Nos eventos da WSL são escolhidas a dedo as melhores ondas do mundo de forma a que os atletas de elite consigam desempenhar a melhor performance possível. Mas o mar é traiçoeiro e nem sempre colabora. Os organizadores auxiliam-se das previsões que apesar de serem fiéis, muitas vezes trocam as voltas em cima do acontecimento. É neste contexto que se reúnem estratégias e uma equipa por trás a minimizar os imprevistos. A janela de evento é criada já a pensar nisso e existem também directores de prova bem como surf-advisers. No Meo Pro Portugal, foi Miguel Fortes quem vestiu este último papel e cedeu-nos uma entrevista para explicar a sua função e como foi a gestão na etapa portuguesa.

Miguel Fortes é local da Ericeira, em particular dos Coxos, e conta com um vasto currículo ligado às competições. Ora como ex-competidor, ora como diretor de prova de eventos, tal como aconteceu no Capítulo Perfeito ou no mundial de júniores na Ericeira.

Supertubos em Peniche, sábado dia 5 de março | Créditos de imagem: Thiago Diz/World Surf League

P: O que é um surf-adviser num evento do CT da WSL?

R: O surf adviser nos campeonatos da WSL é alguém com o conhecimento local que ajuda o commissioner ou director de prova do evento nas decisões da prova, tentando dar as melhores condições possíveis dentro da janela do evento aos atletas.

P: Sabendo que houve duas semanas de surf incríveis nos Supertubos e, de repente, mal a prova começa as condições mudaram bastante, quais foram os grandes desafios que surgiram nesta prova?

R: O desafio neste evento foi termos que fazer dias muito compridos de sol a sol para tentar acabar a prova antes da tempestade que estava prevista. Além disso tivemos marés grandes que nos obrigou a parar a prova na maré vazia nos dois primeiros dias da prova.

"Eles são os melhores surfistas do mundo e as ondas dos Supertubos estiveram ao nível"

P: Um surf adviser substitui o director de prova ou trabalham em colaboração directa?

R: O surf adviser não substitui o director de prova, trabalham em conjunto nas decisões de condições do mar. Mas cabe ao commissioner a decisão final e também outras funções como falar com os atletas e dar as entrevistas em directo  para à WSL.

Frederico Morais no Meo Pro Portugal, domingo dia 6 de março | Créditos de imagem: Damien Poullenot/World Surf League

P: Achas que é fundamental estares no surf activamente e diariamente para teres esta responsabilidade?

R: Sim, acho bastante importante. Como tudo o que fazemos temos que manter o foco.

"Acho que todos em geral gostaram"

P: O que diziam os pro surfers da WSL sobre as ondas este ano?

R: Acho que todos em geral gostaram. Eles são os melhores surfistas do mundo e as ondas dos Supertubos estiveram ao nível. Ouvi comentários que no domingo de manhã, onde tivemos as melhores condições e fizemos overlapping heats, foi o melhor dia de competição nos Supertubos de sempre.

Griffin Colapinto no Meo Pro Portugal, domingo dia 6 de março | Créditos de imagem: Damien Poullenot/World Surf League

P: Supertubos produz ondas de classe mundial quando está bom. É o melhor spot para acolher um CT em Portugal? Que outros spots em Portugal poderiam permitir um CT?

R: Os Supertubos são sem dúvida o melhor spot para uma prova do CT em Portugal devido a sua consistência a nível de offshore e também por causa dos tubos que faz com que seja uma onda de classe mundial.

P: Algo mais a dizer?

R: Venham mais campeonatos como este.

Espectadores do Meo Pro Portugal | Créditos de imagem: Damien Poullenot/World Surf League