Em declarações à Surftotal, o Comandante Nuno Galhardo Leitão, do Instituto de Socorro a Náufragos (ISN) comentou a polémica que surgiu com epicentro em Aveiro a propósito dos cartazes afixados em algumas praias, que indicam uma proibição da prática de surf. Para o responsável do ISN, a questão não estará a ser bem interpretada. O comandante começou por referir a forte ligação entre o ISN e os surfistas.

"Como sabem, o surf - na promoção da segurança balnear - é um vector fundamental do Instituto de Socorros a Náufragos incrementar a prática desta modalidade, inclusivamente nós temos com o LIDL Portugal uma parceria muito forte, que é o Surf Salva, que dota os praticantes do surf de técnicas e perícias para que possam também eles ser salvadores", começou por dizer.

De seguida, o esclarecimento sobre as zonas vigiadas e as proibições. "Naturalmente que a prática de surf nas áreas de banhos vigiadas representa um conflito do espaço para fins diferentes. Isto é, não podemos ter numa praia vigiada - na zona próxima da linha de praia -, surfistas a praticar a modalidade, porque a própria prancha representa um perigo para o banhista para o qual o espaço é licenciado. No entanto, o que é que se entende por área vigiada? É a nossa opinião (ISN) que a área vigiada, é a faixa dos 50 metros desde a linha de costa até ao outside. Dentro desta área os surfistas não podem praticar esta modalidade - por representar um perigo direto para os utentes da praia. Fora desse espaço, naturalmente que os surfistas são uma mais valia para a praia, e o ISN desenvolve inúmeras ações para incentivar que essa prática seja desenvolvida nessas zonas de segurança não vigiada, mas por elas serem nas proximidades da área vigiada, representam uma mais valia na área do salvamento aquático. De tal forma que este grande projecto que estamos a desenvolver com o LIDL Portugal, que já está publicitado em vários espaços publicitários, nomeadamente na página oficial da Autoridade Marítima, é mesmo para incentivar esta prática da segurança, e do surf em espaços balneares onde por si só representa uma mais valia para a segurança.

Sobre a proibição nas praias de Aveiro. "Esta proibição que está nas praias de Aveiro é exatamente isso que estou a dizer, a Capitania do Porto de Aveiro não proibiu a prática de surf nas praias. Isso é uma má interpretação. O que o Capitão do Porto de Aveiro quis transmitir é que na zona de impacto, isto é nos tais 50 metros considerados para a prática balnear, não deve ser permitida a prática do surf. Fora desta área os surfistas podem praticar o surf, para lá dos 50 metros, e podem fazê-lo através da área vigiada, desde que não venham para terra a fazer surf até à linha de costa, porque isso representa um perigo para os utentes da praia", explica o Comandante.

"Podem entrar pelas zonas devidamente sinalizadas, que todas as praias deviam ter - e é essa a recomendação que o ISN vai divulgar -, uma zona como há para as embarcações, um corredor de acesso para que os surfistas possa entrar e sair em áreas pré definidas nas áreas vigiadas para que todas estas modalidades se possam desenvolver sem conflitos."

Sobre o número de salvamentos efetuados por surfistas, Nuno Leitão foi claro: "só no ano passado foram feitos mais de 80 salvamento por parte de surfistas. E daí esta grande preocupação que o ISN tem em puxar os surfistas para toda esta componente da segurança balnear."

Para finalizar, um esclarecimento importante: "Devem ser os capitães de portos, dentro das suas competências - relativamente ao ordenamento do espaço balnear -, exigir que o mesmo seja feito de forma a não existirem conflitos entre as diferentes modalidades."