MORTE NA ERICEIRA: FALTA DE CONDIÇÕES OU IRRESPONSABILIDADE? Rui Oliveira quarta-feira, 12 março 2014 18:18

MORTE NA ERICEIRA: FALTA DE CONDIÇÕES OU IRRESPONSABILIDADE?

A SurfTotal tenta esclarecer o tema.

 

Por Patrícia Tadeia 

Tudo aconteceu no dia 24 de fevereiro. A notícia era avançada pela página de Facebook do Activity Surf Center. Um ex-surfista de 40 anos morria afogado quando nadava na Praia do Sul, Ericeira, contra a corrente. “Apesar de estarem cerca de 20 pessoas a assistir, ninguém foi capaz de prestar auxilio. A pessoa já nadava à cerca de 20 minutos e notava-se o seu estado de sofrimento, perante tudo isto, só apenas dois surfistas conseguiram ir ao seu auxilio, e trazê-lo para Terra”, lê-se na página de facebook. 


“Devido às difíceis condições do Porto de Pesca da Ericeira, o ISN teve bastantes dificuldades para colocar os meios de salvamento, que estavam à sua disposição, de forma rápida, dentro de água de forma a prestar auxilio. Devido à forte presença de areia na rampa de acesso, um processo de colocação da mota de água, que demoraria cerca de 5 minutos, resultou numa demora de 15/20 minutos. O que numa corrida contra o tempo todos os segundos contam”, continua a mesma fonte que se questionou na altura: “Será que não há forma de arranjarmos solução para isto? Quem sabe um pequeno tractor, para que não seja preciso colocar os meios de salvamento na água, através da força de braços!? É esta a Reserva Mundial de Surf que temos!”

 

A SurfTotal entrou em contacto com a Capitania do Porto de Cascais, responsável por esta área, e em reação ao tema, o Comandante Local da Polícia Marítima de Cascais e Capitão do Porto, Dário Moreira, explicou:  “É extemporâneo afirmar que a morte ocorrida se ficou a dever à alegada ‘dificuldade de levar os meios de salvamento (mota de água) até à água’”, lê-se em comunicado.

 

O responsável acrescenta ainda que “à altura dos factos, se encontrava em vigor um Aviso Meteorológico Amarelo relativo a agitação marítima, na sequência da existência de ondulação proveniente de noroeste com 5 a 6 metros”, e que “se, durante a época balnear se verificassem condições idênticas, seria interdita a prática de banhos e hasteada a bandeira vermelha”.

 

Sobre os acessos à praia, Dário Moreira avança: “A rampa de acesso ao Portinho da Ericeira encontra-se em boas condições de utilização, tanto quanto a este órgão local da Autoridade Marítima diz respeito.”

 

O comandante aproveita para avançar alguns números sobre os salvamentos naquela zona. “O histórico de ocorrências nos últimos anos (concretamente desde 2011, data da minha tomada de posse) revela os seguintes factos relativos ao emprego da embarcação semirígida e mota de água de salvamento marítimo afectas à Estação Salva-vidas da Ericeira: 62 saídas, 10 vidas salvas, das três mortes a lamentar em idêntico período, um decorreu da queda de uma viatura, outra da queda de um indivíduo da falésia e apenas esta última decorre na sequência da prática de banhos”, lê-se.

 

“Em conclusão, a Estação Salva-Vidas da Ericeira, a sua guarnição e os meios materiais ao seu dispor garantem a salvaguarda da vida humana no mar de forma adequada, atingindo taxas de sucesso em linha com a média nacional do Sistema de Busca de Salvamento Marítimo, superior a 95%. Apesar disso, nunca é demais relembrar que compete a cada um de nós, enquanto cidadãos, a adoção de comportamentos adequados às condições meteorológicas prevalecentes e às capacidades e competências individuais, numa lógica de cultura de segurança”, conclui o comunicado.

 

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