"O sal corre nas veias dos portugueses desde cedo" - João Dantas
Falámos com atleta português na chegada à Austrália e as sensações são boas.
João Dantas(JD), atleta Surfing Clube de Portugal vai começar a sua participação na I Etapa do Circuito Mundial de Longboard (WLT), em Noosa (Austrália). Único representante português masculino, o Dantas vai entrar na 2ª bateria do round 48, fruto da sua excelente prestação o ano passado.
Falámos com ele na chegada à Austrália e as sensações são boas.
João antes de mais gostávamos de te perguntar como foi a tua experiência em um dos locais de surf mais icónicos do mundo?
JD- Ter a possibilidade de viajar até aqui nos últimos 3 anos só por si é uma experiência incrível. A cultura não só de surf mas de todos os desportos de ondas é muito diferente da nossa, o que é compreensível sendo um dos berços do surf mundial. Esta vivência é sem dúvida uma ajuda para a minha evolução como surfista, amante do mar, e também como pessoa.
O surf é um desporto cada vez mais evoluído, seja tecnicamente, seja pelo aumento do número de participantes que levam-no como uma forma de vida. Para ti o surf pode ser um meio capaz de ajudar a mudar as práticas exercidas pela sociedade? Tais como o consumo excessivo, poluição,...?
JD- Na minha opinião, qualquer pessoa que verdadeiramente goste de estar no mar, e que tenha uma verdadeira essência daquilo que o surf representa, nunca vai aceitar bem a poluição, ou tudo o que possa interferir com a beleza daquilo que é o surf e o mar. No entanto, com este crescimento vemos que muita dessa essência tem vindo a desaparecer, o respeito na água a diminuir, tudo a tornar-se muito mais banal... Por outro lado, é bom ver que as pessoas gostam deste estilo de vida e que as deixa feliz. É bom para a economia do surf e para a evolução. Mas é importante que se transmitam os princípios e os perigos daquilo que o surf representa, pelas escolas e pelos ícones e social media para que todos se possam divertir mais, com respeito e segurança.
João Dantas - Arquivo pessoal
João, encontras-te hoje na Austrália. Graças ao Longboard já visitaste várias zonas do mundo, sempre de SCP (Surfing Clube de Portugal) ao peito, sentes-te um verdadeiro viajante como os nossos antepassados?
JD- Através do longboard vivi os melhores momentos da minha vida e viajei por sítios incríveis. O Surfing Clube de Portugal é o meu clube desde sempre, e sem esse apoio hoje não seria possível estar aqui a abrir o circuito mundial de 2020. Sou eternamente grato por tudo aquilo que o Surfing Clube Portugal me proporcionou, por todo o trabalho que temos vindo a fazer em conjunto desde que me lembro. Irei sempre levar este clube no meu coração.
Quais são as tuas aspirações para este ano, no que toca a competições internacionais?
JD- O meu objetivo é sempre fazer melhor. O ano passado acabei o circuito mundial no 27° posto. O meu foco vai estar em melhorar esse resultado, aprender mais e evoluir o meu surf.
Nós portugueses, temos desde sempre uma ligação muito forte com o mar. Sabemos que vens de uma família de surf e de pessoas ligadas ao mar, desde cedo surfas na Capital do Império. Descreve o que o mar representa para ti.
JD- O mar é a minha casa. Não consigo ficar longe por muito tempo. É no mar que ganho a vida e que sou feliz. Seja a surfar, a velejar, a nadar ou só a olhar para o mar é onde eu vou estar bem. “Living in the Water” é o meu lema e descreve na perfeição a minha vida. O sal corre nas veias dos portugueses desde cedo. Tenho orgulho em ser português.
Entrevista por João Ferreira.