TRIBUTO AO SURF PORTUGUÊS
A análise da redação ao filme documentário "Saca, O Filme de Tiago Pires”...
Foi ontem que o documentário "Saca, O Filme de Tiago Pires” estreou oficialmente por várias salas de cinema do país. Neste preciso momento, está presente em sete salas espalhadas de norte a sul e Portugal e cujos horários podem ser consultados aqui.
De um modo geral, o filme exprime bem o que é a personalidade de Tiago Pires, o que sentiu e sente em relação à competição e à sua presença no Championship Tour, com a realização a oferecer-nos uma imagem nitidamente nostálgica da sua vida.
No entanto, desengane-se quem está à espera de ver um documentário que revele simplesmente surf de alto nível e os meandros do surf da elite mundial, onde supostamente reinam as viagens, apenas momentos de alegria e outras coisas muito muito positivas. Este é um trabalho que podemos considerar de muito realista no sentido em que nos são dados a conhecer os sacrifícios que o surfista português teve que fazer nos anos que passou a competir na World Surf League, bem como todo o esforço e a força que foram necessários para conseguir estar, com sucesso, no World Tour durante tantos anos.
A determinada altura, aqui e ali, são várias as personalidades que são evidenciadas pela realização. Zé Seabra é um dos casos que não podia ficar de fora, pois foi uma das pessoas que mais apoiou Tiago ao longo do seu trajeto, sendo mesmo o seu mentor desde miúdo. Outros elementos do Tour também são destacados, pois, mesmo não sendo portugueses, sempre o acarinharam. E isso deve-se muito à própria maneira de ser do Tiago que sempre apresentou um bom caráter e soube ser um atleta exemplar.
Também há outros testemunhos importantes de personagens do mundo do surf, como são os casos de Kelly Slater e Martin Potter, que falam da parte que os surfistas mais sacrificam, nomeadamente, o número de derrotas na carreira de um atleta que é sempre muito superior ao número de vitórias (inclusive no caso de Kelly Slater). O aussie Joel Parkinson também dá dois dedos de conversa sobre um heat mais aceso que teve com o português...
O documentário foi preparado para ser visto por pessoas que fazem surf e por pessoas que não fazem surf. O Júlio Adler apostou na carga emocional - e bem - que acaba por se enquadrar muito bem na forma como o povo português vive os acontecimentos. No fundo, como Tiago também o faz. No final ficamos com uma noção, agora melhorada e renovada, do que foi a realidade do surfista da Ericeira no circuito mundial de surf.
"Saca, O Filme de Tiago Pires” tem 106 minutos de duração e está dividido em duas partes, sendo que a primeira é declaradamente mais dinâmica e observa-se muito bem; podemos até dizer que passa num instante. A segunda é mais longa, com mais cenas de surf, onde o realizador optou por inserir outros intervenientes que neste momento lutam pelo seu espaço no WCT. Falamos principalmente de Vasco Ribeiro e de Frederico Morais, mostrando-nos um pouco da ligação entre estes dois e o Tiago, o passado e o presente juntos.
Luís Figo, outros desportistas, a sua mãe, a sua mulher, o seu psicólogo desportivo, entre outros, são convidados que oferecem “inputs” e informação deveras importante ao longo do documentário, apenas para nos ajudar a situar ao longo da película e a colocar as peças no puzzle.
Como foi referido a determinada altura, o Saca pode não ser o mais talentoso nem ter o surf mais evoluído, mas é um surf que possui as manobras básicas e que usa muito os rails de forma eficaz. É algo muito caraterístico. Algo que, hoje em dia, nem todos conseguem fazer. Além de ser muito disciplinado e trabalhador.
Em suma, vale mesmo a pena ver este documentário que se traduz no primeiro filme de Tiago Pires… mas que é também um belo tributo ao surf português. Obrigado Saca.