Carve bem expressivo na Azarujinha. Carve bem expressivo na Azarujinha. Foto: Miguel Caria segunda-feira, 12 junho 2017 16:10

Alexandre Ferreira: “Não há nada como estarmos em contacto com aquilo que mais amamos"

Entrevista exclusiva com um dos nomes de referência do surf nacional… 

 

Alexandre “Xaninho” Ferreira é um dos emblemáticos surfistas nascidos numa das praias de grande tradição do surf nacional - a Poça, em São João do Estoril - e também um dos nomes de destaque a sair da geração de 90. De linhas claramente marcantes, desde sempre, um destes dias, aproveitando um dos intervalos da sua concorrida oficina de reparações de pranchas de surf, concedeu-nos 5 minutos do seu tempo. 

 

Iniciaste-te a surfar na praia da Poça. Como justificas o facto da Poça ter criado tantos e tão bons surfistas ao longo dos tempos?

Alexandre Ferreira: Quando se fala da Poça, falamos também da Azarujinha e da Bolina. Estes três picos viram-me crescer e o facto de serem praias pequenas fizeram com que houvesse união entre os surfistas, dentro e fora de água, de uma forma muito competitiva. Esta competição saudável levou a que as surfadas diárias se tornassem mais exigentes no sentido de melhorar a técnica de cada manobra e a leitura de mar, fatores importantes que completam um bom surfista. Na minha opinião, todos estes aspetos ajudaram a revelar os melhores surfistas a nível nacional.

 

De que forma o Circuito Lightning Bolt influenciou a tua geração dos anos 90?

Bem, o Circuito Lightning Bolt proporcionou a uma geração de novos surfistas uma carreira desportiva limpa, pois o surf até então era considerado um desporto marginalizado. Desde então, o surf em Portugal tomou outras proporções com o aparecimento dos programas televisivos Portugal Radical e do Sem Limites que faziam a cobertura dos eventos e trouxeram outra exposição mediática a esta vertente desportiva. Por sua vez, também trouxeram novos patrocinadores que ajudaram a elevar a fasquia. A Lightning Bolt foi, sem dúvida, uma marca significativa no meu percurso, não só por apostar no meu surf bem como por me oferecer inúmeros momentos que estarão para sempre comigo nas minhas memórias e que, por consequência, me tornaram a pessoa que sou hoje. Tal como a Lightning Bolt, eu também sigo o mesmo lema - Pure Source! A eles deixo um grande OBRIGADO por tudo!

 

“Não há nada como estarmos em contacto

com aquilo que mais amamos"

 

- A cruzar os cilindros da Praia da Poça. Foto: Filipe Sousa 'Gatinho'

 

O teu surf é feito de linhas definidas, muito fluido e com um bottom-turn bem marcante mesmo na base da onda. Quem foram as influências que acabaram por marcar esta tua forma de surfar?

Desde pequeno que tive o acompanhamento de um grande treinador/patrocinador, o Miguel Ruivo. Sinto-me grato pelo Miguel se ter cruzado na minha vida, pois teve uma grande influência no meu percurso, tanto a nível pessoal como profissional. Foi uma pessoa que me ensinou muita coisa, em todos os aspetos. O Occy e o Tom Carol são outras influências que levei e levo em consideração no meu surf. 

 

Neste momento qual o papel do surf na tua vida?

O surf fará sempre parte da minha vida! Usufruí de todas as fases que abrange a modalidade e hoje em dia considero-me sortudo por trabalhar numa área direta ao mesmo, nas reparações de todo o tipo de pranchas através da Xaninho Boards Repair, localizada em São João do Estoril. Esta área permite-me, inclusive, lidar diariamente com os melhores surfistas nacionais e ainda internacionais, bem como ter a felicidade de ter pranchas que fizeram história a passar nas minhas mãos. Todo este conjunto de fatores fazem-me estar ligado ao surf em todos os sentidos e não há nada como estarmos em contacto com aquilo que mais amamos.

 

“Hoje em dia considero-me sortudo por

trabalhar numa área direta ao Surf” 

 

- Em alta velocidade pelos lips da Bolina. Foto: Miguel Caria

 

Última questão. O que pensas desta nova geração?

Esta nova geração está no bom caminho. Portugal tem, neste momento, escolas como a APS que criam condições para formar novos atletas, fornecendo-lhes todos os mecanismos para chegar ao mais alto nível. Exemplo disso é o Frederico Morais que já se encontra na 1.ª Liga do surf mundial, e também o Vasco Ribeiro e a Teresa Bonvalot que para lá caminham.

 

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Entrevista: Bernardo "Giló" Seabra

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