Como se explica a Nortada dos últimos dias?
A culpa é de um anticiclone e de uma depressão…
Foi dos piores inícios de agosto de que há memória. Que ventania! O mês das férias por excelência em Portugal revelou vento muito forte e por vezes incomportável em plena época balnear e de calor.
Segundo a previsão, parece que a partir de amanhã e até domingo teremos uma trégua da Nortada, com especial realce para as matinais que poderão revelar as melhores ondas dos últimos dias (vê aqui o Surf Report by Surftotal).
Em todo o caso, vamos lá tentar perceber o porquê desta Nortada tão forte e de inesperada intensidade que se fez sentor nos últimos dias.
De acordo com o Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA), a grande culpa advém de um anticiclone (que não é o dos Açores) e de uma depressão. No meio, precisamente no enfiamento do vento, está Portugal.
No sudoeste da Irlanda, a 1500 km de distância, um anticiclone (região de alta pressão atmosférica) juntou forças com uma depressão que durante estes dias estacionou mesmo em cima da Península Ibérica (região de baixa pressão atmosférica).
As diferenças de pressão atmosférica fizeram com que as massas de ar mais quente se movessem para se expandirem e as mais frias se mexessem para se comprimirem. Desta movimentação nasceu a ventania que sentimos nos últimos dias.
Apesar das fortes rajadas sentidas, o fenómeno pode ser considerado normal, ainda mais em altura de verão cujo vento do quadrante norte, por norma, é esporadicamente reforçado. Como a deslocalção do ar da atmosfera se faz sentir das Ilhas Britânicas e da Islândia, é naturalmente mais frio.
O IPMA chama ainda a atenção que, a partir de amanhã, sexta-feira, o vento vai diminuir e facilitar a vida aos veraneantes e surfistas que ambicionam por condições “clean”. Ainda assim, atenção, a brisa marítima vai continuar intensa à beira-mar.
Isto acontece porque o ar por cima da terra aquece mais rapidamente do que o ar por cima do mar. De forma a equilibrar a atmosfera, o ar quente sobre a terra sobe e o ar mais frio sobre o oceano desce, dando lugar a movimentação de massas de ar. E quando isso sucede há vento.