Por Patrícia Tadeia e Ivo Gonçalves

Em resposta a alguns comentários que têm surgido nas redes sociais, nomeadamente na página de facebook BillabongXXL, onde se especula sobre a necessidade de existir uma carta de recomendação por parte de Garrett McNamara para surfar na Praia do Norte, a SurfTotal contactou o norte-americano. Em reação, a esposa do surfista, Nicole McNamara, comentou da seguinte forma: "É totalmente falso. De forma alguma a Capitania pediu cartas de recomendação por parte do Garrett. Estas são regras a que também ele tem de obedecer. Tudo o que estas pessoas se queixam existem para nós desde o 'dia um'. Tivémos de encontrar bons skis, um seguro, licenças, e arranjar permissão. Não se trata de dinheiro ou poder, mas sim de segurança e seguir as regras que toda a gente no mundo tem para o surf com tow-in. Em Mavericks, na Califórnia o tow-in surf é ilegal", rematou.


Também Garrett utilizou a sua página de facebook para deixar algumas considerações, face às inúmeras questões que o próprio admite ter recebido nos últimos dias. Aqui fica a mensagem de McNamara:

"A Nazaré é um dos sítios mais mágicos onde já estive, com pessoas apaixonantes e afáveis, já para não falar das maiores ondas que já vi ou surfei. A minha primeira vez na Nazaré foi em 2010. Não havia o patrocínio da ZON nem o projeto North Canyon, nem surfistas, apenas bodyboarders. Tinhamos, e ainda temos, de seguir as regras delineadas pela Capitania para manter toda a gente segura. Tinhamos de encontrar motas de água que funcionassem bem, ter seguro, ter licenças, e segurança em terra - tudo isto sem dinheiro, apenas coração, sonhos e a atitude de que 'tudo é possível'. Nos últimos 30 anos aprendi que a preparação é tudo. Estas leis que a Capitania já tinha instituído há muitos anos asseguram que as pessoas estejam preparadas e em segurança.

Devíamos mostrar gratidão tanto à Capitania como à polícia local por nos manter seguros. Se alguém sem preparação se meter em apuros, estamos a colocar pessoas inocentes na praia ou na água a tentar ajudar quem está em perigo. Apesar de tudo isto, acho que muita gente ainda não percebeu o que se passou durante o swell do 'Hércules'. Estive a monitorizar aquele swell com toda a atenção desde que surgiu no mapa. Sabia que a Nazaré ia estar 'enorme', mas que as condições poderiam ser impeditivas de entrar dentro de água - ainda assim preparei-me na mesma. Tinha bilhetes de avião reservados, assegurei-me que as motas estavam a funcionar e todas as licenças em dia.

Acabei por decidir ficar no Havai, porque sabia que a Praia do Norte não estava 'surfável', e mesmo no dia seguinte estava uma confusão; existiam outros sítios com condições melhores e mais seguras para surfar. A razão pela qual não havia ninguém a surfar na Nazaré não foram as regras, foi porque as condições não estavam boas. Em nenhum sítio do mundo podes estar tão perto de toda aquela força e estar seguro. Havendo surfistas ou não, é uma experiência incrível que toda a gente devia ter pelo menos uma vez na vida. Os surfistas com determinação vão encontrar uma maneira de ir lá para dentro em dias grandes, e não precisam de ser ricos para isso, apenas precisam de ter paixão, determinação e não desistir.

Pela experiência que tenho, surfistas e espectadores são livres para surfar, ou apenas assistir ao 'Santo Graal' das ondas grandes. Se está muita gente perto do farol, talvez tenhas de andar a pé até lá em vez de levar o carro; se o mar estiver muito grande, talvez tenhas de pedir uma licença de ski em vez de remar lá para fora, mas tudo é possível!", rematou Mcnamara, naquela que parece ser uma clara alusão a algumas das críticas deste artigo.