RESERVA MUNDIAL A RESERVA NATURAL
Um conjunto de obrigações que todos esperam que passe de slogan a realidade…
Entre muitos outros eventos que ocorreram em 2016, quero destacar nesta crónica o 5.º aniversário da criação da Reserva Mundial de Surf da Ericeira (EWSR), assinalado com um conjunto de iniciativas que tiveram lugar na Praia de Ribeira D'Ilhas no passado dia 14 de outubro.
No entanto, tendo em conta a informação divulgada pela Associação Amigos Baía dos Coxos, no mesmo dia, parece que está difícil "a resolução de diversos problemas na área da EWSR e na linha daquilo que foi a ideia inicial prevista com a criação da EWSR", no sentido de ir ao encontro das "obrigações assumidas perante a Save The Waves Coalition que concedeu o galardão de WSR”.
Em causa está a demora em "transcrever para a legislação nacional de forma a atribuir à 'World Surfing Reserve' da Ericeira estatuto de verdadeira Reserva Natural, que proteja de facto e de direito a zona marítima da Ericeira e Ribamar, de forma a que esta passe a ser mais que um mero slogan de marketing e de propaganda.”
Conheço há muitos todos os elementos da direção da AABC e sei que, para além de excelentes pessoas com elevado discernimento intelectual, procuram sem reservas dar o seu contributo para a preservação das ondas de qualidade mundial existentes na Ericeira.
Estamos a falar de uma dúzia de ondas e praias perto de uma extraordinária vila que, no seu conjunto, atraem para Portugal milhares de surfistas e turistas que aqui se divertem em dias mais ou menos épicos e que, nos menos bons, se ocupam com a exploração de outros excelentes picos periféricos, ou até destinos culturais como Lisboa, Sintra, Óbidos, Mafra, etc.; deixando importantes dividendos na economia local e nacional.
Julgo que posso afirmar, sem margem para erro, que todos os cidadãos residentes e/ou frequentadores das ondas da Ericeira com quem contacto diariamente, concordam com a urgente necessidade de proteger e cuidar este espaço de país onde tenho o privilégio de residir.
Justo será dizer que também Hélder Sousa e Silva e a sua equipa têm consciência da importância da necessidade de preservar a EWSR e que terão, certamente, igual ou maior vontade de a desenvolver e preservar.
Recentemente, o presidente da Câmara Municipal de Mafra anunciou que o suporte para a comunicação da Ericeira passa a fazer-se não só em função do destino de Surf mas suportado pelas atividades "Outdoor" que a cidade tem para oferecer.
Uma belíssima mudança de estratégia, pela sua abrangência, que pretende aproximar dos surfistas e turistas um conjunto de atividades já existentes e por desenvolver no concelho de Mafra.
Ora, se assim é, estou convencido que atribuir à "World Surfing Reserve" da Ericeira estatuto de verdadeira Reserva Natural é o passo certo a dar e que, não só permite ir ao encontro das "obrigações assumidas perante a Save The Waves Coalition", como aumentará o apetite dos potenciais visitantes deste "novo” e melhorado destino turístico da Europa.
Desejo, por isso, para 2017, que a CMM e seus parceiros encontrem rapidamente forma de ultrapassar quaisquer que sejam as divergências existentes, e concretizem a almejada passagem da EWSR a verdadeira Reserva Natural que assegure os interesses da EWSR, os defendidos pela AABC e SOS, mas principalmente os dos cidadãos que habitam, trabalham ou visitam a zona.
Uma palavra final para dar os parabéns a Frederico Morais e toda a sua entourage que estão de parabéns pela excelente prestação na perna havaiana do circuito mundial de qualificação. Frederico chegou tremido ao Havai, mas, em jeito de pontapé na porta, não só garantiu um lugar no “Dream Tour" em 2017 (e espero que por muitos mais anos) mas obrigou também a World Surf League a oferecer-lhe entrada direta para o Billabong Pipe Masters, onde se apresentou como líder da Triple Crown.
Depois dos anos em que “Saca" correu o Tour, voltarei a ter um surfista favorito para seguir nas etapas da WSL da próxima temporada. Um 2017 para seguir com muito mais interesse e emoção. Obrigado Frederico e que seja um novo ano em grande. Way to go, Kikas!
Opinião: Miguel Ruivo