JOÃO REI: “O SAGRES SURF CULTURE É UMA CELEBRAÇÃO DO SURF E DA SUA CULTURA"
Evento tem lugar pelo quinto ano em Sagres e tem na partilha a sua forma mais pura…
Organizado pela primeira vez em 2012, o Sagres Surf Culture é um evento que em primeira instância nasceu da necessidade premente de se refletir sobre o estado da cultura do surf em Portugal, juntando intervenientes de várias áreas: da arte à sustentabilidade, passando pela história, criatividade e intervenção pública.
João Rei, “o homem do leme”, fez o favor de nos contar o que podemos esperar para a quinta edição deste fantástico evento que acontece já entre os dias 26 e 29 de maio, em Sagres.
Quinto ano do Sagres Surf Culture. Quais os maiores desafios que encontraram na organização desta edição?
O maior desafio com que nos deparámos está relacionado com o objetivo a que nos propusemos este ano: fazer desta quinta edição, de aniversário, uma edição especial que elevasse o paradigma do Sagres Surf Culture. Para isso quisemos trazer algumas das maiores referências internacionais da cultura de surf. O conceito manteve-se, a estrutura é que teve que ser ampliada. Dito isto, a nível de logística foi um desafio complexo, mas que encarámos com enorme entusiasmo para alcançar o nosso objetivo. E conseguimo-lo também com o apoio inexcedível dos nossos patrocinadores e parceiros. Uma palavra para todos eles, em especial para a Câmara Municipal de Vila do Bispo que acreditou neste nosso sonho e nos nossos objectivos desde a primeira hora.
“O registo do Sagres Surf Culture é sempre de uma grande informalidade,
de uma partilha genuína e de uma imensa generosidade"
Desde a primeira edição, como têm visto a evolução do evento?
O Sagres Surf Culture começou por ser uma reunião de pessoas ligadas a várias áreas da arte e da criatividade cujo trabalho era inspirado pelo surf. Passados estes anos continua a ser uma celebração da cultura de surf na sua essência, mas, pelos contributos que fomos tendo da gente extraordinária que por cá foi passando, extravasou para áreas que consideramos, também como surfistas, fundamentais abordar: a sustentabilidade, a história, o ativismo e a arte. A nível de estrutura, o evento manteve a sua organização deste sempre, assente nas exposições, nas palestras e no concerto, mas a programação – isto é, o conteúdo - foi sendo cada vez mais exigente. O que é curioso é que, apesar da profundidade com que os temas são abordados, o registo do Sagres Surf Culture é sempre de uma grande informalidade, de uma partilha genuína e de uma imensa generosidade. Como achamos que o surf deve ser. Quem vem, não esquece o que por cá viu e viveu. Quanto ao futuro, o Sagres Surf Culture não é um festival, nem um evento de massas, mas ainda tem imenso por onde crescer, sobretudo a nível qualitativo. Todos os anos aprendemos um pouco mais. Um coisa é certa: a nossa linha está muito bem traçada e é por aí que queremos seguir. Queremos continuar a celebrar a cultura de surf numa localização incrível, única e inspiradora como é Sagres. Portugal tem um longo caminho por percorrer nesta área mais cultural ligada ao surf. Queremos ser um mais um polo dessa reflexão que consideramos muito importante fazer. Há muito por aprender e partilhar. O surf é isso.
A quem se dirige em concreto o Sagres Surf Culture 2016?
De um modo geral, a todos os interessados em surf, arte e criatividade. A quem queira celebrar a cultura de surf, partilhando e aprendendo, num cenário pleno de envolvência com o mar e natureza. A lista de convidados deste ano é uma reunião de nomes como jamais se viu no nosso país e isso por si só merecia uma visita ao sul, mas há tanto para absorver que o melhor é aparecer e partilhar este "mind surfing" connosco.
"Uma celebração do surf e da sua cultura,
na sua forma mais importante: a partilha"
Esmeraram-se na lista de convidados para este ano. Como é que conseguiram fazer com que alguém tão icónico do mundo do surf como, por exemplo, Rusty Miller, viesse a Portugal e a Sagres concretamente...
Por incrível que pareça, foi facilíssimo convencer o Rusty Miller a vir até Sagres. O Rusty Miller é um surfista icónico, que não só se destacou nos campeonatos de surf nos EUA como nos line ups pesados do Havaí. Deu várias voltas ao mundo, conviveu com algumas das maiores lendas do surf – Miki Dora, Wayne Lynch, Michael Peterson, entre outros - e viveu uma era de grandes transformações no surf na Austrália, que registou como num foto-livro “Turning Point”, cuja exposição vai estar patente no Sagres Surf Culture. Foi também um dos surfistas presentes no “Morning of The Earth” (1972), que será exibido aqui em Sagres com o seu testemunho ao vivo. É um surfista de mão cheia com uma vida recheada, com imenso por contar e partilhar, e com imensa vontade de o fazer, mesmo dispensando qualquer tipo de protagonismo. Já o conhecíamos e o Rusty tem uma humildade, um “stoke" e uma energia notáveis. Quando o convidámos para o Sagres Surf Culture houve uma sinergia imediata e ele quis logo vir. Temos mesmo que olhar para pessoas como o Rusty para percebermos o que é realmente o surf! E deixem-me relembrar-vos que este senhor tem 73 anos de idade!
"A lista de convidados deste ano é uma reunião de
nomes como jamais se viu no nosso país"
Por último, que palavras dirias a alguém que nunca participou no evento e se sente motivá-lo a fazê-lo?
Diria apenas “apareçam”. Vão ser surpreendidos. Podem esperar um encontro cheio de conteúdo e significado, mas ao mesmo tempo num registo descontraído. Uma celebração do surf e da sua cultura, na sua forma mais importante: a partilha.
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Programa completo em www.sagressurfculture.com
Entrevista: AF