campeã da Triple Crown em 2003, ficou em segundo lugar na corrida ao título de campeã mundial também em 2003, venceu a primeira competição feminina de ondas grandes (Nelscott Big Wave Classic em 2010), abrindo as portas para mais competições de ondas grandes femininas no futuro, entre muitos outros feitos.
Em 2011, Kennelly perseguiu um dos maiores swells que já atingiu Teahupoo e acabou por se lesionar na pesada onda tendo sofrido ferimentos graves no rosto. Keala caiu nos corais tendo sido submetida a uma cirurgia em que levou 40 pontos no lado direito do rosto.
Este mês de março, aos 42 anos de idade, a big rider voltou a mostrar que é um dos maiores nomes do surf feminino ao vencer a primeira edição do Red Bull Magnitude, competição de ondas grandes exclusiva para mulheres.
Maya Gabeira
Foto: Red Bull
A surfista brasileira é um dos nomes mais respeitados no surf de ondas grandes.
Em 2020, Maya Gabeira estabeleceu um novo recorde mundial da maior onda já surfada por uma mulher durante a história do Surf e maior do Mundo masculina e feminina em 2019/ 2020.
A onda recorde de Gabeira media 23,5 metros, superando o seu próprio recorde mundial anterior, 20 metros. A surfista conquistou o recorde na Praia do Norte, na Nazaré, Portugal, em 11 de fevereiro de 2020, como parte do evento inaugural do Nazaré Tow Surfing Challenge da WSL.
A big rider é uma inspiração para muitas mulheres, dentro e fora do surf, tanto que em 2018 foi homenageada com a criação de uma boneca barbie inspirada na surfista como parte da linha Shero (junção entre as palavras "ela" e "herói" em inglês).
Joana Andrade
Joana Andrade é a surfista portuguesa pioneira na descoberta de novos limites em ondas de consequência.
A surfista da Ericeira é uma atleta altamente motivada e movida por uma enorme paixão, o surf de ondas grandes, sendo a única big rider portuguesa a marcar presença na Praia do Norte.
A surfista foi nomeada para os XXL Awards da WSL em 2015 e tem o sonho bater o recorde conseguido por Maya Gabeira na Praia do Norte.
A big rider tem sido uma das mulheres que tem mostrado o poder das surfistas femininas tendo compartilhado a sua própria jornada de superação no filme Big vs Small, um documentário sobre as dificuldades, obstáculos e conquistas ao longo da sua vida que carrega uma forte mensagem sobre o poder da mente e mostra como qualquer pessoa pode ultrapassar medos e obstáculos, por muito grandes que sejam.
Justine Dupont
Foto: Red Bull
A big rider francesa é uma presença assídua nas pesadas ondas da Praia do Norte, na Nazaré.
A surfista começou a apanhar as suas primeiras ondas aos 11 anos de idade e aos 15 anos foi a segunda classificada no Campeonato Mundial de Longboard. No entanto, foi o surf de ondas grandes que se revelou a sua grande paixão e também onde se tem destacado.
Em 2013, a big rider conseguiu surfar ondas de 15m em Belharra. Uma conquista inédita, pois até essa altura, nenhuma surfista tinha conseguido surfar nessa onda.
Justine Dupont e o big rider havaiano Kai Lenny foram os vencedores do prémio Overall Performance of the Year do 2020 Red Bull Big Wave Awards, prémio que reconhece os surfistas masculinos e surfistas femininas que tiveram o melhor desempenho ao longo dos últimos 12 meses (terminando em 20 de março de 2020) com base em cada onda capturada em vídeo ou imagem estática.
A big rider é obcecada em perseguir as maiores ondas do mundo e em janeiro deste ano, na onda de Peahi, no Havaí, fez o que talvez tenha sido o maior tubo feito por uma mulher em prancha tow in.