Filipe Jervis tem sido uma das boas surpresas na Liga Moche 2016, ocupando o sexto lugar no ranking. Filipe Jervis tem sido uma das boas surpresas na Liga Moche 2016, ocupando o sexto lugar no ranking. Foto: Pedro Mestre/Liga Moche sexta-feira, 05 agosto 2016 15:42

A LESÃO DE FILIPE JERVIS CONTADA NA PRIMEIRA PESSOA

O próprio atleta fez o favor de relatar à Surftotal como tudo sucedeu… 

 

Filipe Jervis é um dos mais ativos da costa portuguesa e foi um dos surfistas convocados para representar a Seleção Nacional de Surf no mundial da Costa Rica - prova que, aliás, inicia amanhã. A dias de partir para a América Central, o infortúnio bateu à porta do atleta quando este se lesionou-se numa normal sessão de treinos livres. 

 

Pela frente Jervis tem agora algumas semanas de recuperação e, por isso, ficou privado de cumprir o sonho de representar a Seleção Nacional e o país. A Surftotal foi tentar saber o que se passou na realidade, onde tudo aconteceu e como procura agora o atleta voltar ao topo de forma. Contado na primeira pessoa, eis então o esclarecimento que há muito se impõe: 

 

"A lesão deu-se na praia do Guincho, num domingo. Estavam umas ondinhas, perfeito para surfar e ganhar ritmo para o Mundial da ISA na Costa Rica. A meio da surfada apanho uma direita e, para atacar a junção, tive que fazer uma flexão do corpo na curva do bottom. Quando faço a extensão para bater no lip, eis que sinto um choque no músculo esquerdo, a meio das costas, que me fez perder toda a força no corpo. Acabei por embater no lip de uma forma algo cómica. Voltei para o outside com algumas dores e até cheguei a comentar com o Eduardo [Fernandes], um dos surfistas selecionados para a Costa Rica, que me tinha magoado nas costas de uma maneira estranha. 

Só na onda seguinte é que me apercebi da gravidade da situação, pois, ao pôr-me de pé, senti imediatamente dor pelo corpo todo. Ainda tentei dar uma manobra, mas senti-me muito preso e acabei por ter que me deitar para ver se as dores paravam. Saí da água todo empenado, fui até à toalha onde a minha namorada e a mãe se encontravam a fazer praia e elas aperceberam-se logo que eu não estava a andar bem, que parecia ter algum problema. Acabei por conseguir tirar o fato e deitei-me na areia para ver se recuperava ou se percebia o que se estava a passar. Quando foi hora de ir embora voltei a aperceber-me do quão mal estava uma vez que me custou horrores a levantar. 

Foi aí que decidi que tinha que ir ao hospital. Ainda deixei a mãe da minha namorada em casa, mas nessa altura comecei a sentir umas dores terríveis, talvez por estar sentado no carro, acabei por deitar-me dentro de casa e chamar uma ambulância. Teve mesmo que ser. 

No hospital fiz um raio-x e o médico, pouco depois, disse tratar-se de bloqueio muscular e das costelas e que, depois de levar uma injecção de relaxante muscular, podia ir para casa tomar anti-inflamatório e mais relaxantes. A minha reação foi logo pensar que poderia ter posto em risco a minha ida à Costa Rica, mas estava relativamente descansado porque achei que não fosse nada de grave. 

No dia seguinte fui a um osteopata que me foi recomendado, que me disse realmente que tinha um bloqueio mas que em princípio estaria bom no final da semana. A semana foi passando e, apesar de ter melhorado, continuei a sentir muitas dores. Não conseguia estar sentado mais de 10 minutos e era impossível dobrar-me. 

A determinada altura achei que tinha que reportar a minha situação ao selecionador nacional, David Raimundo, pois havia uma grande possibilidade de não estar em condições para viajar. Acabei por ser visto pelo fisioterapeuta da seleção, Gonçalo Saldanha, onde fiz todos os testes possíveis e imaginários para testar a minha mobilidade e ainda ver as dores que apresentava. No final chegámos à conclusão que não estaria em condições de partir com a comitiva. Principalmente pelo facto de ser uma viagem longa, as minhas costas não iriam aguentar...

Fiquei com muita pena, porque realmente estava nos meus planos este ano representar a Seleção e estava com mais pica do que nunca. Sei que no processo causei um bocado de stress à Federação e isso custou-me bastante. Aproveito para deixar aqui, mais uma vez, um pedido de desculpas, mas a verdade é que foi tudo muito em cima da hora. 

Neste momento estou em recuperação, entre osteopatia e relaxantes musculares, e, aos poucos, vou sentindo que tenho mais mobilidade e menos dores. Não posso deixar de agradecer à FPS o apoio e por me terem escolhido. Agradeço também a todas as pessoas que me têm apoiado desde que se soube que me lesionei. Esperemos que corra tudo da melhor forma possível na Costa Rica e que tragam muitas medalhas! Vou vibrar como vibraria se tivesse ido e vou estar a torcer por todos eles! Quanto a mim, resta-me repousar as costas e fazer reforço muscular para evitar mais lesões deste tipo."

 

Depois de tudo isto, só nos resta mesmo dizer: votos de rápidas melhoras, Jervis! 

 

- O tipo de abordagem que tem vindo a destacar o surf de Filipe Jervis em 2016. Foto: Pedro Mestre/Liga Moche

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