HÉLDER FERREIRA segunda-feira, 04 novembro 2013 11:34

HÉLDER FERREIRA

"A Linha de Cascais no anos 80 era como imagino a Califórnia nos 60’s"

 

Nome? Idade? Local? Hélder Ferreira, 48 anos, De sítio nenhum. Se tivesse de me considerar local de algum lado seria do Calhau em Carcavelos. A viver no Porto há tantos anos já fui também local de Espinho mas cansei-me de ser sexy.

 

Estudos/Profissão? 12º ano, mais alguma coisa de Engenharia de Materiais. Profissão actual, gestor, empresário, fiel de armazém, director financeiro, contabilista, vendedor, etc

 

Anos de surf? 32 anos de surf.

 

 Quiver? Rawson, 5’10”, 4 quilhas; Semente 5’10” Catcher; Al Merrick 5’8” Weirdo Ripper; Semente 6’0”

 

Porque escolheste praticar surf? A Linha de Cascais no anos 80 era como imagino a Califórnia nos 60’s, provavelmente o melhor sítio do Mundo nessa altura para ser um adolescente. O surf era natural. Viver em Carcavelos, estudar no Liceu do Oeiras, fazia parte.  Não comecei a fazer surf por nenhuma razão em especial, bastou passar a vida na praia e ter a esquerda do calhau a bombar dia após dia. E ver o Inocentes, o Aragão, o Astérix, o Peixe, o Luís Narciso, etc dias e dias seguidos naquela esquerda não podia deixar de nos influenciar. Um dia qualquer, em grupo, decidimos experimentar. Foi até hoje.

 

Praticas algum desporto complementar? Golfe. É outro que não é um desporto, é the greatest game ever.

 

Pico preferido? Reef na Ericeira e a esquerda do calhau de Carcavelos

 

Última surfada memorável que tenhas dado? Mareta, Sagres numa 7’4”, num levante no início de setembro, apesar das hérnias discais aos gritos.

 

Maior susto? Na Praia Grande, provavelmente por volta de Setembro de 86. Estava um mar grande e on-shore. Parti o shop e fiquei a nadar no meio do agueiro. Não sei quanto tempo nadei, até perder as forças. Convenci-me que já não saía dali e tive uma sensação incrível de sossego a pensar “já fui”. Pus-me a boiar, de costas à espera que o mar me levasse e o que me recordo melhor é da sensação de paz e de calma. Vindo do nada entrou um set gigante, vi uma onda a vir e  levei com ela em cima. Não sei como, fui aos trambolhões e quando dei por mim tinha água pelo joelho.

 

Última viagem de sonho? Costa Rica, Playa Grande, com o meu filho que na altura tinha 14 anos. Picos e picos off shore o dia todo com tamanho, de 2 metros a meio metro, e forma à escolha. E nos mesmo dias El Estero em Tamarindo, direitas a perder de vista só eu, o meu filho e dois velhotes de longboard

 

Competição ou freesurf? Freesurf sempre

 

Como está o surf actualmente? Muito mal e muito bem. O circo da ASP já não mexe com ninguém fora de Portugal ou do Brasil. Para mim, no dia que o Slater desistir do circo, a ASP morre. Sim, estão lá (quase) todos os melhores do Mundo, mas falta-lhe arte, falta-lhe a alma, falta-lhe surf. Aos fãs do WCT aconselharia um passeio na Califórnia, no Oeste da Austrália, na África do Sul. É aí que o surf está melhor que nunca. De experiências, de estilo de vida, de tudo.

 

Quem é a tua grande inspiração (nacional e internacional)? Nacional: O meu amigo Dapin, para mim, de longe e sem concorrência, o melhor surfista português de sempre, sem espinhas. E o incrível Alex Botelho. Internacional: Simon Young, Ozzie Wright, Dane Reynolds, Craig Anderson. Surf é aquilo.

 

Mensagem a deixar? Aos putos. O surf não é um desporto, é uma arte, uma forma de estar, um modo de vida e se houver um dia em que vocês acordem a pensar “hoje vou treinar” significa que não perceberam nada de nada e dediquem-se a outra coisa qualquer. Ao ténis ou ao futebol, por exemplo.

 

O que tens a dizer acerca dos 13 anos da SurfTotal? By surfers for surfers. Nunca um slogan se aplicou tão bem como à Surf Total. Vi a Surf Total, brain child do Almendra,  nascer, “tecnicizada” pelo meu amigo Zé Gonçalves, vi-a tornar-se na referência dos media de surf em Portugal e a luta incansável do progenitor para a tornar o que é para todos nós: essencial. 

 

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