DESAFIOS DA F.P.S DE SURF DURANTE OS SEUS 30 ANOS DE EXISTÊNCIA
A Federação Portuguesa de Surf fez este ano 30 anos de existência.
O orgão máximo do Surf Nacional, a entidade que regulamenta o surf no nosso país, fez este ano de 2019, três décadas de existência. Constituída em 1989 e liderada até 1992 por Antero dos Santos (advogado agora com 80 anos de idade), foi na Presidência do Vianense (1992 – 1994), Adolfo Stuart que viu a sua casa arrumada e organizada. Após isso mais quatro Presidentes passaram pela direção da Federação Portuguesa de Surf que é agora dirigida por João Aranha(desde 2013).
Estivemos à conversa com os diversos Presidentes que se dispuseram a lembrar a história deste importante orgão oficial do Surf.
O primeiro foi Adolfo Stewart que nos fala sobre as suas conquistas e desafios de então:
Adolfo Stewart - Presidente da Federação Portuguesa de surf
entre 1992 e 1994:
Qual o teu maior desafio enquanto Presidente da Direção da Federação Portuguesa de Surf?
O maior desafio foi o de ter de fazer tudo do nada. A Federação Portuguesa de Surf não tinha Sede, não tinha ficheiros dos federados, não possuia regulamentos desportivos ou calendário de campeonatos, nem directores ou funcionários activos, etc.
Porque razão decidiste concorrer com uma lista para a Presidência da FPS?
O que me levou a enfrentar o desafio foi a vontade de ajudar a desenvolver o desporto contando com a experiência da gestão do Surf Clube de Viana.
Como vês o estado do surf em Portugal na actualidade? O que achas que precisa de ser melhorado?
Para ser Franco não tenho tido tempo para acompanhar o estado actual do surf a nível nacional. Do que me é dado a conhecer tem felizmente tido muita mais exposição e divulgação do que no meu tempo. O que é muito positivo para o desporto.
Sobre os Clubes de Futebol entrarem este ano no Surf, caso fosses Presidente o que farias?
Estatutáriamente não se pode impedir um clube de se filiar e participar nas competições com atletas. Pelo que penso que deixaria que participassem desde que respeitassem o regulamento.
Qual a tua melhor memória enquanto Presidente da Federação Portuguesa de Surf?
A minha melhor memória foi com as condições que tenhamos na altura, ter a veleidade de ir ao Brasil e pedir para organizar o mundial em 1998 em Portugal. O que como se sabe consegui com a ajuda do Rui Felix. Foi um dos maiores desafios e conquistas. Orgulho-me também bastante de ter organizado o primeiro circuito nacional de bodyboard com provas patrocinadas pelos principais distribuidores de marcas de surf em Portugal, Billabong, Quiksilver, BZ etc.
Após Adolfo Stewart a Presidência da Federação Portuguesa de surf ficou entregue (1994 – 1996) ao Portuense António Azevedo, tendo sido entre 1996 e 2002 Presidida por José Soares, empresário e amante do Surf proveniente de Santa Cruz. Este ultimo por motivos de saúde entregou(Guilherme Bastos foi Presidente interino tendo sido eleito oficialmente em 2004) o organismo máximo do Surf português ao Vianense Guilherme Bastos que Presidiu com distinção à Federação Portuguesa de Surf por 11 anos( 2002 a 2013).
O segundo Presidente com o qual a Surftotal falou foi Guilherme Bastos que nos responde sobre as suas conquistas e desafios de então:
Guilherme Bastos - Presidente da Federação Portuguesa de surf
entre 2002 e 2013:
Qual o teu maior desafio enquanto Presidente da Direção da Federação Portuguesa de Surf?
Um dos maiores desafios, ainda não era Presidente, foi lutar e conseguir o acordo entre a FPS e a ANS que, julgo, alterou completamente o curso da história do Surf. Enquanto Presidente, foi conseguir que a Federação atingisse a máxima credibilidade junto de todos. O que me levou a enfrentar esses desígnios foi saber que, para atingir todos os objectivos desportivos e projectar a Federação no futuro, era necessário ultrapassar essas questões: o acordo com a ANS e a credibilidade.
Porque razão decidiste concorrer com uma lista para a Presidência da FPS?
O Surf, de uma forma geral e nos últimos tempos, tem evoluído de uma forma muito quantitativa, ou seja, vemos muitas pessoas a praticar mas não vemos a mesma correspondência em termos de qualidade e de condições. O que pode e deve ser melhorado, é a captação e acompanhamento de novos talentos: -formação e melhoria da qualidade do treino e de provas. Um dos indicadores é a idade média dos atletas top nacionais que subiu para cima dos 30 anos e é crucial voltar a uma média de 25/26, de forma a garantir o futuro.
Sobre os Clubes de Futebol entrarem este ano no Surf, caso fosses Presidente o que farias?
Relativamente ao assunto dos clubes de “futebol”, o que me parece, é que essas instituições pretendem angariar protagonismo e modernidade, o que não é necessariamente mau para o Surf tradicional. Convém ter em conta que são, de uma forma geral, associações com um enorme potencial técnico e financeiro o que pode ajudar a evolução do Surf. Temos de ver este assunto como uma oportunidade e não uma ameaça. A título de curiosidade, a FPS é uma instituição democrática e não pode recusar a inscrição de nenhum clube, mas em tempos, tivemos um regra que obrigava as associações a ter escrito nos seus estatutos um real e verdadeiro interesse pela modalidade de Surf.
Qual a tua melhor memória enquanto Presidente da Federação Portuguesa de Surf?
Tive inúmeras boas memórias! O contacto com todas as pessoas que de uma forma desinteressada lutaram e lutam pelo Surf, o acordo com a ANS, os circuitos nacionais, o crescimento da federação a todos os níveis, os resultados desportivos coletivos e individuais, os resultados dos atletas na ASP e APB, os Centros de Alto Rendimento, o reconhecimento da Federação a nível nacional e internacional, a evolução de todas das modalidades, o reconhecimento internacional do potencial das ondas de Portugal, etc. No entanto, existem, na minha memória quatro momentos: em 2005, uma onda, esquerda, na Caparica, do Miguel Ximenez, que confirma o título de Portugal como Campeão Europeu. No ano seguinte, na Califórnia, Manuel Centeno e Hugo Pinheiro são: campeão e vice-campeão do mundo. O orgulho de, na Irlanda, quando fomos novamente campeões europeus, baterem palmas à nossa passagem pelas ruas. E finalmente quando o Secretário de Estado do Desporto nos pediu para fazermos um projecto de implementação dos Centros de Alto Rendimento pelo país.
Desde 2013 que a Federação Portuguesa de Surf tem vindo a ser presidida por João Aranha.
*Mantém-te atento para as próximas entrevistas com o ex dirigentes do orgão máximo do surf nacional.
Presidentes da Federação Portuguesa de Surf (F.P.S.):
1989 – 1992 – Antero dos Santos
1992 – 1994 – Adolfo Stuart
1994 – 1996 – António Azevedo
1996 – 2002 – José Soares
2002 – 2004 – João Guilherme Bastos (presidente interino até às eleições)
2004 – 2013 – João Guilherme Bastos
Desde 2013 – João Aranha