RECORDE PODE CONTINUAR A PERTENCER A MCNAMARA Vítor Estrelinha/Nazaré Qualifica quarta-feira, 05 fevereiro 2014 16:19

RECORDE PODE CONTINUAR A PERTENCER A MCNAMARA

Especialista em medição de ondas explica porquê.

  

Por Patrícia Tadeia

No passado domingo, 2 de fevereiro, foi dia de ondas grandes na Nazaré. No total estavam cinco equipas na água, garantiu Garrett McNamara à SurfTotal. Mas uma onda deu que falar. Foi surfada pelo britânico Andrew Cotton e pode ter cerca de 24 metros. Contudo, o surfista de 34 anos acabou por cair antes de terminar a onda. Terá esta onda batido o recorde pertencente a McNamara, e conquistado em 2011, com uma onda de 23,77 metros?

 

Para Miguel Moreira, especialista em medição de ondas, “a onda do Garrett McNamara mantém o primeiro lugar no pódio”.
“Naturalmente que a pergunta que se impõe é se o record foi batido, mas para mim a atenção mantém-se na procura do método, para encontrar uma medida mais exacta, e que permita comparar as diferentes prestações, destes brilhantes surfistas”, explica à SurfTotal o coordenador da Pós-graduação em Surf na Faculdade Motricidade Humana.


“As dimensões destas ondas são da mesma ordem de grandeza, mas para se bater um record é necessário uma medida exacta. No entanto para compararmos ondas e a sua grandiosidade, não está em causa apenas a altura, mas também a intensidade da onda, o ângulo do percurso da rebentação e o comprimento da secção. Estas são as quatro componentes que caracterizam uma onda e que lhe conferem uma identidade única”, acrescenta o especialista.

 

“A altura medida desde a base até à crista da onda indica a distância vertical possível de percorrer, mas o declive que está associado à intensidade da onda, indica a que velocidade esta distncia vertical tem que ser percorrida, sendo a onda mais intensa quanto maior for a verticalidade da onda (maior declive), que a partir de um certo declive passa a ser tubular. Quanto mais achatado for o tubo menor é a intensidade, ou seja os tubos cilíndricos são os mais intensos (ex. Pipeline, Havai). O ângulo do percurso da rebentação indica a velocidade necessária para percorrer a secção da onda, no sentido da rebentação (esquerda ou direita) e quanto menor for, mais rápida é a onda e mais difícil é a viagem (ex. J-Bay, Africa do Sul). Com as características anteriores, quanto mais tempo tiver a viagem na onda, maior é o esforço e mais difícil se torna o controlo da situação”, continua.

 

Segundo Miguel Moreira, “a viagem na onda é mais arriscada e mais perto do limite quanto mais alta, mais intensa (tubos cilíndricos), menor o ângulo do percurso da rebentação e maior a secção”. “Justifica-se assim a nossa busca por um método que permita fazer esta avaliação das ondas, razão pela qual procuramos parcerias com o SpertLab, que permitam a utilização de tecnologias e diferentes técnicas de recolha de dados, estando algumas previstas, além da que já existe entre a Faculdade de Motricidade Humana e o Instituto Hidrográfico,” diz.



Para terminar, o especialista acrescenta que “quando comparamos prestações ao mais alto nível, em qualquer desporto, é fundamental que as regras sejam o mais objectivas possível e que os critérios sejam claros”. “Será necessário esclarecer se as viagens onde a onda não rebenta, ou aquelas em que o surfista cai ou é engolido pela espuma, podem ser consideradas como válidas. No meu entender é por estas duas situações que a onda do Garrett McNamara mantém o primeiro lugar no pódio”, conclui.

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