Há cerca de 25 anos, surfistas começaram a descobrir e a viajar para Imsouane, em Marrocos, onde reside o beachbreak Cathedrals, ou o pointbreak The Bay, tido como uma das ondas mais longas da África. A falta de electricidade e água fazia com que, inicialmente, o número de surfistas dispostos a rumar para lá fosse reduzido, mas na última década, o número de visitantes - mais de 100 000 surfistas por ano - aumentou drásticamente e a vila sofreu enormes alterações, passando a girar à volta do surf. 

Mas antes de ser uma vila de surfistas, Imsouane era uma vila de pescadores, habitada por famílias berberes. Os locais adaptaram-se ao longo dos anos para acompanhar as mudanças que o surf lhes trouxe, mas acontecimentos recentes ameaçam apagar o passado de Imsouane, tornar inútil essa adaptação e pôr em causa a própria existência dos locais naquele espaço. Isto porque, durante a última semana, os moradores receberam a informação de que teriam que sair das suas casas em 24 horas, pois estas seriam demolidas. O plano é usar o espaço para construir um resort. 

"A demolição não só vai destruir as partes mais antigas e características de Imsouane, como também vai desalojar residentes que investiram as suas vidas e carreiras na vila e no seu futuro", explica o longboarder Sam Bleakley. O surfista marroquino Ramzi Boukhiam escreveu nas suas redes sociais que não é "contra projetos grandes", mas acredita que "é preciso preservar alguns lugares especiais, vilas autênticas e lindas que temos ao longo da costa". 

Está a decorrer uma petição e uma campanha de crowdfunding, cujos fundos serão utilizados para a contratação de advogados e para apoiar os locais no realojamento.