FPS de mãos atadas na assinatura de contratos olímpicos
A Federação Portuguesa de Surf está debaixo de fogo:
Nas vésperas de ir a tribunal com a Federação Portuguesa de Canoagem pelo diferendo do SUP, o seu presidente João Aranha desabafa: "Podemos assinar os contratos olímpicos mas depois não temos condições financeiras de os cumprir legalmente..." Um imbróglio que pode levar à queda da direção da FPS, afirma o seu presidente.
O anúncio do calendário olímpico é motivo de festa na Federação Portuguesa de Surf, mas também cria alguma sombra de dúvida pelas implicações legais e financeiras cujas consequências podem mesmo levar à queda da atual direção, liderada por João Aranha.
"A inclusão do surf no calendário olímpico só pode ser motivo de celebração", começa por dizer João Aranha, argumentando a grande importância que a entrada no clube olímpico tem para a modalidade em termos federativos: "Para o surf não podia ser melhor, o desporto só tem a ganhar, até em crédito junto de outras modalidades e federações que teimam em atacar-nos e roubar-nos modalidades, como já aconteceu com o skate e agora estão a tentar com o SUP. Não deixa de ser irónico que este anúncio surja em vésperas de irmos a tribunal, na quinta feira, por causa do ataque da federação de canoagem à nossa federação por causa do SUP."
Todavia, o advento do surf olímpico está também, por força da atual legislação de bases do Desporto, a criar um nó górdio complicado de desfazer por parte da direção de João Aranha. Nas palavras do próprio: "O surf nos jogos é excelente para os atletas pois permite-lhes construir uma carreira olímpica, paralela à do World Tour. E é nesse sentido que podemos anunciar que pretendemos assinar contratos olímpicos com o Frederico Morais e a Teresa Bonvalot. Contudo, a posição irredutível da atual Secretaria de Estado não nos permite cumprir esses contratos olímpicos; podemos assinar mas não temos condições financeiras de os cumprir legalmente."
Em causa, a regra de dependência dos financiamentos das Federações. Explicado muito sucintamente: "qualquer federação que tenha uma dependência financeira de verbas estatais acima de 40%, não pode ultrapassar uma carga de 5% desse financiamento estatal nos vencimentos. Uma regra fundamental já que também se considera nesse capítulo as verbas remuneratórias dos contratos olímpicos."
A FPS está agora em negociações com o Comité Olímpico de Portugal, que pretende ver assinados esses contratos o mais rapidamente possível, e a Secretaria de Estado da Juventude e Desporto. Um braço de ferro a várias frentes que poderá, avisa João Aranha, "fazer cair a direção da FPS até final do ano".
“Esperemos agora, a bem do surf nacional, que se consiga encontrar uma solução que não comprometa o desenvolvimento do surf nesta altura em que entra numa nova era da sua História.