O Futuro do Surf em Portugal - A visão da O’Neill Portugal sobre o apoio a atletas e o ecossistema competitivo nacional sábado, 17 maio 2025 21:42

O Futuro do Surf em Portugal - A visão da O’Neill Portugal sobre o apoio a atletas e o ecossistema competitivo nacional

Nuno Santos, responsável pela O’Neill Portugal, partilhou com a Surftotal os principais critérios que influenciam o apoio da marca a atletas de surf,....

....assim como a sua visão sobre a visibilidade dos surfistas portugueses e os caminhos para melhorar o ecossistema competitivo nacional.

 

Que critérios pesam mais na hora de apoiar um atleta ou evento de surf?

Os critérios são diversos. Começamos pela base familiar do atleta e a forma como interage com a família, o que transmite valores como disciplina, humildade e ética de trabalho — essenciais para um equilíbrio saudável dentro e fora de água.
É importante que não haja pressão excessiva, mas sim um incentivo a uma mentalidade de crescimento, focada na aprendizagem e no desenvolvimento, especialmente nas fases iniciais da carreira.
Depois vem a mentalidade do surfista, a inteligência e, sobretudo, a sua cultura de surf. Também avaliamos a interação do atleta com a marca — como representa e vive os valores da O’Neill dentro e fora de água.
Em resumo: estrutura familiar sólida, dedicação profissional e imagem coerente com os valores da marca.

Acha que há visibilidade suficiente para justificar o investimento em atletas portugueses?

Sem dúvida que existe visibilidade. No entanto, cada investimento deve ser muito bem ponderado. Hoje temos surfistas com um nível técnico elevadíssimo em comparação com há 20 anos, mas nem todos reúnem os fatores que justificam apoio.
A família continua a ser um dos pilares — pela formação, dedicação e humildade. A disciplina mental é outro aspeto crítico: manter um atleta focado requer estabilidade emocional e um bom mentor para os momentos bons e maus.
Não pode haver acomodação. O trabalho árduo, a competitividade e a humildade são os elementos que realmente criam visibilidade e credibilidade para um atleta.
Felizmente, temos cada vez mais jovens atletas bem formados, com imagem cuidada e linguagem comunicadora. Acredito que esse perfil, aliado à performance, justifica plenamente o investimento.
No futuro, as redes sociais continuarão a ser relevantes, mas será essencial que clubes, associações e a federação invistam mais na imagem dos surfistas de topo, reforçando a confiança dos patrocinadores.

O que poderia melhorar no ecossistema competitivo português para tornar o investimento mais atrativo?

Não creio que seja necessário mudar radicalmente. Tudo começa nas bases. É fundamental reforçar a estrutura desde os clubes locais, que precisam de mais apoio dos municípios. Esse investimento permitiria atrair mais atletas para os eventos locais, aumentando a competitividade e preparando surfistas para o futuro.
Um dos sinais de alerta que observo é a atual escassez de atletas Sub-12. Se não for colmatada, poderá comprometer a competitividade nos próximos 6 a 8 anos — tanto em provas nacionais como internacionais.
Menos competitividade pode levar a menos interesse dos patrocinadores nos grandes eventos. A solução passa por fortalecer as fundações e apostar desde cedo no desenvolvimento do talento.

Este testemunho integra o Fórum Surftotal, uma iniciativa que pretende dar voz aos protagonistas do surf português — atletas, pais, clubes, marcas, escolas e dirigentes — para promover uma reflexão coletiva sobre o futuro do surf nacional.

 

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