Eduardo Fernandes e Teresa Bonvalot triunfam na Praia Grande

Decisão do título nacional masculino adiado para Outubro.



O terceiro e último dia do Allianz Sintra Pro, quarta etapa da Liga MOCHE (circuito nacional de surf e principal competição nacional), proporcionou mais um grande espectáculo competitivo e uma autêntica reviravolta na corrida aos lugares cimeiros do ranking nacional masculino, bem como à desse título.


Depois da surpreendente eliminação de Tiago Pires ontem à tarde, esta manhã, nos quartos de final homem-a-homem, assistimos a mais duas grandes surpresas – Frederico Morais e Vasco Ribeiro, principais protagonistas na corrida aos títulos nacionais dos últimos cinco anos, foram eliminados em quinto lugar, a par dos seus companheiros de circuito mundial José Ferreira e Tomás Fernandes.


Novamente com ondas de meio metro a um metro, razoáveis, para as meias finais avançaram assim quatro “goofies” (surfistas que colocam o pé direito à frente, na prancha), o que não acontecia numa etapa da Liga MOCHE há muito tempo!


O local Nicolau von Rupp bateu José Ferreira nos quartos de final; João Guedes, campeão nacional em 2009, eliminou o surfista mais em forma até aqui, Frederico Morais, numa bateria muito renhida e disputada até aos últimos segundos; Eduardo Fernandes ultrapassou o júnior Tomás Fernandes no heat mais disputado desta fase; e o algarvio Marlon Lipke, ex-membro da elite mundial, terminou a sua bateria melhor que Vasco Ribeiro, deixando o tri-campeão nacional de surf em título igualmente em quinto lugar, mas já fora da corrida ao deste ano.


As meias-finais foram igualmente muito disputadas, acabando por vencer o conhecimento local de Nicolau von Rupp e a concentração de Eduardo Fernandes, que assim deixaram João Guedes e Marlon Lipke em terceiro lugar ex-aequo, o melhor resultado de ambos na Liga MOCHE deste ano.


Na final encontravam-se assim dois surfistas que em 2015 ainda não tinham mostrado o seu real valor na principal competição do surf português. Mas se as apostas na vitória favoreciam o conhecimento local de Nicolau von Rupp, acabou por ser a consistência e foco competitivo de Eduardo Fernandes a prevalecer, conquistando a sua primeira vitória na Liga MOCHE em quatro anos e deixando o vice-campeão mundial por equipas num honroso segundo lugar, ainda assim.


Eduardo saiu da água carregado em ombros pelos amigos e família presentes na Praia Grande, confessando emocionado a sua alegria por esta vitória. “Tive um início de ano difícil, com uma lesão no pé que me impediu de fazer surf, andar... qualquer coisa, na verdade. Mas depois recuperei e este último mês treinei bastante para obter um bom resultado. Estou mesmo muito feliz por conseguir alcançá-lo! Agora é continuar assim, pois há mais uma etapa da Liga MOCHE este ano para tentar terminar numa boa posição do ranking nacional. Também gostava de recuperar um patrocinador principal, pois perdi o meu no final do ano passado, por isso vou aplicar-me na próxima etapa e nas do circuito mundial de qualificação na Europa!”, afirmou o vencedor do Allianz Sintra Pro, que foi mesmo o surfista com as melhores pontuações em todas as fases deste último dia.


Com esta reviravolta surpreendente e algumas ausências nesta etapa, o ranking nacional de surf masculino sofreu fortes alterações. A mais importante prende-se com a conquista do título nacional na última etapa, que já só poderá ser de Frederico Morais ou de Tiago Pires. Apenas estes dois atletas poderão sagrar-se campeões nacionais em 2015, com vantagem para Frederico, que poderá consegui-lo taxativamente caso chegue às meias-finais dessa prova. Já Tiago terá de vencer a etapa e esperar que Kikas não termine em terceiro lugar ou melhor... para ficar atento, mas só em Outubro.


Já no que toca à Allianz Triple Crown, um troféu paralelo que atribuiu um prémio extra aos melhores surfistas masculino e feminino nas três etapas com naming sponsor da Allianz (Ericeira, Costa de Caparica e Sintra), Tiago Pires acabou mesmo por conquistá-lo, uma vez que Frederico e Vasco não avançaram mais nenhuma fase hoje, ou seja, não ultrapassaram a liderança de Saca por escassos pontos. Tiago embolsou assim 4.350€ extra pela sua regularidade, acabando por ser um dos grandes vencedores do dia, mesmo não vestindo sequer a lycra de competição.


Na prova feminina, Teresa Bonvalot venceu tudo o que havia para vencer! A actual campeã nacional, de 15 anos, conquistou a vitória no Allianz Sintra Pro, na Allianz Triple Crown e ainda o Ramirez Junior Award, um troféu que premeia os melhores juniores da Liga MOCHE com 2.500€ anuais e que conta com objetivos intercalados ao longo das cinco etapas mas que, no caso específico de Sintra, teve o seu foco nas surfistas Sub-18 femininas.


Na final feminina, Teresa deixou a sua colega de equipa e campeã nacional em 2013, Carina Duarte, numa segunda posição muito próxima, a vencedora da segunda etapa deste ano, Camilla Kemp, no terceiro lugar e a surpreendente local Leonor Fragoso num honroso quarto posto. Nas meias finais, destaque para o quinto lugar ex-aequo de Ana Sarmento e da júnior Inês Bispo, cada vez mais próxima de uma final na Liga MOCHE, bem como para o sétimo posto de Tânia Oliveira e Camila Costa.


“As condições estavam difíceis, mas faz parte do jogo escolher as melhores no meio de tantas ondas. Estou feliz com a vitória e espero que as próximas duas etapas contem com boas ondas. Tive de fazer uma opção importante, para poder estar aqui a competir, mas acabou por compensar, pois deu mesmo tudo certo!”, comentou a campeã, que já soma duas vitórias e dois segundos lugares na Liga MOCHE 2015.


No caso das senhoras, existe uma prova extra-Liga MOCHE, em Setembro, a contar igualmente para o ranking nacional de surf feminino. Sendo assim, no caso das meninas contam as cinco melhores etapas para o resultado final, ao invés das quatro melhores, como no masculino.


No final do Allianz Sintra Pro, Francisco Rodrigues, presidente da Associação Nacional de Surfistas, afirma que “esta foi uma óptima etapa, cheia de emoção! Primeiro na eventual conquista antecipada do título nacional masculino pelo Frederico Morais que, infelizmente para ele, acabou por não conseguir. Fica assim a decisão para Cascais. Por outro lado, havia a emoção de saber quem iria levar os cheques gordos da Allianz Triple Crown... acabaram por ir para o Tiago Pires e a Teresa Bonvalot – parabéns para eles! Vamos agora seguir atentamente o Miss Sumol Cup, em Setembro, onde a Teresa pode voltar a sagrar-se campeã nacional antecipadamente... e depois estamos muito entusiasmados com a última etapa da Liga MOCHE, para ver qual será o desfecho da corrida ao título nacional masculino. Boa sorte para todos!”


A Liga MOCHE 2015, que distribui mais de 70.000€ de premiação aos surfistas, regressa dias 8, 9 e 10 de Outubro, em Cascais, para a sua derradeira etapa.

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