A HISTÓRIA DA ONDA DE NICOLAU VON RUPP EM ULUWATU - BALI
A viagem de barco durou cerca de 40 minutos até Uluwatu, após passarmos as ondas todas que quebravam antes do nosso objetivo.
Eram 20:00 horas do dia 18 de Julho, em Bali na Indonésia, o Nic envia-me um watts app. Consegues arranjar um barco para a amanhã de manhã para irmos a Uluwatu? O swell vai entrar gigante, vamos fazer história.... foi assim que começou esta aventura.
Telefonema para aqui (watts app) para ali, e lá descobrimos um capitão de um barco de pesca com um motor de 15 cavalos que nos disse que fazia. “It’s going to be very big you know?” “I will make it but… it’s going to be a bit expensive”.... acordo efetuado. A nós juntava-se também o fotógrafo Australiano Harry Mark.
O encontro ficou marcado para as 06:30 da manhã num pequeno porto em Kuta, local de saída para os famosos spots de Kuta Reef e Airports right e left. Eu e o Harry íamos no barco para registarmos o acontecimento, enquanto o Nic ia à remada com a sua 8 pés entrando por Uluwatu.
Pelas 06:00 da manhã chovia torrencialmente, estava algum frio (para Bali), cerca de 18 graus, e por isso a viagem entre o Bukit e Kuta demorou um pouco mais. Para que se perceba havia também uma alternativa possível num barco rápido (Zebro) em Padang Padang,(Spot próximo de Uluwatu) mas o seu capitão para nos levar a Uluwatu e lá ficar durante toda a sessão fazia um valor proibitivo, de 600 euros....
Bom, chegado ao Porto já lá estava o Harry e o Capitão David. O mar estava muito grande, só se via tudo desordenado e ondas muito grandes a fechar, não percebia por onde íamos passar pra o outside naquela confusão, não havia embarcações a sair ou a entrar no Porto.
O David, o Capitão do Barco, dono de um olhar a variar entre firme e tresloucado, dizia-nos:_”não há problema eu conheço bem isto, sou o único aqui que o faz”, ao seu lado encontravam-se sentados, uma dúzia de Capitães de barcos parados na areia.
Pelas 07:30 e após watts app do Nic que observava o mar em Uluwatu, e nos dizia apesar de não estar tão grande quanto as expetativas, e porque já estava tudo combinado, lá arrancamos. Todo o material de vídeo e fotográfico dentro da Pelican Case(caixa à prova de água) que o Harry felizmente levou.
Após muitas manobras, passagens rés vés e esperas entre os sets maiores, passamos para o outside. Estava aprovada a perícia do David, o capitão do pequeno mas grandioso barco de pesca. A viagem durou cerca de 40 minutos até Uluwatu, após passarmos os picos mais conhecidos que quebravam antes do nosso objetivo. O crowd era quase inexistente, embora em Padang Padang houvesse a final da Rip Curl Padang Cup onde as ondas quebravam perfeitas e tubulares com cerca de três metros nos sets e os competidores se encontravam a dar um verdadeiro show de tubos.
A onda de Uluwatu fica situada próxima da ponta mais Oeste da Peninsula do Bukit, sendo por isso ali que entram as maiores ondas quando a ondulação se encontra na direção certa. O seu longo reef desenhando ondas para a esquerda começa no Outside Corner e extende-se por mais de 500 metros até ao inside Corner, passando antes pela seção de racetraks.O encontro combinado com o Nicolau era no outside corner.
O Oceano nesse dia estava mais vivo que o normal, também pelas ondas estarem a quebrar mais fora do que o normal, na Baía de Uluwatu começamos por ver cardumes de peixes voadores, depois golfinhos, um dugong a emergir e ainda uma baleia de bossa a furar as ondas na direção do outside.
Ao contrário do que esperávamos havia uma dezena de surfistas que com as suas guns se faziam a race tracks. Embora poucos conseguissem dropar as maiores por não ser fácil entrar em tais massas de água.
Olhamos várias vezes e lá estava o Nic a remar para o ouside corner. As ondas maiores eram lindas de se ver, massas de água a quebrar com uma cor cristalina com lips bem volumosos e algumas com tubos muito grandes. Havia potencial para captarmos um ou mais momentos dignos de registo.
Apesar de haver uma dúzia de surfistas o Nicolau era aquele que se fazia de verdade às ondas maiores. A primeira série de sets com tamanho que Nic viu, remou com vigor para o seu interior e apanhou-a com mestria. Não era fácil estar no sitio certo pois apesar de ter tamanho nas séries maiores a ondulação estava um pouco inconsistente, pois vinham poucas ondas com tamanho a sério.
Também alguns surfistas indonésios estavam presentes, Made Dera e Mustofa Jeksen eram dois deles que se faziam a algumas das maiores ondas que apareciam.
No vídeo abaixo podemos ver Mustofa a dropar uma onda do set em Race Traks.
De repente o Harry grita, Nic Nic, ... apontamos rapidamente o olhar e as câmaras para o maior set que vimos nessa manhã. Estávamos um pouco distantes e tentei por isso colocar mais zoom na tele objetiva(não conseguindo focar a imagem com eficácia). A onda era grande, não parecia Uluwatu de forma alguma.
A onda maior do dia que Nic dropou, com tratamento de côr em película de cinema:
Já se tinham passado quase 4 horas após a saída do Porto de Kuta, e por isso era tempo de regressar. O Nic veio ter connosco ao barco e dizia, eu acho que de tarde isto vai estar maior, o swell ainda não entrou verdadeiramente. Mas era hora de fazer uma pausa, em conjunto ainda decidimos passar em Padang Padang e impossibles para percebermos as condições e perceber se poderíamos ali fazer outra sessão. Mas já se fazia tarde, e era hora de voltar.
Durante o regresso percebemos que o mar estava bem maior do que de manhã cedo quando saímos e a maré já estava mais de meia. A entrada no Porto de Kuta foi épica. O Harry só se virava para mim e dizia, "this is crazy".Sentiamo-nos muito pequenos naquele insignificante mas grandioso barco de pesca. O nosso Capitão não desapontou, chegamos seguros e com o material intato a terra.
Nicolau Von Rupp na maior onda que apareceu durante a sessão. Click por Harry Mark/Kimo - (Proibida a sua reprodução)
A equipa que registou a sessão em Uluwatu. Harry em primeiro na foto, Almendra, quem escreveu esta crónica e David o Capitão do barco