LONGBOARDER DESABAFA APÓS TER SIDO AMEAÇADO EM VIANA DO CASTELO
Luis Silva escreveu um texto em que fala do forte localismo no surf em Viana do Castelo...
Luis Silva falou para a redação da Surftotal queixando-se do forte localismo em Viana do Castelo. Escreveu um texto em defesa de um amigo seu que fez Longboard em Viana sem Cordinha (leash) que passamos a citar:
"UM MAU DIA PARA SURFAR
Há quem diga que o surf é uma janela aberta à liberdade, à rebeldia, à aventura. É um estado de espírito com uma bagagem bem cheia. Pelo menos, eu tento acreditar que sim. É um sim e um não. É um copo de vinho na mesa. É a boémia da escuridão da madrugada. É um abraço coletivo. É a certeza de uma noite na estrada à procura da onda perfeita. É um amor que não morre. Porém, nem toda a pintura é maravilhosa. Há o surf e depois há o localismo. Honestamente, não sei bem como descrever esta sede de onda. Está ganância de ter tudo e não ter nada.... Viana é Viana. Parte do Portugal das tradições. Dos sabores do mar. E daquelas ondas clássicas no Cabedelo. Viana é também localismo. Mas extremo. Insalubre. Doentio. Daquele que faz trepar paredes e aprender o desamor. No outro dia, um amigo e artista do longboard, levou uma pancada valente deste localismo. POR SURFAR SEM LEASH.
Levou por tabela. Em causa está um acontecimento ocorrido faz uns quantos dias. Um miúdo foi parar ao hospital devido a um acidente ocorrido nesta tão aclamada praia, por uma pessoa que surfava sem leash. Esse incidente conduziu a um desrespeito a outros surfistas que alegremente, bailam as ondas sem o leash. É compreensível que um assunto destes leva um pai a proteger com unhas e dentes a sua cria. Mas não pode, nem deve, aceitar violência nem tão pouco levar a ameaças de morte.
Onde é que estão os valores do surf quando pessoas com mais anos de surf vêm cheirar a praia que nem cães raivosos? Estes famintos perigosos que querem a chave daquela onda de todos. Que usam o poder e a violência para tratar todos como escumalha. Viana não é isto. Nem pretende ser. Viana é uma arcada aberta ao verdadeiro vivant do surf. Com ou sem leash. Tuga ou outsider.
E enquanto estes senhores andarem por aí, de murros postos, Viana não será a mesma. Existirá medo e insegurança.
Haverão surfistas como o meu amigo que na certeza de uma eventual ida ao hospital, pretendem render-se a quatro paredes e deixar o surf para mais tarde. Até ao dia em que a praia seja livre de novo. É de todos nós."