A câmara do fotógrafo Pedro "Pikas" Pimenta imobilizou Lucas Chumbinho de pé, braços no ar, como um forcado a desafiar uma das maiores massas de água do dia, na Praia do Norte. E isso é dizer muito numa segunda-feira em que as ondas rondavam a casa dos 10 metros.

A Surftotal foi falar com o surfista brasileiro, "discípulo" de Carlos Burle, e tentar saber o que se passou naqueles longos momentos de aflição. E, antes de mais, percebeu que a aparente atitude de desafio era tudo menos isso.

"Foi bizarro, animal, uma parada fora do normal. Tinha apanhado a primeira onda da série, que era grande, e quando saí da onda olhei para trás e vinha vindo uma muralha, uma onda gigantesca quebrando na minha frente.  E a sensação foi: ‘eu não sou nada na frente dessa onda e vou ser dilacerado’..."

Depois do impacto de várias toneladas de água, Lucas conta que foi para o fundo e que nem o recurso a duas bombas insufláveis do fato isotérmico especial foram suficientes:

"Eu puxei duas bombinhas do Patagonia e nada, não subia... foi animal. Foi o pior caldo da minha vida, mas senti que estava na mão de Deus. E eu acredito muito nele, afinal estou aqui para contar a história. Mas foi sinistro. "

Se a experiência o deixou traumatizado? Lucas Chumbinho assegura que não. Foi marcante, sem dúvida, mas leva da Nazaré as melhores recordações.

"Peguei duas ondas na remada, apanhei umas bombas, puxei meus amigos para umas ondas, puxei o meu mestre Carlos Burlé...Nazaré é uma onda incrível, quando está grande, quando está pequeno, uma das melhores ondas que já surfei na vida e estou muito grato. E é isso.'Thanks Portugal!'"

*Uma ampliação do momento histórico captado por Pedro "Pikas" Pimenta. Esta perspectiva permite perceber ainda melhor o tamanho de Lucas em relação à espuma da onda na foto de capa desta entrevista. (Proibida reprodução.Direitos reservados Surftotal Multimédia Lda e Pedro Pimenta)