Mr. Kapono na Universidade da Califórnia, em San Diego. Mr. Kapono na Universidade da Califórnia, em San Diego. Foto: Ariana Drehsler/The New York Times quarta-feira, 05 abril 2017 11:28

Terão os surfistas genes mais fortes devido à presença regular no Oceano?

Estudo norte-americano utiliza surfistas como amostra para responder a esta questão… 

 

“Segundo uma estimativa, os surfistas engolem entre 170 a 220 mililitros de água do mar por sessão."

 

Numa viagem recente, Cliff Kapono cruzou alguns dos mais populares picos de surf na Irlanda, Inglaterra e Marrocos. Kapono é um dos nativos havaianos e por isso não é de estranhar que a paixão do surf e a procura pela onda perfeita corra pelas suas veias. No entanto, desta vez, ele procurava algo diferente: exames microbiológicos dos seus colegas surfistas. 

 

A história de Kapono, um bioquímico de 29 anos que se encontra a fazer o seu doutoramento na Universidade da Califórnia, foi partilhada pelo The New York Times, que nos revela mais sobre o seu projeto intitulado "Bioma do Surfista", cujo objetivo passa por determinar se a exposição regular ao oceano altera as propriedades microbiológicas do corpo e, por outro lado, se essas alterações podem ter consequências para os surfistas - e até para todos os humanos.

 

Durante o seu trabalho de pesquisa, Cliff Kapono recolheu mais de quinhentas amostras da cabeça, boca, umbigo e outras partes dos corpos de surfistas, mas também das suas pranchas de surf. Voluntários também doaram amostras fecais. 

 

Depois, o bioquímico usa a espectrometria de massa para criar mapas de alta resolução dos metabólitos químicos encontrados em cada amostra. O que procura é um sinal de organismos resistentes aos antibióticos, pois parte do seu objetivo é determinar se o oceano ajuda a propagar genes mais fortes.

 

O oceano, lar de uma incrível diversidade de química dissolvida, também atua como um reservatório para esses genes. Por isso, a equipa de pesquisa tenta agora descobrir se os genes mais fortes se transmitem dos mares para a população humana. É que, segundo uma estimativa, os surfistas engolem entre 170 a 220 mililitros de água do mar por cada sessão de surf, tornando-os o espécime perfeito para estudo. 

 

As bactérias apanham-se e transmitem-se facilmente entre as espécies, mas os investigadores suspeitam que o risco de adquirir genes mais fortes são maiores em locais que facilitem a transferência direta com os micróbios que habitam o corpo - águas costeiras poluídas por esgotos, por exemplo, são provavelmente o caso mais preocupante. 

 

De momento, ninguém sabe se é possível apanhar esses genes microbianos após um longo dia de exposição na praia. No entanto, no laboratório, Kapono encontrou evidências que comprovam a transferência destes genes mais fortes de bactérias no oceano em cepas associadas com o intestino humano quando estes são colocados em proximidade.

 

O metabolismo, a dieta alimentar e o estilo de vida de cada surfista, bem como a região onde se encontram, também tem uma forte influência. Os dados, recolhidos à escala mundial, continuam a ser analisados na Califórnia, mas, embora se suspeite, a verdade é que ainda ninguém encontrou uma prova concreta de que os surfistas detêm genes mais fortes graças aos oceanos. 

 

O artigo original encontra-se aqui

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