Bandeiras brasileira e americana no podium e condições de excelência foram o mote para que Marcelo Rebelo de Sousa fosse a Supertubos
O Surf tem vindo a ser um dos desportos em maior crescimento no nosso País...
O Meo Rip Curl Pro 2023 foi um evento pleno de emoções
Depois de uma semana bastante desafiante para a organização, e para os surfistas, em termos de condições daquilo que o mar oferece, eis que Supertubos guarda o melhor para o fim, e fecha a prova com chave de ouro.
A organização não quis arriscar, e depois de alguns dias complicados em termos de vento, optou pelo sistema de overlapping heats (duas baterias na água ao mesmo tempo, com diferença de 20 minutos entre elas) ao longo de todo o dia, para garantir o fecho da prova ainda no dia de terça feira.
Assiste aqui ao surf em directo em Supertubos na beach cam Surftotal
O abraço entre o nosso Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e o vencedor João Chianca. Click por Alexandre Bettencourt
Foi um dia repleto de acção, que arrancou logo pelas 7:30 da manhã com os quartos de final femininos. Yolanda Hopkins a última representante portuguesa ainda em prova, e que chegou a esta fase de forma brilhante, acaba por cair infelizmente no heat 3, tal como noticiado pela Surftotal, ficando desta forma num excelente 5º lugar.
Yolanda Hopkins - Click por Alexandre Bettencourt
De seguida foram os homens para a água como primeiro heat do round de 16 masculinos, opondo o australiano Connor O’Leary vencedor, ao brasileiro Caio Ibelli, dois surfistas que fizeram um excelente campeonato.
Nesta fase os grandes destaques seriam norte-americano Griffin Collapinto, que derrota o brasileiro tri-campeão mundial Gabriel Medina com um score total de 17 pontos, e o australiano Jack Robinson que vence o compatriota Ryan Callinan, demonstrando uma leitura de mar perfeita, colocando-se sempre no sítio certo, escolhendo sempre as ondas certas, e capitalizando sem cometer erros.
O brasileiro Ítalo Ferreira acaba por cair nesta fase, no sétimo heat da ronda, por duas décimas apenas, após um heat renhido frente ao seu compatriota Yago Dora.
Sem perder tempo a acção seguiu logo para os quartos-final, onde o brasileiro João Chianca se mostrou exímio nos tubos eliminando Connor O’Leary.
Callum Robson, que foi um dos destaques do primeiro dia de prova ao realizar o primeiro e único 10 perfeito da prova – e já agora de toda a temporada - demonstrou grande à vontade na bancada de areia dos super, sempre bem colocado, e sempre à espreita de um novo tubo perfeito, acabaria por se destacar no heat 2.
No heat 3 Jack Robinson elimina aquele que foi um dos atletas em maior evidência de toda a prova, o Indonésio Rio Waida, uma vez mais mostrando perfeito domínio no posicionamento e na selecção de ondas.
O Indonésio Rio Waida chegou aos 1/4 de final, tendo perdido para o Australiano Jack Robinson.
No último heat dos quartos, aquele que tinha vindo a ser um dos destaques do campeonato, e apontado como putativo vencedor Griffin Collapinto, acaba por cair de forma desinspirada frente a Yago Dora.
Griffin Collapinto tinha vencido em 2022. Aqui durante o heat em que foi eliminado por Yago Dora este ano de 2023.
Após um curto intervalo para deixar passar a fase mais baixa da maré, a acção arranca novamente com as semi-finais de masculinos, onde João Chianca domina totalmente o primeiro heat, derrotando Callum Robson, seguido de mais um heat espetacular de Jack Robinson, que de resto pareceu estar sempre uma nível acima de toda a concorrência.
Dão-se então as meias-finais femininas, onde a norte-americana Courtney Cologne e a australina Caitlin Simmers, derrotam a brasileira Tatiana Weston-Webb, e a também australiana Macy Callaghan respectivamente, marcando desta forma encontro na final.
A final masculina prometia. Dois dos grandes destaques do campeonato frente a frente numa banca de areia com tubos perfeitos. De um lado, o Lycra amarela, líder do ranking mundial, um ultra concentrado Jack Robinson, que pareceu sempre estar na posse de um qualquer código mágico para desvendar o segredo de supertubos. Do outro o brasileiro João “Chumbinho” Chianca, o homem espectáculo, um surfista que é um verdadeiro talento natural e que soube sempre encontrar o caminho para a vitória. Um atleta que se viu relegado o ano passado após o cut, mas com um Brasil que já o vê como futuro campeão mundial.
Se houvesse alguma favoritismo seria para Jack Robinson, não só por estar em grande forma, tendo vencido já este ano Pipeline, mas sobretudo, como natural de Margaret River apresenta-se um total mestre na arte de entubar.
No entanto, e se há coisa que o desporto nos comprova, é de que desafia sempre todas as probabilidade e estatísticas. João Chianca “faz o heat da sua vida” – isto dito pelas suas próprias palavras, em entrevista pós-heat – colocando onda excelente atrás de onda excelente, vence Jack Robinson que permanece quase todo o heat em combinação, dá espectáculo, puxa pelo público, pede aos aos juízes um dez, e sagra-se de forma justíssima campeão do Meo Rip Curl Pro Peniche 2023.
De seguida dá-se a final feminina, onde também temos duas surfistas completamente opostas. De um lado a veterana powerhouse norte americana Cortney Cologne, e do outro uma a rookie norte-americana de 17 anos Caitlin Simmers, cheia de sardas, talento, e um sorriso fácil.
Cortney não podia ter começado a final de melhor forma ao colocar logo uma nota 9 no scoreboard. Caitlin no entanto não se deixa intimidar, e de forma calma e segura foi construindo o seu heat somando um 7.17 e um 6.33, virando-o a seu favor. Courtney nunca mais se encontrou com o mar, e nunca conseguiu o backup que precisava. Assim a jovem australiana, vence, no seu primeiro ano no Tour, o Meo Rip Curl Pro Peniche, e leva para casa um espectacular troféu, o qual precisa de ajuda para conseguir levantar.
No rescaldo do evento, um grande destaque para a presença do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, que foi muito acarinhado pelo público, e que deu um enorme abraço de parabéns aos vencedores.
Destaque também para a emotiva entrevista de João Chianca, onde revela que tem uma relação especial com Portugal, que adora Peniche, e que está eufórico com o seu «comeback», após eliminação no cut do ano passado.
No geral foi um longo dia, que nos trouxe supertubos na sua melhor faceta, culminando num campeonato que fica para a história.
Tivemos drama, acção, lágrimas, lesões, surpresas, recordes de assitência, público pelas por pranchas partidas, prestações fenomenais, quedas das motas de água, a última presença de Kelly Slater, um 10 perfeito, a visita do Presidente da República, Yolanda Hopkins num 5º lugar, e dois campeões inesperados.
O Meo Rip Curl Pro Peniche de 2023, fica assim então para a história.