Click Ed Roberts/ARC Click Ed Roberts/ARC terça-feira, 11 abril 2017 08:19

GRANDE BARREIRA DE CORAL EM 'ESTADO TERMINAL'

Dois terços da barreira situada na Austrália estão a morrer.

 

A situação está no limite do irreversível. Um novo levantamento aéreo sobre a saúde da Grande Barreira de Coral da Austrália revelou que esta se encontra em 'estado terminal' devido ao fenómeno continuado de branqueamento dos corais. O branqueamento acontece quando a temperatura da superfície dos oceanos aumenta e as algas que habitam os corais são expulsas por produzirem substâncias tóxicas, deixando-os despidos e em situação crítica. Os novos dados revelam que, no espaço de um ano, dois terços da Grande Barreira foram afectados pelo fenómeno. Em 2016, o problema afectou a região norte da barreira, mas ao longo do último ano o problema alastrou à região central da barreira.

 

O ARC - Centro de Excelência para o Estudo dos Recifes Corais completou na semana passada uma investigação aérea à maior estrutura viva do planeta e registou o fenómeno em 800 corais individuais ao longo de 8000km. Os resultados mostram que os eventos de branqueamento em massa no último ano afectaram a barreira entre a parte norte e central numa extensão de 1500km. "O ano passado foi mau o suficiente, este ano é um desastre", disse Jon Brodie, especialista do ARC, ao diário britânico The Guardian. 

 

O fenómeno de branqueamento na Granda Barreira foi registado em quatro ocasiões, embora esta seja a primeira vez que o evento sucede em anos consecutivos. O primeiro registo data de 1988 e verificou-se na região central e sul da barreira. Em 2002, o fenómeno atingiu a parte central da barreira não afectada pelo primeiro episódio. Em 2016, o branqueamento deu-se sobretudo na região norte e agora os novos dados mostram que é a região central que está a ser afectada. Ainda assim, a ARC sublinha que há zonas na parte norte da barreira que não tiveram tempo de recuperar e que estão novamente a ser afectadas pelo branqueamento.

 

O branqueamento de corais é consequência da subida da temperatura na superfície dos oceanos. As algas, que vivem em estreita ligação com os corais, passam a produzir toxinas e interrompem a fotossíntese. Os corais acabam por expulsar as algas que lhes dão cor, deixando-os despidos, brancos e a morrer. A situação é apenas reversível se a temperatura do mar baixar, permitindo a recuperação de algumas regiões menos afectadas da barreira.

 

O recente levantamento aumenta a preocupação entre a comunidade científica por se tratar de um fenómeno continuado num ano em que a Austrália ainda não se mostrou afectada pelo El Niño, evento natural que arrasta consigo correntes de água quente para a região australiana. O ARC aponta o branqueamento deste ano como resultado de outros distúrbios no recife, incluíndo o detrioramento da qualidade da água e os efeitos nocivos das coroas de espinhos nos recifes.

 

O professor Terry Hughes, que liderou a avaliação, explicou que esta elevada frequência dos eventos de branqueamento é preocupante porque sobrepõe o tempo necessário para os corais recuperarem, e que em alguns casos podem chegar aos 10 anos. "O branqueamento deste ano é de ponta-a-ponta, ou seja, não houve tempo para que se desse uma recuperação", revelou ao The Guardian. "É muito cedo para estimar as consequências branqueamento ao longo deste ano, mas o fenómenro deverá espalhar-se às regiões mais a sul da barreira numa extensão de 500km."

 

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