Leandro Sieves: “Quis fugir à violência e procurar a realização dos meus sonhos”
Uma aventura que resultou numa história de vida…
Há 16 anos atrás, Leandro Sieves juntou-se ao irmão numa aventura por Portugal. Acabou por ficar por cá e não se arrepende. Entre uma ou outra sessão de surf em que vai marcando presença ao longo da costa lusa, vai dando também azo a uma das suas outras paixões, a Fotografia. Recentemente, no início de abril, esteve em destaque ao registar a armada internacional da Volcom na mais famosa slab portuguesa, a Cave. A Surftotal decidiu conhecê-lo melhor.
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Surftotal: Fala-nos um bocadinho do teu percurso. Idade, de onde vens e como acabas a viver em Portugal?
Leandro Sieves: Tenho 36 anos, sou natural de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Vim para Portugal tinha 19 anos, em 2001, numa aventura conjunta com o meu irmão gémeo, Felipe Sieves. Quisemos fugir à violência e procurar a realização dos nossos sonhos. Hoje posso afirmar que já realizei muitos mais do que uma vez imaginei.
Como surfista que és, quais te parecem ser os principais trunfos de Portugal relativamente ao surf?
LS: Na minha opinião, nos últimos três anos o país tem vindo a crescer de uma forma gigantesca e muito bem estruturada. Hotéis, praias com belíssimas infraestruturas, qualidade inquestionável de ondas perfeitas ao longo da costa atraem, cada vez mais, surfistas praticamente durante todo o ano.
“Ondas perfeitas ao longo da costa atraem surfistas
a Portugal praticamente durante todo o ano"
- Leandro numa sessão clássica, porém pesada, nos Supertubos. Foto: Arquivo Pessoal
E como entra a Fotografia na tua vida?
A fotografia virou uma paixão na minha vida depois de presenciar grandes dias clássicos pela costa, como por exemplo na Nazaré nos dias grandes, nos Coxos nas suas sessões mágicas e por aí fora.
Fala-nos daquela sessão na Cave com o Team Volcom. Como foi estar em terra a fotografar?
Neste dia incrível e de poucas horas de surf na Cave, a sessão apareceu como um presente dos céus. Eu estava a ir com os meus pais e a minha mulher até Santa Cruz, com o objetivo de lhes mostrar um pouco mais da linda costa portuguesa, quando ao chegar ao topo de Ribeira d’Ilhas a minha mãe e a minha esposa fizeram questão de frisar que havia muitos carros estacionados na Cave. Uns dias antes eu já lhes tinha mostrado o local para conhecerem a sua beleza. De imediato, fizemos uma pausa na visita a Santa Cruz e fomos ver o que se passava. Quando chegámos foi uma realização de um sonho, foi demais ver esta onda tão mística com surfistas a cruzarem altos tubos…
Quem dirias que mais se destacou pelo à-vontade e atitude demonstrados?
Com certeza, um dos que se mostrou mais confiante foi Gony Zubizarreta e ainda o australiano Noa Deane.
"Quando chegámos [à Cave] foi uma realização de um sonho,
foi demais ver esta onda tão mística com surfistas a cruzarem altos tubos"
- Segundo Leandro, Noa Deane apanhou a onda da sessão na Cave. Foto: Leandro Sieves
A onda da sessão foi para…
A meu ver a onda do dia foi para o Noa [Deane]. Depois de um drop insano, ele entrou num tubo ainda mais incrível com várias “placas" monstruosas a caírem à sua frente.
De uma forma geral, como te parece estar o surf português?
O surf português tem vindo a crescer muito nestes últimos anos. Há cada vez mais surfistas a mostrarem o seu talento pelas etapas do 'QS e agora também o “Kikas" a destacar-se no CT. Ele tem muito "power surf" e um grande suporte por trás que está a fazer toda a diferença, seja nos treinos como no foco.
"Há cada vez mais surfistas portugueses
a mostrarem o seu talento pelas etapas do QS"
- Gony Zubizarreta a destacar-se pelo à-vontade na slab lusa. Foto: Leandro Sieves
Quais os surfistas portugueses que mais gostas de ver?
Sem dúvida, o Frederico Morais. Há muito tempo que acompanho as suas surfadas pela costa portuguesa. Há uns três anos atrás, após uma surfada incrível no Guincho, cheguei a frisar que seria um grande candidato a integrar a elite mundial de surf. Também gosto muito do Francisco Alves e do João Guedes, da “vibe" e do seu jeito simples de ser como surfistas; da atitude de Nicolau von Rupp e, claro, dos monstros António Silva e João de Macedo, dos quais sou fã pela garra e forma como encaram cada sessão nesses dias tão pesados.
O que reserva o futuro?
Não faço muitos planos para o futuro. Hoje em dia vivo mais o presente, agradecendo cada dia que passou e aplaudindo um dos melhores lugares do mundo, Portugal, agora mais precisamente a Ericeira, a terra do SURF.
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