Os mais atentos, repararam com certeza que na transmissão do webcast do Allianz ASP World Junior Championships 2014 tínhamos uma voz bem familiar. O luso-germânico Marlon Lipke encostou a prancha por uns momentos e assumiu o papel de comentador. A primeira vez que o tinha feito fora mais em brincadeira, com Tiago Pires, no Brasil, há uns bons anos. Agora, foi bem mais a sério. Afinal, ninguém – entre os comentadores – conhece tão bem os surfistas portugueses em prova, nem aquela onda. Marlon fez um excelente trabalho e os elogios não pararam de surgir, mesmo minutos antes de começarmos esta conversa com o surfista do algarve.

Como surgiu o convite para comentador nesta transmissão?

O Wes que está a organizar o staff aqui do campeonato mandou-me uma mensagem a perguntar se podia ajudar, porque eles estavam com falta de staff. Como estava mesmo a pensar vir cá acima para ir buscar pranchas à Semente, aceitei. Assim, vim ver os melhores juniores do mundo. E não é uma má preparação para o Prime do Brasil da próxima semana, porque mesmo depois do webcast tenho surfado. Foi uma boa experiência, estou a gostar muito!

Mas foi a primeira vez que comentaste uma prova desta importância?

Uma vez, há uns anos, num WCT no Brasil, também fui comentar uma prova com o Tiago Pires. Isto depois de termos perdido a prova, fomos comentar um heat. A organização gostou e convidou-nos para comentar até às finais. Formámos um bom team e o pessoal curtiu, recebemos muitas mensagens positivas. Mas já foi há muito tempo. Desta vez estava um pouco nervoso, no início. Mas depois vai passando e começas a habituar-te. A perceber melhor o que é importante dizer, e que não se pode repetir as mesmas coisas. Mas estou a gostar!

Tens a vantagem de conhecer bem alguns atletas e esta onda. Além de falares muito bem inglês. Há mais vantagens?

Acho que muitos comentadores fazem o seu trabalho muito bem. E às vezes até sabem mais do que eu sobre os surfistas. Mas há pormenores que só sabes se conheceres bem os surfistas, há muitos anos, porque competes contra eles. E nesse aspecto não há ninguém dos comentadores que conheça melhor o Vasco [Ribeiro] e o Tomás [Fernandes]. É de facto uma vantagem, mas estou principalmente a aprender com os outros.

Se ambos – Vasco e Tomás - fossem à final, tinhas um preferido? [a questão foi feita antes do término do campeonato que sagrou Vasco campeão do mundo júnior]

Não tenho uma preferência. Achei sempre que o Vasco era o favorito, mas ao ver mais imagens, vi que o Tomás tem a vantagem enorme de surfar muito esta onda. O surf dele é muito baseado nesta onda. Ele não faz muitos erros. Sabe gerir, fazer as manobras certas no momento certo. Gostava de ver os dois na final. Depois que ganhasse o que surfasse melhor. Espero bem que sim, e que tenhamos o primeiro campeão mundial de surf júnior português.

Falaste há pouco do Prime. Como te tens preparado?

Tem sido uma preparação mais em casa, trabalho físico, e mudei um pouco a minha alimentação, perdi uns quilos. Estou a sentir-me bem e preparado para o campeonato. Vai ser o úiltimo prime deste ano e depois é preparar-me para o próximo ano. Também estou motivado porque sei que vai ser uma onda que eu gosto [no Brasil], e o que tenho de fazer agora é surfar o dia todo, para me preparar o máximo possível.

PT