Uma entrevista com Sophie Goldschmidt, a CEO da World Surf League (WSL), publicada esta semana pelo site The Business of Surf, ajudou a esclarecer uma série de questões e temas que têm vindo a compor a atualidade do surf profissional. Entre elas, o novo calendário competitivo, a saída de Cloudbreak do circuito, a entrada do Surf Ranch e a possibilidade de as transmissões em direto passarem a ser pagas através de pay-per-view. 

Parece-nos claro e evidente que 2018 será um ano de transição para a verdadeira mudança que ocorrerá em 2019. Relativamente a isto, a surf media já falou do que está para vir, mas no que toca à WSL ainda nada é oficial. Para já, eis as respostas de Sophie que parecem atestar que o futuro do surf é brilhante. 

“Estamos numa fase excitante com o desporto; queremos capitalizar todas as novas e diferentes oportunidades. Muito trabalho e consultas extensivas estão na base do novo calendário - estou segura que podem sentir qua este tipo de mudanças não foram tomadas de ânimo leve, mas penso que elas proporcionam novas e melhores oportunidades para o futuro. A estratégia tem sido uma das chaves principais, como olhamos para o crescimento do surf no futuro e como o construímos de forma sustentável e economicamente viável de forma a que consigamos alcançar esse objetivo”, começou por dizer a responsável máxima da organização dos surfistas profissionais. 

Sobre o facto de não ter qualquer experiência anterior no mercado do Surf, Sophie saiu-se bem e acabou por dizer que “penso que todos os desportos podem aprender um com os outros, mas também penso que o surf tem uma oportunidade única, e foi isso que me fez aceitar o cargo - penso que o surf é capaz de coisas que os outros desportos não são. O apelo que tem de tão diferentes formas, ao fãs espalhados pelo globo, é tudo muito único - e penso que nos sentimos muito otimistas, muito motivados com o futuro do desporto e penso que esta organização e o surf em geral sempre tiveram uma atitude muito inovadora e progressiva no que diz respeito a levá-lo a outros níveis. Portanto, estou muito empolgada por fazer parte”. 

- Brasileiro Gabriel Medina venceu a prova de teste no Surf Ranch. Foto: WSL

De seguida, uma das questões que poderia originar alguma fricção - Como vai tornar a WSL rentável? -, mas que foi respondida de forma curta e direta: “Estamos numa posição muito afortunada. Continuamos a expandir as nossas receitas, o que faz com que a demanda da WSL continue a crescer. No entanto, continuamos a ser muito estratégicos na forma de crescimento e investimos seriamente em áreas importantes que acreditamos que, a longo termo, tornarão o desporto sustentável e ajudarão o mesmo a desenvolver-se da forma mais estratégica possível. Portanto, sentimo-nos bem na posição em que estamos e queremos mesmo ter essa visão de longo-prazo". 

A consolidação do Big Wave Tour, o Surf Ranch e as Olimpíadas em 2020 foram outros tópicos que a determinada cruzaram a conversa. Também sobre eles, Sophie Goldschmidt teceu algumas palavras: “Penso que ainda temos um longo caminho a percorrer entre esses pilares. O Big Wave Tour, por exemplo, só estamos envolvidos há poucos anos. Recentemente incluímos o evento em Mavericks, o que nos deixa entusiasmados e levará o circuito a um outro nível. No Surf Ranch ainda só tivemos um evento de teste. O CT do próximo ano será uma lição e experiência enorme. Embora tenhamos um plano de negócio e estratégia para a piscina de Kelly Slater, integrado com a WSL, a verdade é que continuamos a fazer testes e a melhorar a tecnologia. Já as Olimpíadas de 2020 são outra oportunidade enorme, pois irá permitir que o surf se torne relevante em mercados em que não estava até essa data”.

Precisamente sobre o CT no Surf Ranch, que por ser realizado numa piscina de ondas obriga a algumas mudanças, a equipa do The Business of Surf quis saber como será o formato competitivo e o critério de julgamento nessa tão particular etapa. “Estamos a determinar as diferentes opções de formato neste momento e temos vindo a trocar informações com o gabinete do comissário, os representantes dos surfistas e outros que têm algo a dizer neste campo - mas estamos confiantes que será um formato incrível. Será diferente ao formato que temos no oceano, o que é uma ótima oportunidade para testarmos algo diferente, mas é claro que tem que ser justo e funcional quer para os atletas quer para os juízes - e excitante para os fãs e live webcast! E estamos ainda a tentar que seja aberto ao público.”

- Segundo a CEO da WSL, Kelly Slater ainda tem uns anos de competição pela frente. Foto: WSL 

Relacionado com o Surf Ranch, a CEO da WSL foi questionada sobre um possível afastamento da competição por parte de Kelly Slater, em virtude dos parcos resultados das últimas temporadas e da recente lesão no tornozelo. “Tenho tido a oportunidade de passar algum tempo com o Kelly desde que tomei as rédeas da WSL e, além das opiniões e pontos de vista que me tem passado, sinto que ele está seguramente comprometido com a sua carreira de surfista profissional. A sua dedicação, apesar da lesão, é incomparável. Já trabalhei com grandes atletas ao longo da minha carreira e ele é tão ou mais profissional que eles. Acredito que ainda tem alguns eventos para correr, alguns anos a competir". 

Para terminar, Sophie sossegou os fãs dizendo que no próximo ano “todos os nossos eventos transmitidos online serão gratuitos nas plataformas da WSL”, e explicou ainda que a exclusão da prova de Fiji do World Tour se deve única e exclusivamente a “falta de investimento do governo das Fiji que sempre nos levou a acreditar que a prova seria para manter. Portanto, estamos para lá de satisfeitos com o facto de termos a oportunidade de Keramas que é um sítio verdadeiramente fantástico”.