Este foi um heat onde não se pode apontar nada a Frederico Morais. O surfista português, acabadinho de chegar à elite mundial, competiu com dois pesos pesados do surf mundial. De um lado, Mick Fanning, 36 anos, tricampeão mundial e vencedor em J-Bay por quatro vezes. No outro, a sensação havaiana, John John Florence, atual campeão mundial de surf e sempre predisposto a fazer história e a levar as coisas a outro nível. 

Dito isto, vamos à bateria que foi uma espécie de luta de campeões com um “outsider” à mistura. No entanto, acontece que o atleta menos cotado foi, na verdade, o que apanhou o ritmo certo nas longas direitas de Jeffreys Bay. 

Kikas foi o primeiro a dar sinal de aviso com múltiplos carves na sua primeira onda. Atento, o painel de juízes gostou do que viu: 9.60 pontos pelo surf de risco bem desenhado. Seguiram-se ondas para John John (7.17) e outras duas mais fraquinhas para Mick Fanning (2.33 + 5.17). 

Kikas liderava até que o prodígio havaiano encontra um tubão e acaba por registar um 10 (vídeo em baixo). Nada a dizer, leitura de onda impecável e timing mais do que perfeito. Foi o primeiro 10 para John John esta temporada (?), facto que não só é estranho de referir como deve gerar algum desconforto ao juízes da WSL. 

Assim, do nada, o havaiano destruiu os sonhos e ambições do português. Mas a fibra de Kikas é das mais duras e este não deitou a toalha ao chão. Ao invés, reagiu com um 9.47 pontos (em baixo) numa altura em que precisava de “apenas” 7.58 pontos. As transições suaves e sem erros, que é o que é preciso em J-Bay, meteram o português em primeiro lugar no heat. 

Logo após esta onda de Kikas, Mick Fanning ainda entrou na luta com um 9.73 (no vídeo em rodapé), mas as oportunidades que se seguiram não foram suficientes para alterar o resultado. Morais selou mesmo a vitória frente a Fanno e John John e já se encontra nos quartos de final do Corona Open J-Bay. 

“Foi, muito provavelmente, o melhor heat da minha vida. Não pode haver melhor que isto. Altos scores para todos, na ordem dos 9 pontos, enfim, o melhor dia da minha vida. Nos últimos heats não senti que estivesse a surfar no meu melhor, mas sabia que neste heat tinha que ser perfeito e foi o que acabou por acontecer. Acabou por compensar!”, disse o português na flash interview à WSL. 

O heat foi histórico e considerado já um dos melhores dos últimos tempos na WSL. Foi uma bateria de desempenhos absolutamente lindos e perfeitos para quem gosta de observar surf veloz, compassado e de curvas bem desenhadas sempre apoiadas no rail. Seguramente, um dos melhores que já vimos. 

A ronda 4 ainda se encontra a decorrer, mas Frederico só voltará a competir nos quartos de final (onde competirá no Heat 2). O seu adversário ainda não é conhecido e será apurado através do Round 5 que tem lugar amanhã. 

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Atualização às 15:07 - Devido à presença de um tubarão no line up (ver foto mais abaixo), a prova foi suspensa e só retomará amanhã de manhã. Na água encontrava-se o Heat 3 entre Jordy Smith, Julian Wilson e Filipe Toledo.