Sri Lanka o Paraíso de surf mas atenção às bactérias
Rodolfo foi diagnosticado com erisipela.
Rodolfo Luís Machado, é arquitecto mas apenas em formação porque dedica maior parte da sua vida ao surf. Rodolfo é proprietário de duas escolas de surf, de um hotel, uma Guest House e de dois restaurantes, na Madeira e agora quer expandir o seu negócio do surf para Sri Lanka.
Durante a sua estadia em Sri Lanka, Rodolfo fez uma ferida no dedo do pé, não ligou, mas quando chegou à Madeira, as coisas complicaram-se.
A Surftotal esteve à conversa com o surfista e arquitecto onde nos contou a sua experiência no paraíso do surf, em Sri Lanka e como uma simples ferida podia ter mudado a sua vida ao ser diagnosticado com Erisipela.
*A erisipela(é uma bacteria comedora de carne) é uma infecção da camada superficial da pele que provoca feridas vermelhas, inflamadas e dolorosas, e se desenvolve principalmente nas pernas, rosto ou braços, apesar de poder surgir em qualquer parte do corpo. A erisipela tem cura quando o tratamento é iniciado rapidamente com antibióticos orientados pelo clínico geral ou dermatologista, como a Penicilina, entretanto, em alguns casos, esta doença pode voltar a surgir ou pode mesmo tornar-se crónica, sendo mais difícil de eliminar. Os sintomas desta doença geralmente aparecem de forma abrupta e podem ser acompanhados de febre superior a 38º e calafrios. Além disso, se a lesão não for tratada rapidamente, é possível que as bactérias causem acúmulo de pus, causem necrose da pele ou atinjam a circulação sanguínea, provocando infecção generalizada e, até, risco de morte.
erisipela vista ao microscópio -Drauzio Varella
A erisipela não é contagiosa, pois acontece quando bactérias que colonizam o corpo penetram através da pele por alguma entrada, geralmente, uma ferida, picada de inseto, úlcera venosa crónica, manipulação inadequada das unhas ou frieira e pé de atleta, por exemplo, e por estes motivos, é mais comum que a erisipela aconteça nos pés e pernas.
Rodolfo, conta-nos como decidiste ir da Madeira para o Sri Lanka? Já lá tinhas ido alguma vez?
Em fevereiro decidi ir ao Sri Lanka, um destino que já tinha em mente antes da COVID-19, depois de ter viajado por vários sítios do mundo, como a Indonésia, Hawai, California, Africa do Sul entre outros. O Sri Lanka sempre foi um destino que me despertou alguma curiosidade e com o alivio da pandemia, surgiu a oportunidade de visitar pela primeira vez. Fui com a minha família, e quando cheguei senti uma ligação muito forte com o local e com as pessoas. Percebi que não foi despropositado, o facto dos portugueses terem construído uma pequena fortaleza, quando lá estiveram, cujo o nome da cidade se chama Gal. Portanto, nós, os portugueses, tivemos um papel bastante importante no desenvolvimento da cultura e do comércio naquela zona, e hoje em dia, muitos dos cingaleses têm os apelidos mais comuns de Portugal.
Que tal as ondas? Foi a tua primeira vez lá? Quem te acompanhou?
Quem me acompanhou foi um senhor que conduzia os famosos Tuk Tuk’s. Eu e a minha família preparávamo-nos para ir comprar uns calções para a minha filha, quando esse senhor perguntou se queríamos os serviços dele, nós aceitámos e ele andou connosco para todo o lado à procura do melhor sitio para comparar uns calções e uma licra. Criámos ali uma amizade, uma empatia logo no primeiro momento. O nome dele é Camille Silva, só aqui podemos ver que o apelido é português.
Depois da surfada dissemos que queríamos estar com ele e conhecer um pouco mais da cultura e podíamos fazer um almoço com ele e com a família dele. Fomos a casa dele, uma casa modesta, para convivermos e conhecermos um pouco mais da cultura e partilhar um pouco da experiência deles connosco e vice-versa. No final do almoço, reparei que eles tinham, na sala, uma máquina de costura ardida, e perguntei de quem era, disseram que era da esposa dele, que trabalha numa fábrica, mas que ao mesmo tempo faz uns trabalhos em casa para ajudar a família. Acabámos o almoço e eu peguei na senhora e fomos a uma loja para lhe oferecer uma máquina nova. É claro que a partir daí criámos laços familiares. Com eles fomos aos templos budistas, vimos a cultura budista e conhecemos melhor Sri Lanka. Surfamos lá com eles, as ondas eram espetaculares, entretanto, com este senhor, surgiu a oportunidade de recuperar uma guest house. Passado dois meses fui lá para dar o sinal, para abrirmos uma pequena guest house de oito quartos.
Depois fui lá mais duas vezes, em Maio e em Outubro. Desta vez, fui surfar do outro lado, em Arugam Bay, uma onda de classe mundial que tem um ciclo oposto de Ahangama.
"O meu conselho é, quando se vão viajar e se aleijam, tentem sempre tratar das feridas. "
Sobre a tua ferida, conta-nos como surgiu?
Nesta ultima vez que lá fui, para iniciar as obras, conhecer o empreiteiro e toda a equipa, fiz uma ferida no dedo do pé que não valorizei e quando cheguei à Madeira, uma semana depois, comecei a ter 40 graus de febre de um momento para o outro. Fui para o hospital, e foi-me diagnosticado erisipela, que é uma bactéria que entrou no organismo e que se não fosse tratada a tempo já estava a subir a infeção pela minha perna esquerda. Tive que tomar penicilina entre outros medicamentos para estabilizar recuperar.
Qual o diagnostico? como esta neste momento? completamente curado?
Neste momento estou totalmente curado. No entanto, o meu sistema imunitário ficou totalmente em baixo e apanhei uma grande gripe, que ainda estou a recuperar.
Gostarias de dar algum conselho a pessoal que viaje para paraísos tropicais e cuidados a ter?
O meu conselho é, quando se vão viajar e se aleijam, tentem sempre tratar das feridas. Numa situação anterior, a minha mulher também se cortou nos corais, tratamos no momento com os médicos locais, portanto, quem viaja para sítios destes tem que ter atenção aos cortes e que sejam tratados da melhor maneira possível para que não causem problemas futuros.