Proteção de recife natural em discussão no Algarve
Lançadas as bases para projeto de criação da primeira Área Marinha Protegida de Interesse Comunitário em Portugal…
O Município de Silves, a Fundação Oceano Azul, a Universidade do Algarve através do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), a Associação de Pescadores de Armação de Pêra e a Junta de Freguesia de Armação de Pêra, promoveram uma reunião de trabalho alargada a muitas outras entidades locais e regionais de apresentação das bases do projeto de criação de uma Área Marinha Protegida de Interesse Comunitário na Baía de Armação de Pêra.
Este projeto, apoiado num estudo da Universidade do Algarve que sintetiza o conhecimento técnico e científico sobre esta baía, assenta no reconhecimento do recife da Baía de Armação de Pêra como uma das áreas com maior biodiversidade e produtividade da Costa Algarvia.
Com efeito, esta baía beneficia de condições particulares e do maior recife rochoso costeiro de Portugal. No entanto, este recife encontra-se impactado por diversas actividades humanas, que podem colocar em risco a conservação deste importante ecossistema.
Unidas pelo interesse e vontade comuns em proteger os ecossistemas marinhos de extrema riqueza deste recife, estas entidades pretendem alcançar uma utilização sustentável, promovendo a pesca local e o turismo de natureza sustentáveis, a par com a sua preservação e a proteção dos seus valores naturais, biodiversidade e serviços (capital natural azul).
Entendeu-se propor uma abordagem que tivesse como foco principal a sensibilização e apoio das diversas entidades e agentes da Região, para a importância da proteção da Baía de Armação de Pêra, com medidas eficazes que promovam a sustentabilidade dos recursos e impeçam o desenvolvimento de atividades que afetem irreversivelmente este ecossistema marinho, de importante riqueza para o Algarve e para Portugal.
A área em questão está compreendida entre o farol da Alfanzina (limite oeste) e a marina de Albufeira (limite este), e estende-se até a uma profundidade de 30 metros, totalizando uma área total de 94,5 quilómetros quadrados. De acordo com estudos de mapeamento de habitats e biodiversidade marinha, realizados entre 2003 e 2017, foram identificadas nesta área 889 espécies, 19 delas com estatuto de conservação, como os meros e os cavalos-marinhos.
A reunião de trabalho registou uma participação de 28 atores regionais, nomeadamente, autarquias, associações representativas da atividade piscatória e das atividades marítimo-turísticas, representantes da administração central, universidades, laboratórios do estado, organizações não-governamentais, empresas, etc., tendo todos sido convidados a manifestar o interesse em participar no desenvolvimento deste processo que decorrerá durante o próximo ano.
Os promotores não têm dúvidas de que o envolvimento de todas as partes que se mostrem interessadas na criação de uma Área Marinha Protegida de Interesse Comunitário (AMPIC) da Baía de Armação de Pêra é fundamental para que se encontre o melhor caminho para a preservação deste ecossistema marinho e dos seus valores naturais, condição que permitirá, igualmente, o desenvolvimento económico sustentável da região e do país.
Pretende-se, com este processo participativo, entregar ao Governo no próximo ano uma proposta de criação da Área Marinha Protegida de Interesse Comunitário da Baía de Armação de Pêra .
Sobre a Fundação Oceano Azul
A sua génese resulta da convicção de que em tempos de profunda mudança, é necessário alterar comportamentos que permitam a coexistência do desenvolvimento humano com a proteção do oceano. Assim, a Fundação nasceu, em 2017, de uma vontade de reaproximar Portugal do mar e de ajudar o país a desenvolver uma geração azul e se posicionar como líder nos temas ligados ao oceano.
A Fundação Oceano Azul tem como eixos principais da sua atividade a Literacia, a Conservação e a Capacitação, sob o lema “From the ocean’s point of view”.