Atual líder do ranking mundial de Longboard quer vencer em 2017. Atual líder do ranking mundial de Longboard quer vencer em 2017. Foto: Poullenot/WSL quinta-feira, 12 outubro 2017 08:56

Chloé Calmon: “Meu maior objetivo é conquistar o título mundial”

Brasileira líder do ranking mundial focada em vencer em 2017…

 

A carioca Chloé Calmon, com apenas 23 anos, é a atual número 1 do Circuito Mundial de Longboard da World Surf League e acaba de garantir o 26.º pódio em 26 campeonatos em Malibu. O seu grande objetivo para este ano é “conquistar o título mundial”, após ter-se sagrado vice-campeã o ano passado e, em 2015, ter caído em terceiro lugar nas semi-finais mundiais. Chloé esteve de visita ao Centro de Alto Rendimento de Surf de Viana do Castelo, entre 13 e 15 de junho, e não poupou elogios às condições desta infraestrutura dedicada ao surf, à qual espera regressar em breve para fazer uma preparação antes de um campeonato. A decisão do título será em Taiwan, em novembro.

 

Quando e como o mar e o longboard entraram na tua vida? 

Não me lembro ao certo quantos anos tinha quando peguei minha primeira onda, pois, ainda bebé, meu pai me levava para a praia e me colocava em cima da prancha. Aos quatro anos comecei a nadar e isso me possibilitava passar mais tempo na água. Com 10 anos eu ganhei minha primeira prancha (uma funboard) e aos 12 tive o primeiro contacto com o longboard. E eu digo que foi amor à primeira onda!

 

O que te prende a esta modalidade?

O longboard é a raiz do surf, tudo começou com as pranchas grandes, pesadas e de madeira. Mesmo hoje em dia, com a evolução do equipamento e das manobras, é ainda algo muito versátil: pode-se seguir numa linha progressiva, na linha tradicional ou até mesmo apenas para deslizar... Tem várias maneiras de surfar de longboard e isso me encanta, pois todo dia posso fazer algo novo. Outra coisa que eu amo no longboard é que é o verdadeiro ballet do surf, uma maneira super feminina de se expressar em cima de uma prancha.

 

“Tem várias maneiras de surfar de longboard e isso me encanta,

pois todo dia posso fazer algo novo"

 

- Foto: Tim Hain/WSL

 

Qual é o estilo que preferes? 

O critério de julgamento nas competições pede um “mix” do estilo tradicional com o progressivo. Eu, como competidora, tenho que ter os dois bem equilibrados. Mas o estilo clássico é o que mais me encanta, pois é a cara do longboard, a raiz.

 

Como é ser uma das melhores atletas do mundo? 

Desde pequena, sonhava em estar entre as melhores surfistas do mundo, mas sempre soube que, para chegar lá, eu precisava suar e me dedicar muito. Viajar pelo mundo e conhecer outras atletas de culturas variadas é uma experiência muito enriquecedora. Essa troca de experiências é o que vale mais para mim. E, hoje em dia, ainda não cai a ficha de que sou a número 1 do mundo... Posso a afirmar que é o melhor sentimento do mundo, mas ainda tenho trabalho pela frente.

 

A tua juventude é um trunfo? 

Eu comecei a competir muito nova, aos 12 anos. Aos 14 virei profissional e com 15 entrei no circuito mundial. Já estou há oito anos no circuito mundial e ainda sou nova. Já vivi experiências muito boas e sei que ainda tenho muitos anos à minha frente.

 

“Hoje em dia ainda não cai a ficha de que sou a número 1 do mundo”

 

 

- Foto: Tim Hain/WSL

 

Já disseste que esperas que este ano seja o teu ano. Quais são os teus grandes objetivos para 2017? 

Meu maior objetivo é conquistar o título mundial. É nisto que coloco minha energia e meu pensamento diariamente. E acredito que acontecerá no momento certo... O primeiro semestre de 2017 foi muito bom. Conheci países novos e conquistei bons resultados (ganhei na Papua Nova Guiné e em Portugal). Espero que essa maré boa continue até ao fim!

 

Em termos de preparação, o que tens planeado? 

Como tenho um ritmo intenso de viagens e competições, a minha rotina muda sempre. Então, eu aproveito ao máximo cada dia para dar o meu melhor. Quando estou em casa, no Rio, eu aproveito para me focar mais na parte física e treino mais fora de água, a prevenir lesões e a manter uma boa preparação física. Em setembro, tenho a próxima competição na Califórnia, evento somente para convidados, em outubro, competirei no circuito nacional, no Rio, e, em novembro, embarco para Taiwan para competir na etapa final do circuito mundial e lutar pelo título.

 

Como desportista, quais são os teus objetivos a longo prazo? 

Sei que a carreira de atleta é curta, mas não vou desligar-me do desporto tão cedo. Claro que os resultados que eu busco e alcanço são uma grande satisfação pessoal, mas mais importante que isto é o legado que eu posso deixar para a nova geração, e de que maneira posso inspirar os jovens a correrem atrás de seus sonhos. No futuro, quero trabalhar criando oportunidades aos jovens através do desporto, seja realizando eventos, ou ajudando crianças em projetos sociais. O desporto já me deu tantos presentes na vida, que o mínimo que posso fazer é retribuí-los.

 

“Quero trabalhar criando oportunidades aos jovens através do desporto”

 

- Foto: Poullenot/WSL

 

Desde que praticas, quais as diferenças que encontras no longboard mundial?

O nível no circuito mundial é bem alto, pois são apenas 17 atletas a disputar um primeiro lugar, e, a cada ano, o nível sobe mais. Eu sempre levei a competição muito a sério, mas hoje em dia também vejo que é possível fazer amizades no meio, sem contar com as lições que aprendo após cada viagem, cada competição. A troca de experiências entre atletas da mesma idade, do Japão e do Brasil por exemplo, é algo divino!

 

Em junho, conheceste o Centro de Alto Rendimento de Surf de Viana do Castelo. O que mais gostaste neste espaço?

Eu nunca havia visitado um centro de treinamento específico para o surf, ainda mais com a estrutura que o CAR de Viana oferece. É o sonho de todo o atleta: acordar tranquilo perto da natureza, a poucos passos do mar, onde pode surfar; e usar as instalações do Centro como academia e fisioterapia, sempre a contar com profissionais prontos a ajudar-te. O trabalho com o surf adaptado a jovens com de ciência é algo extraordinário também. É realmente um trabalho incrível, que deve ter bastante notoriedade para que mais atletas saibam das instalações e que isto sirva de exemplo para futuros centros de treinamento voltados para o surf.

 

O que mais recordas da sua visita ao CAR Surf e à cidade de Viana do Castelo?

Do sítio maravilhoso em que o CAR se encontra! Ao redor do edifício, as árvores tornavam o ambiente tranquilo e, em poucos passos, já estávamos na praia. Conheci a Marta, que é cega e é aluna de surf do Surf Clube de Viana, e tivemos a oportunidade de apanhar umas ondas juntas. Com certeza, digo que surfar com a Marta foi uma das experiências mais marcantes da minha vida! Eu fiquei impressionada com a força de vontade dela e como ela se sentia bem ali dentro d’água: não reclamava da água fria, do vento e nem das ondas que nos pegavam de surpresa... Estava sempre a pedir pela maior onda! Fui muito bem acolhida por todos que conheci em Viana do Castelo, mesmo sendo minha primeira visita na cidade senti-me em casa! 

 

Para quando o teu regresso a Viana? 

Espero retornar a Viana o mais breve possível! Tenho planos de fazer por lá uma preparação antes de um campeonato, a fim de trabalhar para dar o meu melhor!

 

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Entrevista cedida por Surf Clube de Viana/Shark News 

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