Surfistas em risco devido a bactéria resistente a antibióticos?
Estudos indicam que a maior exposição às águas costeiras pode representar riscos acrescidos.
Num estudo divulgado esta semana estima-se que mais de 6.3 milhões de sessões de desportos aquáticos, como nadar ou surfar, resultaram numa bactéria resistente aos antibióticos que tem sido ingerida na costa britânica. No primeiro estudo deste género, os cientistas da University of Exeter Medical School reuniram a quantidade de água ingerida durante a prática de diferentes desportos aquáticos, e e combinaram esses números com a exposição das pessoas a bactérias resistentes a antibióticos.
A pesquisa, que foi apresentada ontem na Society for General Microbiology’s Annual Conference, focou-se na Escheria coli (E.coli). Os cientistas considerou os surfistas, nadadores, mergulhadores e praticantes de kayak, e descobriu que apesar de apenas 0,12% de E. coli encontrada nas águas costeiras e rios fosse resistente aos antibióticos de terceira geração (3CGs), este número é o suficiente para representar riscos - em particular para os surfistas que têm mais tendência para engolir água.
O projeto foi liderado pelo microbiologista Dr. William Gaze, que acredita que estes resultados são apenas parte deste caso: “Sabemos muito pouco sobre a forma como o ambiente natural pode espalhar bactérias resistentes a antibióticos nos humanos, ou como a exposição a esses micróbios pode afetar a saúde. As pessoas estão expostas a estas bactérias de diversas formas, desde o contato com outras pessoas, à comida ou a viagens para outros países. A nossa pesquisa determinou que o uso recreativo das águas costeiras é mais uma das formas de exposição. Com milhões de pessoas a visitar as praias de Inglaterra e País de Gales todos os anos, existe o risco de ingerirem E. coli resistente a antibióticos”, explicou.
O estudo demonstrou também que o nível de risco aumenta de acordo com a qualidade da água em questão, o que demonstra bem a importância das normas europeias para garantir a qualidade da água. A Surfers Against Sewage tem trabalhado com o European Centre for the Environment and Human Health para recolher dados que permitam aferir os efeitos que a poluição marítima pode ter para o corpo humano. Os resultados deste estudo serão apresentados em 2016.