Se dúvidas houvessem que o Billabong Pro Tahiti é uma das provas mais espetaculares de sempre, hoje elas acabaram por se dissipar por completo. Seguramente, um dos eventos do World Tour com a maior percentagem de notas altas e mais interessantes de seguir. 

Depois de dois dias de boas ondas, mas também muita inconsistência de swell, o que gerou alguns protestos e comentários nas redes sociais, a sétima etapa do Samsung Galaxy Championship Tour forneceu hoje ondas perfeitíssimas de 2 a 3 metros, com a consistência que era esperada. 

Como já era de esperar, face ao desempenhos bem sólidos das rondas anteriores, Kelly Slater esteve em larga evidência neste último dia em Teahupoo. A juntar ao 10 conseguido na ronda 4, o 11x campeão mundial juntou outras duas notas 10 no round 5, conseguindo o score perfeito de 20 pontos - pela terceira vez na carreira -; e um outro 10 nos quartos de final. 

Apesar da boa réplica, pelo caminho ficaram hoje Keanu Asing, na ronda 5, e Bruno Santos, nos quartos de final. Nas meias finais o norte-americano mediu forças com o aussie Adrian Buchan e acabou por se dar bem, vencendo folgadamente por 18.40 vs. 16.10 pontos. 

Mas se Kelly brilhou, também o fizeram John John Florence, Gabriel Medina e ainda Julian Wilson que, embora tenha registado um 10, não conseguiu superar o prodígio havaiano nos quartos de final. O australiano perdeu por pouco, nos instantes finais, fruto também de um backup pouco convincente. 

A segunda meia final, antes que digam alguma coisa, foi um autêntico hino ao surf com dois dos melhores surfistas da atualidade. Gabriel Medina e John John, um goofy e o outro regular, cada um com o seu estilo muito próprio, mas ambos de grande nível e com muito para acrescentar ao surf. 

Onda após onda, cada um deles foi-se superando. Ora liderava Medina, ora liderava John John. No final, depois de Gabriel ter conseguido a primeira posição no heat, graças a um tubão super redondo, super pesado, que valeu a nota 10 do painel de juízes, foi o havaiano quem acabou por levar a melhor com a sua última onda, um drop de cabeça para baixo a meter diretamente para o tubo que valeu 9.73 pontos. 

O parcial pontual entre os dois é revelador do surf apresentado: 19.66 pontos para John John Florence e 19.23 pontos para Gabriel Medina. 

Com a segunda meia final ainda a decorrer, a WSL aproveitou para entregar o "A.I. Most Committed Performance Award” a Kelly Slater. O prémio é entregue desde 2011, em memória de Andy Irons, e visa realçar o surfista que mostrou mais paixão, comprometimento e coragem durante o evento. Kelly acabou por reconhecer que já desejava o prémio há cinco anos. E não há dúvidas que foi merecido.

Presságio ou não, a verdade é que a vitória no evento acabou por pender para Kelly Slater que começou a final de uma forma extraordinária, registando uma primeira onda de 9.77 pontos à qual juntou uma segunda de 8.57 pontos. A tarefa ficou mais difícil para John John que ainda assim esboçou uma reação à medida, respondendo com uma nota de 8.00 pontos e uma segunda de 7.23 pontos.

No entanto, Kelly esteve absolutamente “on fire” e, bem, diga-se, não deu simplesmente hipótese, com 9.90 e 9.77, relembrando mesmo a boa forma de outros tempos. Em 19º lugar do ranking mundial e sem ter vencido uma única etapa este ano, meus senhores e minhas senhoras, é com enorme prazer que vos informamos: 

O Rei está de volta! 

P.S.: Kelly subiu onze lugares na tabela e encontra-se agora em 8º lugar do ranking. Já o novo líder do World Tour é, tcham tcham, John John Florence.