Juntos, Tobias Ilsanker e Francisco Cipriano, viajam por Portugal para fornecer ao espectador uma visão inspiradora da vida de pessoas não tão comuns.

Entre as doze vidas criativas que o documentário retrata encontramos quatro histórias inspiradoras de pessoas que encontraram no surf a sua paixão. Pedro Lima, surfista do Porto e um pioneiro do desporto em Portugal, Eurico Gonçalves, surfista da Figueira da Foz e activista do SOS Cabedelo, Eurico “Romagueira”, surfista da Figueira da Foz, e José Antunes, criador e shaper da Yoni, levam-nos numa viagem ao seu estilo de vida criativo e fora da norma.

A surftotal esteve com José Antunes que nos conta a sua visão sobre a vida e o Movement, Creative Lives.

- Como surgiu a oportunidade de participares no documentário?

A oportunidade de entrar no documentário surgiu naturalmente, nem sei bem como.

Eu e o Tobi temos uma boa amizade e admiramos o trabalho um do outro. Quando nos conhecemos ele achou o projecto da Yoni Surfboards e do Jardim Waldorf Amoreira interessante e penso que sentiu que estes projectos tinham potencial para criar algo interessante para o documentário, e foi assim que começámos a fazer filmagens.

-A ideia do Movement, Creative Lives é partilhar vidas criativas e fora da norma.

Como vês o surf e em que momento da tua vida decidiste associar a tua criatividade à criação de uma marca de pranchas sustentável?

Eu faço surf há mais de 25 anos e nessa altura desfrutava muito mais. Havia muito menos gente na água e o convívio era mais saudável. Hoje, há dias em que sinto stress lá dentro e por vezes nem apanho ondas, fico a observar, talvez para não irritar mais aqueles que já estão frustrados, os que se querem mostrar, os que querem apanhar as ondas todas, os que pagaram para aprender a surfar numa semana...  Na minha sincera opinião o surf desvirtuou-se e tornou-se em geral num negócio que pouco honra o verdadeiro espírito. Já vários amigos me disseram “se gostas de surf, não faças do surf um negócio”, mas sinto-me tranquilo pois a principal intenção da Yoni Surfboards é tentar reaver esse espírito. O prazer de surfar, o prazer de fazer a própria prancha, o respeito pelos outro e pela Natureza. Hoje no surf tudo parece descartável. Na Yoni sinto que dou o melhor de mim pois é nela que coloco a minha criatividade e as minhas ideologias.

-Seres convidado para participar no Movement, Creative Lives representa o reconhecimento do teu trabalho. Como vês este documentário e achas que influenciará os espectadores a viverem de forma mais genuína?

Há algum tempo que me sinto preocupado com o rumo da humanidade, talvez há uns 18 anos, quando fui pai, comecei a preocupar-me mais com questões sociais, educação, liberdade, igualdade, bem estar, e comecei a desenvolver algumas actividades relacionadas com essas preocupações. Estudei agricultura Biodinâmica, educação Waldorf, dei aulas de horticultura e carpintaria, comecei a fazer brinquedos de madeira, e quando quis comprar uma prancha de surf nova (pois a minha já tinha mais de 10 anos) deparei-me com esta questão de como é poluente uma prancha de surf comum, e foi aí que surgiu a Yoni. Comecei a fazer experiências, apurar técnicas, experimentar diversos materiais, os mais ecológicos possíveis, e hoje, depois de fazer mais de 300 pranchas de surf, sei que isto é apenas um meio para transmitir o que sinto, e felizmente tem sido bem aceite.

Eu adorei o documentário. Um pouco de mim reviu-se em todos os outros.

Somos todos diferentes, mas no fundo todos temos desafios idênticos, por isso sei (e também pelo que ouvi), que muita gente se reviu na vida de cada um de nós que fez parte deste lindo, genuíno e interessante documentário.

 Conhece os outdoorsmen e as mulheres, os entusiastas dos desportos e os ambientalistas, neste documentário de luxo on demand no vimeo.