Nuno Amado Nuno Amado Surftotal quarta-feira, 14 maio 2025 16:36

O Futuro do Surf em Portugal - “Os resultados competitivos contam muito pouco na hora de apoiar os atletas ou eventos de surf”

Nuno Amado, distribuidor da Ocean & Earth na Europa, reflete sobre o futuro do surf e os critérios de investimento em atletas e eventos....

 

No âmbito do fórum de discussão que a Surftotal está a lançar sobre o estado atual do surf competitivo e formativo em Portugal, começamos por ouvir Nuno Amado, responsável por uma das maiores empresas de distribuição de produtos de surf da Europa, representante de marcas como a Ocean & Earth, Firewire entre outras.

Com uma vasta experiência no mercado, Nuno Amado deixa claro que o investimento em atletas ou eventos de surf depende de múltiplos fatores – e que os resultados competitivos estão longe de ser decisivos.

 

Que critérios pesam mais na hora de apoiar um atleta ou evento de surf?

“Depende de muitos fatores distintos. Em primeiro lugar, do posicionamento das marcas envolvidas. No nosso caso, temos marcas mais generalistas e outras mais específicas – e os apoios têm de refletir isso. Outro ponto importante é o que a marca faz internacionalmente. Por exemplo, com a Firewire, tudo é gerido a partir dos Estados Unidos, e nós, localmente, não fazemos nada nesse sentido.

Depois, existe uma componente comercial, mais regional, que pode justificar investir em algo que nos traga benefícios diretos com os nossos clientes. Mas, no nosso caso em particular, o que mais nos interessa é a imagem fora do contexto competitivo: as redes sociais do atleta, como as trabalha (ou não!), se realiza ações diferentes do habitual e como as promove. Pode parecer contraditório, mas, honestamente, os resultados competitivos de um atleta importam muito pouco na decisão. Só se forem resultados com impacto mediático muito relevante – caso contrário, contam quase zero.”

 
Acha que há visibilidade suficiente para justificar o investimento em atletas portugueses?


“Claro que sim. E temos alguns atletas que sabem trabalhar muito bem a sua imagem. Os apoios variam conforme o impacto que o atleta consegue gerar. Infelizmente, gostava que fossem mais, mas ainda assim há uma dúzia de surfistas portugueses que trabalham muito bem com os seus patrocinadores.”

 

O que poderia melhorar no ecossistema competitivo português para tornar o investimento mais atrativo?


“Não acho que o caminho passe por alterar o formato competitivo para tentar atrair patrocinadores. O mais interessante são outros tipos de eventos: especiais, temáticos. Esses, normalmente, conseguem captar mais interesse mediático e, por essa via, dar mais retorno a quem investe.”

 

Esta entrevista integra o Fórum Surftotal: O Futuro do Surf em Portugal, uma iniciativa editorial que pretende reunir vozes influentes do surf nacional — desde clubes e escolas a marcas, atletas, dirigentes, pais e treinadores — para refletir sobre o momento atual da modalidade e os caminhos possíveis para o seu crescimento sustentável. Ao longo das próximas semanas, publicaremos contributos diversos que ajudarão a construir uma visão partilhada sobre os desafios e oportunidades do surf em Portugal.

Se representa uma entidade do surf nacional e gostaria de participar neste fórum, escreva-nos para info@surftotal.com.

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