Português Joaquim Chaves está no Hawaii e é treinado por Richard Dog Marsh
A entrevista exclusiva à SurfTotal com Joaquim Chaves chega-nos do Hawaii
Joaquim Chaves, conhecido no meio do Surf como Quim Jó, aterrou no Hawaii para treinar e o tipo de mar que tem encontrado tem servido esse propósito de forma a superar alguns desafios, pôr a prancha fora da zona de conforto e limar algumas arestas.
Do seu lado tem Richard Dog March, também treinador do único português do circuito mundial, Frederico Morais. À superação em termos de tamanho vem somar-se a dificuldade em contornar o crowd.
Joaquim Chaves não só tem tido treinos práticos como se acrescentam os treinos teóricos ao estar a acompanhar de perto aqueles que são considerados os melhores surfistas do mundo a dominarem Pipeline, no Billabong Pro Pipeline. Uma boa escola para concretizar os objetivos que traçou para o ano competitivo de 2022.
Sob o seu olhar, foi-nos contado ainda como é a cultura do surf no Hawaii, uma realidade diferente daquela que se vive na Europa. E confirma-se: respira-se surf na ilha havaiana havendo pessoas com faixas etárias avançadas a surfar ondas acima de dois metros.
P: Estás num registo de treino ou de férias?
R: Estou num registo de treino. Estou a treinar com o treinador do Kikas e estamos a fazer um estágio de 1 mês e meio.
P: Como têm estado as ondas e quais são os maiores desafios que tens enfrentado no Hawaii?
R: Tem variado muito. Já apanhamos ondas muito boas e ondas muito grandes e com muito power. Esse tem sido sem dúvida o meu maior desafio e aquilo que tenho enfrentado mais.
"Tenho apanhado ondas muito grandes e com muito power.
Esse tem sido sem dúvida o meu maior desafio..."
P: Disseste na tua última publicação que sunset foi a onda mais difícil que já surfaste, porquê? E em que é que se difere face às outras ondas desafiantes do Hawaii, nomeadamente Pipeline?
R: É uma onda muito específica, onde se tem de surfar com pranchas sempre maiores. A minha prancha normal é 5’10 e eu ainda não surfei com menos de 6’1 em Sunset porque a onda ‘pede’ muita prancha. Tem muita força e que o timing das manobras também é diferente. É uma onda muito diferente de Pipe, porque apesar de poder eventualmente dar tubos, não é tubular, é mais massuda. Em Pipeline usa-se pranchas mais pequenas e preparadas para tubos.
P: Qual tem sido o foco de progressão no teu surf?
R: Eu e o Richard temos trabalhado em novas trajetórias que são precisas no surf de competição hoje em dia e também em tubos. Aqui no Hawaii o principal objetivo é a progressão nos tubos.
"A minha prancha normal é 5’10
e eu ainda não surfei com menos de 6’1 em Sunset..."
P: Como é o crowd no Hawaii comparativamente a Portugal ou outros países em que já surfaste?
R: É muito complicado principalmente nesta altura em que os surfistas do CT estão todos aqui. É um crowd difícil porque tem muitos locais, muita gente a surfar bem e muita gente a procurar o mesmo num espaço tão pequeno. Em Pipeline é um pico só e estamos todos muito concentrados. Em Portugal acaba por não ser tão complicado porque além de estares em casa, o crowd dispersa-se mais do que aqui.
P: Respira-se de facto surf no Hawaii? Qual é a cultura do surf que aí sentes e tens presenciado?
R: Nota-se muito a cultura de surf aqui no Hawaii. Já lá vão 3 gerações de surfistas aqui nesta Ilha e não é normal para nós mas chega-se a qualquer pico e tens pessoas de 60/70 anos, ou inclusive mais, a surfar Sunset com ondas de 2 metros, 2 metros e meio que nunca imaginarias ver com essa idade. Vês pessoas mais velhas de 70 anos com pranchas gigantes a surfarem e a conversarem entre si. É completamente diferente do que se vê na Europa.
"Aqui há pessoas de 60/70 anos, ou inclusive mais,
a surfar Sunset com ondas de 2 metros, 2 metros e meio
que nunca imaginarias ver com essa idade...."
P: Quais são os objetivos que tens para este ano competitivo de 2022?
R: É viajar o máximo que conseguir e em termos competitivos vou apenas fazer o Circuito Pro Júnior Europeu, a Liga Meo e alguns QS Europeus mas não garanto que vá fazer todos, o meu objetivo principal é mesmo o Pro Júnior.
Joaquim Chaves e o seu quiver para o Hawaii