O Surf durante o ano de 2023 passou por momentos bons, por momentos menos bons e também por momentos estranhos. Se por um lado e nível internacional a explosão da construção de piscinas de ondas a nível europeu e mundial é sinal de que a nossa modalidade está bem cimentada e a explodir em termos de praticantes, por outro lado  o diferendo que existe entre os surfistas Tahitianos e a opinião da comunidade do surf mundial,(juntamente com a International Surfing Association que os representa) e o Comité Olimpico Internacional, espelha bem a distância que existe entre o espirito Olímpico e o espirito do Surf. A construção, à revelia da ISA e dos surfistas de uma mega estrutura em Teahupoo, que vai danificar a vida marinha e potencialmente afectar a economia dos pescadores locais, é de facto uma pedra no sapato na filosofia e essência do surf que está bastante ligada à defesa dos oceanos e ambiente, demonstrando a pouca força que este tem perante um comité Olímpico e os próprios Jogos Olimpicos.

Boas noticias houve para Portugal, com a vitória de Kika Veselko no mundial Junior da WSL na Califórnia em Janeiro de 2023. (Apesar do título ser relativo a 2022 esta vitória foi conquistada em 2023). Também e não menos importante é a reconquista de um lugar na elite do surf mundial, com Frederico Morais a conseguir entrar de novo no Championship da World Surf League 2024.  

Mas vamos ler abaixo a opinião dos nossos convidados:

Paulo Martins  (Despomar/Billabong):

"Contra muitos, o Kikas provou que merece estar no World Tour!!!".

Internacionalmente, talvez o desenvolvimento das tecnologias de ondas artificiais, energeticamente sustentáveis. Acredito que nos próximos anos aparecerá uma ou mais em Portugal, o que também contribuirá para tirar pressão nas melhores ondas."

José Farinha (Rip Curl Portugal):

"Muitos destaques a nível nacional. O título da Kika Veselko e o regresso do Frederico Morais ao Tour, Também os bons resultados da FPS(Selecções Nacionais Open e Junior).

A nível mundial a vitória da nova geração no CT em Peniche, Chianca e a teenager Caitlin Simmers..."

Nuno Amado (Surf Cloud)

Relativamente ao surf Português a conquista do vice campeonato do mundo por parte de Francisco Ordonhas, nos mundiais de surf Junior da ISA.

Do surf mundial o que vejo de maior importância em 2023 haver a clara explosão da implementação das piscinas de ondas a nível mundial e europeu. Ficaram ainda acertadas para abrir no decorrer de 2024 e 2025 cerca de quinze piscinas de ondas só na Europa, de diferentes tecnologias. Isto sim vai revolucionar o surf a nível mundial e europeu. Foi algo que se afirmou em 2023 e irá revolucionar o surf nos próximos anos.

Nuno Santos (O'Neill Portugal):

A nível nacional, o resultado obtido pela selecção nacional junior e de todos os atletas Lusos nos mundiais ISA no Brasil. As novas gerações são o futuro do surf nacional e devem ser referidas. Também a classificação de Gui Ribeiro no QS Europeu que é neste momento o único Português à porta de entrar no Challenger Series em 2024.

A nível mundial o acontecimento mais significativo continua a ser o crescimento das piscinas de ondas a nível mundial, nomeadamente a ultima construída no Dubai. Nos próximos 5 anos acredito que será um dos temas mais importantes na actualidade mundial no surf. 

Teresa Abraços (Ex Campeã Nacional de Surf):

A nível nacional, destaco a vitória da Kika Veselko na WSL Júnior e o requalificação do Kikas para o WT.
A nível mundial, não me recordo de nada para destacar. Se calhar é sinal que não se passou nada de muito marcante, pelo menos na minha perspectiva.

Francisca Veselko (Campeã Mundial Junior de Surf WSL):

A nível nacional foi a minha conquista do título mundial junior em Janeiro. Também a Teresa Bonvalot ter participado na primeira metade das etapas do WCT.

A nível mundial parece-me que o elevado nível técnico a que o surf chegou é algo a mencionar.

Nic Von Rupp ( Big Wave Rider):

A nível nacional temos a vitória da Kika Veselko no campeonato mundial Júnior da WSL. 

A nível Internacional o crescimento dos conteúdos de surf no youtube, nomeadamente os Video blogs, onde os exemplo de Nathan Florence, Jamie O'Brien entre outros, que têm vindo revolucionar a visibilidade ao surf e aos surfistas que os fazem.

Teresa Pereira (atleta da selecção nacional junior de surf):

O momento mais importante para o surf português em 2023 foi a requalificação do Kikas para o CT.
Para o surf mundial foi o Ethan Ewing ter ganho a etapa do CT em Bells Beach, 40 anos após a sua mãe ter ganho.

Francisco Ordonhas: (Vice Campeão Mundial de surf Junior sub 18 ISA):

 Para o surf português talvez a requalificação do kikas para o WCT.

 Para o surf mundial acho que acabou por ser um ano um bocado normal e igual aos outros, acho que não houve assim nenhum acontecimento muito importante para o surf mundial.

Gui Gato Ribeiro: 

Para mim o acontecimento mais importante para o surf português em 2023 foi a entrada do Frederico Morais para o WCT!
A nível mundial acho a entrada de novas caras no WCT  podem fazer grandes estragos para o ano de 2024

 

Rodrigo Sousa (Treinador de Surf):

Para o surf nacional o acontecimento do ano, vou ter de dizer o título mundial da Kika, foi uma situação inédita e muito especial. Também a vitória da Mafalda Lopes no euro surf e o consequente título europeu de seleções de Portugal.

Para o surf mundial e que vem misturado com o surf Português, vou reverter aqui um pouco a situação. É o Circuito mundial de elite de surf da WSL voltar a ter um atleta Português. Acho que será um grande ano de 2024 para o Surf Português.

 

Miguel Pedreira(Comentador Sport TV): 

A nível nacional é a confirmação e afirmação da nova geração do surf Portuguesa que tem vindo a demonstrar evolução e domínio. Exemplos de Kika Veselko Campeã Mundial Junior, Mafalda Lopes, Campeã Europeia, Joaquim Chaves Campeão Nacional, Gui Gato Ribeiro próximo do CS em 2024, no fundo esta geração que agora tem 20 / 21 anos que está a liderar o surf Português.

A nível Internacional a situação que se passa com a Torre de Juizes em Teahupoo. Mostra bem a falta de união que o surf tem a nível mundial e que o único organismo que tem mostrado bom sendo é a própria ISA que se manifestou contra a construção daquele "mono".