Surf, Uma Bolha de Crescimento e Sustentabilidade no Século XXI
O surf em Portugal e no Mundo, tem-se afirmado como uma atividade desportiva e económica que conquista cada vez mais adeptos e atrai a atenção da sociedade...
Num mundo que se apresenta cada vez mais instável a diversos níveis, o surf parece contrariar essa tendência, tornando-se uma “bolha” de estabilidade e consistência. Este fenómeno não se limita apenas à prática desportiva, mas também ao mercado relacionado, que tem mostrado resiliência e consolidado-se como um sector promissor para investimentos, inclusive por partes alheias ao segmento.
Durante o período da pandemia de COVID-19, por exemplo, o mercado de material técnico ligado ao surf teve um crescimento significativo, contrariando a crise enfrentada pela maioria dos sectores a nível global. Essa expansão reflete-se no aumento do número de praticantes, tanto a nível nacional como internacional, e na crescente importância do turismo de surf. Em Portugal, este fenómeno é particularmente evidente, com fenómenos como a Nazaré, a reserva mundial de surf da Ericeira, Supertubos em Peniche, sem esquecer as Escolas de Surf a multiplicarem-se, atendendo à procura de um público cada vez mais interessado.
Para além disso, o surf tem conquistado um segmento social de rendimento médio-alto, especialmente com a proliferação de piscinas de ondas artificiais, um conceito que se tem expandido globalmente. Um exemplo notável é o projeto em andamento na região Oeste de Portugal, que reflete a tendência de levar o surf para além do mar, democratizando o acesso à prática e atraindo novos adeptos.
O impacto do surf vai além do desporto e do mercado. Os surfistas destacam-se como defensores activos do meio ambiente, promovendo a consciência sobre as alterações climáticas e liderando ações de sensibilização que ultrapassam as fronteiras do próprio universo do surf. Este compromisso com a sustentabilidade contribui para reforçar a imagem do surf como um estilo de vida que alia prazer, bem-estar e responsabilidade ambiental.
Desafios para 2025 e próximos anos:
Apesar do crescimento e da consolidação do surf como um sector robusto, os próximos anos trarão desafios significativos. Entre os principais, destacam-se:
Em Portugal a curto prazo:
Eleições para o orgão máximo do surf nacional, a Federação Portuguesa de Surf, esta poderá desempenhar um papel preponderante ao regulamentar da melhor forma a prática do surf, criando também sinergias institucionais elevando o surf a um patamar ainda mais alto, por exemplo com um programa de conquista de novos federados. (recorde-se que Portugal tem mais de 300,000 praticantes de surf).
A autonomia e a dinamização dos clubes e associações de surf sem fins lucrativos que estão nas bases do desenvolvimento do surf Português, criar modelos que estejam em consonância com a pratica e desenvolvimento do surf, mas também com os dirigentes afectos.
O ensino do surf consciente e responsável.
A nível global, onde Portugal se inclui, e apresenta um papel muito importante:
Sustentabilidade Ambiental: Manter o equilíbrio entre o crescimento do mercado e a preservação ambiental, garantindo que a expansão do turismo e das infra estruturas não comprometa os ecossistemas costeiros.
Acessibilidade e Inclusão: Tornar o surf mais acessível a diferentes estratos sociais, garantindo que a prática não se limite a um segmento privilegiado.
Inovação Tecnológica: Investir em materiais mais sustentáveis e em soluções tecnológicas que aprimorem a experiência dos praticantes e minimizem o impacto ambiental.
Adaptação às Mudanças Climáticas: Prepararação para os efeitos das alterações climáticas, que poderão ter um impacto tanto nas condições para a prática do surf como nas comunidades costeiras que dependem do surf e do turismo.
O futuro do surf em 2025 e seguintes anos dependerá da capacidade do sector de equilibrar o crescimento económico com responsabilidade social e ambiental, mantendo-se como uma âncora de estabilidade e inspiração num mundo em constante transformação.
* Por Pedro Almendra Ribeiro