Frederico Varandas* é um dos nomes que poucos portugueses não conhecerão ou já ouviram falar. Tem 38 anos, é capitão do Exército e foi diretor clínico do Sporting durante 7 anos. Demitiu-se, mas agora quer ser presidente do clube. O que nos levou a falar com ele? O facto de também ser surfista. 

Surftotal: Pode contar-nos que ilações retirou para o desporto de alta competição durante a sua experiência como médico oficial da Força Nacional destacada para o Afeganistão?

Frederico Varandas: O facto de ter sido médico de uma tropa especial deu-me uma experiência única, pois o treino fisico e mental de uma tropa como os Comandos é muito mais exigente que o desporto de alta competição. 

A experiência de guerra do Afeganistão foi uma "coisa surreal” e aprendi a conhecer qual o nosso real limite fisico. É óbvio que não posso exigir a mesma capacidade e os mesmos sacrifícios aos atletas, mas é verdade que me tornei muito menos tolerante a “pieguices”.  

“Quando vou de férias vou sempre para as Maldivas surfar

e desligo de tudo"

Continua a praticar surf ou foi apenas uma fase na sua vida? Como descreve essa experiência como surfista?

FV: Continuo a praticar, mas, infelizmente, não tantas vezes como gostaria. No meu dia-a-dia vai sendo difícil conciliar tempo para surfar, mas vou conseguindo de vez em quando dar uma escapadela ao mar. Quando vou de férias - infelizmente, não mais que uma semana - vou sempre para as Maldivas surfar e desligo de tudo.

O surf, ao contrário do futebol, é um desporto individual. Que cuidados acrescidos devemos ter com os atletas de desportos individuais como o surf?

FV: O surf, ainda assim, é um desporto com pouca incidência de lesões. Mas temos que ter especial atenção aos entorses de joelho e de tornozelo.

“Os clubes têm de acompanhar o aumento das atividades desportivas 

praticadas especialmente pelas novas gerações”

Quais os conselhos que daria aos surfistas de alta competição de forma a prevenirem as lesões tão recorrentes mesmo nos jovens de hoje em dia?

FV: É importante fazer sempre um trabalho de reforço muscular e de trabalho propriocetivo. (N.E.: Perceção ou sensibilidade da posição, deslocamento, equilíbrio, peso e distribuição do próprio corpo e das suas partes)

Por último, sendo também um grande apoiante das outras modalidades desportivas, é possível algum dia os clubes apostarem no Surf?

FV: Acredito que sim. Os clubes têm de acompanhar o aumento das atividades desportivas praticadas especialmente pelas novas gerações... e o surf é, sem dúvida, um desses casos.

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Entrevista_ Bernardo “Giló” Seabra

* Frederico Varandas é especialista em Medicina Física e de reabilitação e em Medicina Desportiva, Licenciado em Medicina pela faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Lisboa, Graduado em Medicina Militar e Pós-Graduado em Medicina Desportiva.