Por Patrícia Tadeia

É o nosso herói. Frederico Morais ainda está pelo Havai mas hoje, depois de umas ondas matinais e de um almoço reforçado, dedicou um tempinho a dar uma pequena entrevista à SurfTotal e, claro, esclarecer algumas das nossas curiosidades! Ficámos a saber que o Kikas que hoje vemos é o mesmo de há uma semana, e que tem sentido bem forte o apoio dos portugueses. Mas também tivemos uma má notícia. Frederico não estará presente em Pipe Masters. 

Agora, dois dias depois do teu grande dia, como te sentes?

Muito contente, sinto-me realizado e sinto que o trabalho que tenho vindo a fazer, compensou muito! Tive um grande ano.

Houve algum momento em que não acreditasses que aquilo que estava a acontecer era real?

Eu fui fazendo heat a heat e tentei não me deslumbrar, foi a minha primeira vez a competir no Havai, vim para cá com algumas expetativas, mas não estava à espera disto, apesar de saber que era possível. Acho que me superei.

Transparecias uma calma enorme, quer na água, quer fora dela. Como se mantém a calma numa situação destas?

Acho que, com calma, tudo se torna mais fácil e felizmente tive pessoas que me conseguiram transmitir essa calma, tanto na praia como por outros meios!

Que estratégia usaste em cada heat? Que te dizia o teu treinador?

Optei sempre por começar deep no pico e ir construindo os meus scores. O meu treinador sempre me disse, antes e durante o campeonato: "Isto é um campeonato em que tu podes ir à final, podes ganhar, apanha as melhores ondas".

Acerca da interferência, concordas com a decisão dos juízes?

Acho que é uma situação duvidosa, mas eu já estava à espera que fosse marcada interferência.

Como é fazer um hat-trick ao John John? Achas que ele está numa fase que é melhor já nem te ver à frente (risos)?

É bom ganhar ao "local hero" e ainda por cima com bom surf. Nós já competimos algumas vezes quando éramos mais novos e já o conheço há bastante tempo. Ele é uma pessoa muito simpática e humilde. Ainda hoje falámos na água, por isso acho que ele ultrapassou bem as derrotas em Sunset.

Na final, o teu pai confessou-nos que sentiste que te ficou a faltar uma onda. Sentes que de alguma forma "morreste na praia", ou um 4º lugar foi excelente para ti?

Acho que foi um excelente campeonato, faltou uma onda, eu sabia que era possível ganhar e acreditei até ao fim! Mas às vezes a onda não vem... e foi o que aconteceu, mas não deixou de ser um resultado incrível na minha carreira.

Durante a final, sentiste algum apoio da praia? Ouviam-se muitos gritos dos brasileiros a apoiar o Raoni... Dos locais ao Ezequiel Lau... Tinhas alguém a puxar por ti?

A onda de Sunset e longíssimo da praia, era impossível ouvir alguma coisa mas eu tinha os meus amigos mais chegados na praia, o Maxime Huschenot, Nicolau von Rupp, o Ryan Callinan. Sabia que tinha pessoas a torcer por mim e depois sabia que tinha Portugal a torcer por mim. Mesmo longe consigo sentir a força das pessoas.

Já tens novidades do wildcard para Pipe Masters?

Eu não vou entrar em Pipeline, recebi hoje uma mensagem a dizer que não tinha vaga. Tenho muita pena...

O Kikas de hoje é o mesmo que foi para o Havai há umas semanas? Ou mudou alguma coisa?

É o mesmo Kikas (risos).

A força do teu pai, nas mensagens que te manda, é essencial?

A força do meu pai... acho que não há muito a dizer. É o meu pai, é uma coisa que se sente, é família... um ídolo.